Castellari virou-se e viu um jovem encostado na parede da casa.
Ele tinha cabelos loiros curtos, olhos azuis e um sorriso no rosto. Ele estava vestindo um marrom grosso envolto de costuras visíveis, calças pretas que eram tão grossas e um pouco curtas demais e tênis que pareciam muito pesados.
Castellari ficou surpreso, mas conseguiu se refrescar.
- Olá, você é um fantasma? – ele disse, fingindo confiança.
- Então é verdade, você pode nos ver e ouvir, incrível! Estou muito feliz por poder conversar com um vivo ser humano!
- Ok ... Qual é o seu nome?
- Asllan Baski, mas me chame de Baski. Eu já sei o seu nome, você é Castellari, o novo guardião do cemitério. Você deve estar todo machucado, sua cabeça está melhor?
- Minha cabeça? Ah, sim, você estava por perto quando aconteceu?
- Eu estava sim, você adormeceu, o que não é uma coisa muito séria a se fazer no seu primeiro dia de trabalho. E então, alguns minutos depois, houve o ataque de domingo. O impacto foi grande o suficiente para enviar parte do muro voando. Você estava no lugar errado na hora errada.
- O ataque de domingo? O que é isso?
- Bom, como o nome já diz, é um ataque. Isso já dura... Nem sei quanto tempo... Mas conta-se que há bastante tempo. Dois exércitos estão brigando por este lugar por algum motivo. Então, todo domingo às 18h, em um ataque e os dois exércitos se chocam. Muito divertido de assistir.
- Exércitos de fantasmas...? Não parece divertido para mim ... vou evitar contornar esse muro por enquanto.
- Obrigado pela informação.
- Por nada. Eu sei quase tudo o que há para saber sobre este lugar, eu posso ser seu guia!
- Obrigado, mas vou colocar esta bolsa no lixo e deixar o cemitério. Não estou planejando ficar aqui, este trabalho não é para mim.
- Isso é uma piada? Você foi feito para esse trabalho. Você pode nos ver. É a primeira vez que alguém vivo poder me ver, além de gatos e alguns cães!
- Gatos podem ver fantasmas? Eu sabia! Mas eu não vim aqui para ter um momento difícil. Estou com medo, estou cansado, tenho certeza de que ficarei louco se ficar....
Baski parou, parecia atencioso e disse: - Você acredita no universo? No destino? No Acaso? Acredita em ter uma missão na vida?
- Na verdade não.
- Bem, sim, e acho que há uma razão pela qual você recebeu esse presente. Não jogue fora por causa do medo. Seu lugar é aqui, eu posso sentir, eu sei!
Castellari não tinha dinheiro e nenhum lugar para ir. A presença de Baski o acalmou muito. Era bom ser o centro da atenção de alguém, mesmo que essa pessoa fosse um fantasma.
- eu não sei ...
- Ouça, leve 3 dias para pensar, eu vou lhe mostrar tudo o que há para ver, vou apresentá-lo aos fantasmas que conheço, serei seu guardião. E se depois desses três dias você ainda quiser sair, eu deixarei você sair e até ajudarei você a fazer as malas!
Castellari respirou fundo e confirmou com um leve sorriso.
- Ok, vamos tentar isso...
- Eureka. Você verá que isso vai ser ótimo! Deixe-me guiá-lo para a lixeira!
Depois de jogar o lixo na lixeira pública, do lado de fora do cemitério, os dois, agora amigos, retornaram à frente do casarão.
Do nada, Baski fez um pedido muito estranho.
- Me dê um soco.
- O que? Do que você está falando? Você está tentando me mostrar que pode passar por coisas para que eu não possa tocar em você? Eu já sei o que fantasmas podem fazer, não há necessidade disso.
- Eu não me importo, acho que é um poder legal. Não há melhor maneira de aprender do que através da experiência e tenho certeza de que você não tentou tocar naquele velho rabugento, o Loren.
- É verdade, mas por que dar um soco? Eu posso apenas cutucá-lo com o dedo que será suficiente.
- Não, quero que você grave essa experiência em sua mente. Seu primeiro contato com um fantasma será um soco. Quão legal é isso?
- Você é a pessoa mais estranha que eu já conheci – disse Castellari meio divertido, meio confuso.
- Ok. Agora, me dê um soco e não se contenha, vamos avançar um pouco para que você não dê um soco na parede atrás.
Castellari preparou o punho, ele decidiu bater não tão forte o suficiente para não machucar Baski, mas sem muito impulso para não cair quando seu soco passar por ele.
- Aqui vou eu!
Asllan Baski se viu no chão, um pouco atordoado.
O golpe atingiu, e nem Baski nem Castellari entenderam o que acabara de acontecer.