Capítulo 5 Cirurgia

Doutor Carr voltou no quarto e explicou que a equipe do dia faria a cirurgia de minha mãe às 9 horas da manhã do dia seguinte. Disse que a cirurgia teria previsão de duração entre 6 e 8 horas.

Decidi dormir no quarto com a minha mãe, além de ficar com ela mais tempo, queria passar confiança para cirurgia que ela passaria nessa manhã. Ela ficou a noite toda me olhando com ternura, aquele olhar bem típico de mãe, enquanto conversávamos sobre minha vida do outro lado do país. Como foi tudo muito intenso e minha mãe dormiu depois das 21h, o que seria uma meia-noite na Virgínia, decidi apenas mandar uma mensagem pra Ash.

Elizabeth: Oi amiga, foi uma correria aqui, só parei agora, por isso não te liguei, está tarde aí e amanhã você trabalha. Minha mãe terá que passar por uma cirurgia amanhã no coração, pela idade dela, existe risco. Amanhã de manhã eu te ligo e explico melhor.

---

Acordei umas 6h da manhã, o que seria 9h no horário da Virgínia, o qual era acostumada a viver. Decidi passar esse tempo acordada olhando no rostinho dela e acaraciando seu cabelo curto e enrolado. O único pensamento que tinha cabeça nessa hora era pensar positivo para a cirurgia dela dar tudo certo.

Depois de uma hora e meia, meu pai surge no quarto.

- Bom dia Elizabeth, vá tomar café, eu fico aqui com ela. - O tom que ele usa para falar, era quase como uma ordem. Se já não tivesse acostumada com o meu pai, juraria que ele estava tentando mandar fazer algo.

- Bom dia, pai. Dormiu bem lá embaixo? - Pergunto demostrando minha consideração a ele.

- Sim, dormi. - Respondeu sem perguntar mais nada.

- Ótimo, vou lá então. - Dei um beijo na testa da minha mãe e na bochecha do meu pai, depois sai do quarto e me dirigi ao elevador.

---

Após tomar o café da manhã na cafeteria do hospital, decido ligar para Ash conforme eu prometi na mensagem ontem.

- Alô, Liz. - Ela diz do outro lado da linha.

- Oi Ash, que bom ouvir sua voz. Tudo bem, aí? - Digo esboçando uma pequena alegria em minha voz.

- Oi amiga, achei que não ia ligar mais. Tudo e com você? Sua mãe já está na cirurgia?

- Ainda não, no horário daí começa por volta do meio-dia - Digo convertendo o horário da cirurgia da minha mãe para o fuso de Ash.

- Entendi, pode deixar que eu falo com William, tenho certeza de que ele vai entender. Vai me passando tudo, okay? Fique tranquila, vai dar tudo certo. - Ela me diz tranquilizando e sendo solidária.

- Muito obrigada por estar do meu lado Ash. Agora preciso ir porque só falta uma hora para a cirurgia dela iniciar. - Digo olhando no relógio de parede da cafeteria onde estou.

- São o que os amigos fazem, Liz. Pode ir lá amiga, tranquilize sua mãe. Beijo, estou na torcida aqui. Tchau.

- Beijo amiga, obrigada mais uma vez. Tchau. - Encerro a chamada e me levanto para ir de volta ao quarto de minha mãe.

---

Entrei no quarto e vi uma equipe médica preparando minha mãe para a cirurgia, acenei de longe para que ela me visse ali.

- Bom dia minha filha, dormiu bem? - Perguntou com a voz fraca.

- Bom dia mamãe, dormi sim e a senhora? - Respondo e pergunto a ela.

- Passei a noite bem, não posso negar. - Diz com um sorriso no rosto.

A equipe médica termina seu trabalho e dizem que em 15 minutos irão buscá-la. Esse é o tempo que temos para nos despedir dela.

- Mamãe, eu te amo. - Digo primeiro que ela, já próxima da maca, mexendo em seu cabelo.

- Eu também te amo minha filha, você é meu sonho realizado. - Ela diz com os olhos marejados.

- Vai dar tudo certo. - Diz meu pai.

Os 15 minutos logo se passam e a equipe chega dizendo que ela precisa ir. Dou um beijo na testa dela e digo mais uma vez que a amo. Meu pai dá um tchau de longe e a equipe a leva do quarto. Agora só tinha uma coisa que podíamos fazer, esperar.

---

Duas horas apenas tinham se passado quando um médico residente veio ao quarto.

- Com licença, Sr. e Senhorita Lublin - Disse ele com uma fina, mas nervosa. Notei que seu semblante não era bom.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei ansiosa.

- Sim, infelizmente o quadro da sua mãe piorou na mesa de cirurgia, ela perdeu sangue e não resistiu. - Sentenciou.

- Nããããããão!!! - Gritei o mais alto que podia.