Capítulo 4 O DESCARAMENTO

Olhando seriamente para o colar nas mãos da senhora Filin, sem pestanejar a senhorita Buarque, olhou confiante para a senhora a sua frente e respondeu:

- Sim, é ele mesmo! Eu não disse que ela tinha roubado do meu aposento.

- Calma senhorita Buarque, nós não temos prova se realmente foi ela que furtou essa joia, nós vamos ter que chamar a polícia para fazer uma investigação mais aprofundada, e todos vamos ter que colaborar, inclusive a senhorita e às zeladoras que estavam de serviço esses dois dias, tanto da noite como do dia, naquele momento a zeladora que falou e afirmou que viu Eleonora passar para os aposentos da senhorita Buarque, logo se demonstrou inquieta e a senhora Filin percebeu que ela estava mentindo, a senhora Filin colocou o colar na gaveta da sua escrivaninha trancando com uma grande chave e ordenou que todos saíssem menos as três envolvidas naquele assunto, que eram, a senhorita Eleonora, a zeladora mais nova e a senhorita Buarque:

- Eu quero falar com cada um de vocês. - disse a senhora Filin olhando com firmeza para cada uma delas.

Depois que todos saíram restando somente quem tinha sido solicitadas pela senhora, que logo em seguida olhou para cada uma das jovens com seu olhar de águia estudando suas feições, já bastante experiente em armações, falou:

- Senhorita Buarque, a senhorita tem certeza que quer mesmo continua afirmando que a senhorita Torne pegou seu colar? Porque a polícia vai descobrir a verdade seja ela qual for, logo, logo, pôs se eu já descobri, eles com certeza vão descobrir e devido termos os envolvidos o assunto será muito mais sério, pois com certeza tomará uma proporção bem maior.

- Como assim do que a senhora está falando? - perguntou já nervosa a ponto de suas pernas começarem a tremerem.

- Senhorita Buarque, eu estou falando que a senhorita está mentindo e ainda por cima envolveu uma das nossas funcionárias que com certeza vai perder sua remuneração por está de conluio com a senhorita. - disse a senhora Filin olhando com firmeza para a senhorita já com o rosto vermelho feito brasa.

Depois a senhora olhou com olhar de repreensão na direção da zeladora que estremeceu e engoliu seco. A senhora Filin então, proferiu:

- Então, qual de vocês duas vão dizer a verdade? - perguntou com tanta autoridade sem dar sequer a oportunidade delas tentarem negar alguma coisa.

Ao se ver derrotada e não querendo dar o braço a torcer, a senhorita Buarque, começou a chorar falando alto que ia chamar seus pais, e que eles ia fechar aquela escola assim que eles soubessem de tudo que tinha acontecido.

Quando Eleonora viu nos olhos da Senhora Filin que ela havia ficado apreensiva pois o pai daquela moças perversa, era muito influente na cidade e jamais iria deixar passar tal assunto sem punir os culpados, pensando no transtorno que tudo aquilo se tornaria, Eleonora então deu um passo à frente disposta a assumir a culpada mesmo não tendo feito nada do que estava sendo acusada, no entanto, a senhora Filin, logo percebendo as intenções de Eleonora levantou a mão, para que ela parasse onde estava sem se comprometer, e olhando para a senhorita Buarque a senhora falou com rigor em sua voz.

- Então, a senhorita concorda em fazer uma queixa por escrito acusando a senhorita Torne, pois só assim para a polícia se envolvida e seu pai ter como fechar a minha escola, então eu lhe digo, vá em frente, faça o que tiver que fazer, mas lembro-a que a senhorita, assim como a senhorita Torne e a zeladora estará envolvida em um escândalo no qual implicará seu futuro em todos os sentidos, como até entrar em outra escola e até mesmo conseguir um bom marido da alta sociedade como seus pais mais desejam. - dito isso a senhora Filin se sentou e esperou a senhorita Buarque tomar a sua decisão, a zeladora muito nervosa não ficou mais calado, então, falou:

- Não, eu não posso participar mais disso, a senhorita Torne, não pegou nada, a senhorita Buarque me deu uma recompensa para colocar o colar no quarto da senhorita Torne dizendo que era para eu ficar calada custasse o que custasse, mas eu não posso mais fazer isso.

Depois daquela revelação a senhora Filin se levantou e proferiu em alto som para a zeladora.

- Você está despedida! Pode sair agora, eu nunca mais quero lhe ver na minha frente e não vou lhe dá nenhuma recomendação e também vai sair sem nenhuma remuneração, agora saia daqui. - gritou a senhora em fúria.

Depois que só ficou as três, a senhorita Buarque não levantou mais a cabeça, olhando-a a senhora Filin, disse:

- Então, Senhorita Buarque, vamos ter que chamar seus pais aqui para os deixar ciente do que aconteceu, porque a senhorita não pode mais frequentar essa escola.

- O que?! Não, senhora, por favor não faça isso, meu pai não vai aceitar que eu seja banida de mais uma escola, eu prometo não causar mais nenhum problema, eu terminarei meu curso sem causar mais dano, por favor senhora.

- Bom, eu não posso fazer nada, aqui não tem mais lugar para a senhorita. O que a senhorita fez foi muito grave, acusou uma pessoa falsamente e se a polícia fosse chamada, a senhorita Torne iria para prisão por algo que ela não tinha feito.

- Eu peço desculpas e tudo poderá voltar como antes. - disse olhando em súplica para Eleonora.

- Ah, então a senhorita acha que só um pedido de desculpas bastará? E à reputação da senhorita Torne que foi acusada perante a escola toda, ficará como?

Naquele momento Eleonora, pediu permissão para a senhora Filin para se pronunciar, em seguida com a permissão da senhora, ela falou:

- Posso falar em particular com a senhora?

- Sim! Claro.

- Senhorita Buarque, pode esperar lá fora por um momento.

Sem dizer nenhuma palavra, a jovem levantou-se e caminhou as pesadas, e saiu da sala.

Depois que ela saiu fechando a porta. Eleonora falou:

- Senhora, eu aceitarei o pedido de desculpa dela e sairei da escola para a senhorita Buarque não tenha que interromper suas aulas e possa continuar com seu curso, mesmo porque, se eu ficar aqui não vai ser mais a mesma coisa, as outras alunas não vão mais me respeitar como antes, então eu prefiro ir embora e procurar outro trabalho.

- Mais senhorita Torne, ela que errou! - disse a senhora já com o coração doendo de tristeza.

- Sim, mais ter que ficar aqui e se redimir, isso já vai ser vergonhoso para ela e para as outras que no futuro pensarem em fazer tal coisa só para se dar bem, a senhora não acha? Eu já sou adulta e elas só estão começando.

- Ah, senhorita Torne, em um momento como este, a senhorita ainda pensa nas outras pessoas, se todas tivessem um coração tão bom quanto o seu, muito mal poderia ser evitado. Eu vou aceitar o que a senhorita está propondo, mas só por sua causa, pois sei e entendo seu ponto de vista, no entanto, eu vou exigir que ela lhe peça desculpas na frente de todos. Vamos falar que ela se enganou que o colar estava em outro lugar, a senhorita concorda?

- Sim, senhora, como a senhora achar melhor.

Depois que a senhora resolveu a questão com Eleonora, a senhora foi até a porta e chamou a senhorita Buarque, quando a jovem adentrou, a senhora, então, falou:

- Senhorita Buarque a senhorita Torne concorda de ir embora da escola, mas eu quero que antes dela sair, a senhorita peça desculpas a ela na frente de todos, você vai dizer que tudo não passou de um mal entendido que você achou o colar em uma gaveta. Essa é a minha condição para não envolver seus pais neste assunto, e espero que a senhorita não arranje outro problemas como este no futuro, pois eu não tolerarei mais nenhuma gracinha da sua parte, está me entendendo, senhorita Buarque?

- Sim, senhora.

- Ótimo, então agora vamos pedir para reunirem todos no auditório para a senhorita fazer o seu comunicado.