Capítulo 8 Você é nojenta!

Aquela voz era inconfundivelmente familiar.

Se virando imediatamente, Selena foi saudada por um rosto conhecido. "Harold", ela exclamou com um sorriso.

Harold Matthews, irmão gêmeo da amiga mais próxima de Selena, Lilly Matthews, sempre tinha sido uma presença cativante na sua vida. Com um comportamento e uma fala repletos de gentileza, além de um sorriso sempre presente, ele era como o irmão que ela nunca teve.

"Por que está aqui sozinha?", Harold perguntou com um sorriso, se sentando ao lado dela e sinalizando ao barman por uma bebida.

"Com Lilly ainda no exterior, realmente não ando tendo muita companhia", Selena respondeu, um sorriso brincalhão se formando nos seus lábios. "E você? O que te traz aqui?"

Na penumbra do bar, Harold notou no comportamento de Selena um raro calor, que a fez parecer ainda mais cativante aos seus olhos. Estendendo a mão, ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. "Tive uma reunião aqui com um cliente", ele disse.

Com a atenção voltada para a sua bebida, Selena perguntou pensativa: "Você acha que existe um limite para o quanto alguém pode suportar algo?"

Harold percebeu que ela estava de mau humor, mas foi sábio o bastante para não perguntar o motivo.

Sentindo o peso da pergunta feita por ela, ele respondeu gentilmente: "Todo mundo tem os seus limites. Mas é crucial não desistir quando tudo parece sombrio."

"É mesmo?", Selena o encarou com os olhos marejados.

Em um outro lugar, Giselle removeu meticulosamente todo o pimentão e o coentro da comida antes de colocar o prato diante de Kenneth. "Cuidar das suas preferências alimentares pode ser uma tarefa para toda a vida para mim", ela comentou com um sorriso terno.

Kenneth respondeu distraidamente, sua atenção se desviando brevemente para o seu celular quando uma nova mensagem surgiu na tela, lançando uma sombra sobre a sua expressão.

Quando Selena por fim voltou para casa mais tarde, por volta das dez da noite, ela descobriu que as luzes da mansão ainda estavam acesas.

Ela digitou a senha para destrancar o portão e, ao entrar, notou que Kenneth estava parado próximo das janelas francesas.

Sua presença era inesperada, especialmente àquela hora.

Ele estava ali parado, imóvel, sua postura lembrando a de uma estátua, silenciosa e imponente.

Selena se perguntou se ele estaria ali por tempo o bastante para ter visto quando Harold a deixou na porta de casa.

Considerando que havia resolvido os problemas urgentes da empresa naquele dia, ela não esperava nenhuma reclamação dele, e tampouco estava particularmente inclinada a se envolver em longas discussões.

Trocando os sapatos de salto alto por confortáveis chinelos de algodão, Selena comentou com indiferença: "Chegou em casa mais cedo, senhor Powell. Estava esperando por mim?"

Ela exalava um forte odor de álcool. A expressão de Kenneth parecia sombria e o seu olhar era arrepiante.

"Você é sempre tão autoconfiante, não é mesmo? Parece que agora atingiu novos patamares", ele comentou com uma frieza cortante.

Optando por não cair no jogo dele, Selena simplesmente lhe ofereceu um sorriso sem afetação. Então se virou para subir os degraus, mas antes que pudesse se afastar, Kenneth agarrou o seu pulso com força.

Ele apertou com tanta força que Selena sentiu como se o seu pulso fosse quebrar. Furiosa, ela o desafiou dizendo: "O que está fazendo?"

"Você está tão desesperada assim por atenção masculina? Será que não pode passar um dia sem procurar por outro homem?", sua voz gotejava desdém e o desprezo estava refletido nos seus olhos.

Ele então despejou uma torrente de insultos sobre ela, cada palavra aparentemente elaborada para feri-la profundamente. Quanto mais ele ainda pretendia pisar nela?

Selena, no entanto, em vez de embarcar nas suas provocações apenas o encarou com calma. "Bem, você sabe que normalmente há dois motivos pelos quais uma mulher casada pode procurar a atenção masculina em outro lugar. Ou o marido não é capaz de satisfazer as necessidades dela ou está ocupado demais com outra pessoa para se preocupar com a esposa. Qual dos dois, eu me pergunto, caberia aqui?"

A reação de Kenneth foi instantânea, um claro sinal de que as palavras dela o pegaram desprevenido. Depois de uma breve pausa para processar as implicações do que ela disse, o seu comportamento passou de choque para raiva.

Sem dizer uma palavra, ele a levou até o sofá, segurando firmemente os ombros dela com as duas mãos. Seus olhos escuros pareciam perfurar os dela enquanto ele sussurrava asperamente: "Você é nojenta!"