O Zelador de Cemitério — Pacto dos Perdidos
img img O Zelador de Cemitério - Pacto dos Perdidos img Capítulo 4 O Amigo e um Túmulo
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Capítulo 6 Os Dois Guardas img
Capítulo 7 O Comandante img
Capítulo 8 A Cidade – Parte I img
Capítulo 9 A Cidade – Parte II img
Capítulo 10 O Corredor Nu img
Capítulo 11 Não é Tão Ruim Aqui img
Capítulo 12 Um Passeio e Presentes - Parte I img
Capítulo 13 Um Passeio e Presentes - Parte II img
Capítulo 14 O Misterioso Rapaz img
Capítulo 15 O Plano - Parte I img
Capítulo 16 O Plano - Parte II img
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Capítulo 4 O Amigo e um Túmulo

Asllan Baski foi o primeiro a quebrar o silêncio.

- Por que você me bateu?!

- Você foi quem me pediu para dar um soco na sua cara!

- Sim, mas não era pra você me acertar!

Castellari não tinha nada para se culpar, mas ainda se sentia mal por bater em Baski.

- Ah ... me desculpe, você está bem?

- Nossa, como dói... mas sim, estou bem. »

Castellari, muito confuso, começa a dar tapinha na cabeça de Asllan.

- Eu posso tocar em você, que estranho ... Você é realmente um fantasma?

- Pare de tocar minha cabeça! Claro que sou um verdadeiro fantasma. Você é o estranho aqui – disse Baski um pouco irritado.

- Então você pode me tocar também, certo?

Baski se levanta e cutuca Castellari com o dedo.

- É uma sensação muito estranha, não é totalmente como tocar em outro fantasma.

- O que, fantasmas podem se tocar?

- Claro. Não podemos passar por certas coisas. Por exemplo, o chão do cemitério é bastante difícil sob nossos pés.

Ainda confuso, e um pouco surpreso pelos acontecimentos, Castellari pega um pouco de sujeira e lança sobre Asllan.

- Você está certo, não passa por você!

Castellari disse isso com um sorriso no rosto e cheio de admiração na voz.

- É bom ver você se divertindo!

Quando Asllan apontou isso para ele, Castellari voltou ao seu visual passivo habitual.

- Hum ... Então você pode me contar mais sobre o cemitério? Como e por que o chão aqui é difícil para você e ... Espere ... Quando vocês são enterrados, se o chão estiver duro, os fantasmas podem ficar presos?! Seria como o pior pesadelo de um claustrofóbico!

Asllan Baski olhou para Castellari imaginando onde ele conseguiu tirar essa ideia.

- Você pode conversar com fantasmas e essa é a primeira pergunta que você faz?

- Ué, não posso?

- Enfim ... O chão é difícil, podemos passar, leva apenas tempo e esforço. De certa forma, o momento em que você deixa seu caixão acima do solo é como um segundo nascimento.

- Isso é poético ... E mórbido.

- Alguma outra grande pergunta como esta?

- Quem são essas pessoas? – Castellari apontou para os fantasmas na frente da casa que viu.

- Eles? Eles são do distrito da Cidade das Luzes, é onde os pobres estão enterrados.

- Cidade das Luzes? Então os ricos e os pobres não são enterrados juntos?

- Quão ingênuo, você pensou que éramos todos iguais na morte ou algo assim?

- Sim? Pelo visto, me enganei.

- Ah, não pode ser! Espere, você está falando sério?

- Sim.

- Ok, deixe-me explicar então.

- Sou todos ouvidos, professor - disse Castellari em tom irônico.

- Este local é composto por 6 distritos principais, 3 que podem ser descritos como classe baixa: Cidade das Luzes, Travessa da Saudade e Flores de Outono. Aqueles que estão perto da entrada e ao redor do centro do cemitério. 2 distritos ricos: Taça das Roseiras e Plenitude do Amanhã. Aqueles que estão na parte oriental. Finalmente, um grande distrito reservado aos criminosos: Pacto dos Perdidos. Tomando uma grande parte da parte ocidental. Não chegue perto desse último. »

- Existe um lugar com apenas fantasmas criminosos?

- Infelizmente sim, a aura deste lugar é tão sinistra que as plantas não crescem lá, mesmo os vivos a evitam por instinto.

- Agora que você mencionou, há uma parte inteira do cemitério que o recrutador não me mostrou.

- O recrutamento? Você quer dizer o cara que parece meio morto? Duvido que ele tenha algum instinto, foi mais por preguiça do que por medo – disse Baski enquanto ria.

- De que distrito você é?

- Eu sou de Cidade das Luzes. Eu posso te mostrar meu túmulo, se você quiser!

- Hum... Você ficaria bem com isso? Quero dizer, não é algo muito pessoal?

- É sim, mas eu adoraria ter visitantes, faz tanto tempo que ninguém aparece!

Baski o guiou a uma pequena pilha de terra encimada por uma pedra gravada, onde se podia ler: "Aqui está Asllan Baski, um bom filho e um irmão amoroso, tomado cedo demais pela doença. Que você descanse em paz".

Castellari sentiu uma grande tristeza. Depois de passar o dia com ele, ele quase esqueceu que Asllan era um fantasma. Um jovem que morreu tragicamente e que agora vagueia sozinho.

Eles ficaram em frente ao túmulo por alguns minutos, em silêncio.

- Obrigado por vir. Você sabe, eu não tenho mais apego a esse túmulo ou mesmo ao meu corpo, mas por algum motivo isso me deixa muito feliz quando alguém vem me visitar aqui.

- Como uma pessoa tão animada e gentil como Baski pode ter um túmulo tão negligenciado e triste? – pensou Lug.

Ele decidiu mudar isso. Ele começou a puxar as ervas daninhas que haviam crescido ao redor.

E quando isso foi feito, ele pegou algumas margaridas que estavam crescendo perto de lá e as colocou no túmulo.

- Amanhã voltarei e limparei seu túmulo e todos os outros túmulos adequadamente. Vou dar amor a este lugar.

Baski não disse nada, ele apenas sorriu delicadamente, parecendo emocionado. Ele tinha o comportamento de alguém que não está acostumado à bondade.

- Volto para casa agora, está começando a escurecer, estou com fome e não quero que Loren comece a se preocupar.

- Sim, ok. Eu vou ficar aqui um pouco. Até amanhã.

Ambos foram atenciosos.

Castellari foi para casa e Asllan ficou na frente de seu túmulo, olhando as margaridas com nostalgia.

            
            

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