Capítulo 4 Do subúrbio para a favela...

Entrei em casa sorrindo sozinha, fui para meu quarto peguei uma roupa e tomei um banho lembrando de cada minuto que passei com ele, deitei na cama e tive o sono mais tranquilo que consegui.

Acordei depois de algumas horas e fui tomar café, e minha mãe a beira da mesa com um olhar triste.

- Mãe me fala o que está acontecendo. -

Pedi e ela olhou para o corredor atrás de mim.

- Estela senta aqui quero falar com as duas.- Eita que é algo ruim!

Minha irmã sentou, e vi uma lagrima no canto do olho, da minha mãe, me lembro que vejo isso só no dia de aniversário da morte do meu pai, ou alguma data que era especial enquanto estávamos nós quatro juntos.... O que será???

- Filhas desde que perdi o pai de vocês fiz de tudo pensando no futuro das duas, mas nunca pensei que algo pudesse nos fazer sofrer uma separação não antes de ver vocês formadas e com a família de vocês.- Ela disse deixando uma lagrima cair do cano do olho.

- Do que está falando mãe? - Pergunta minha irmã, com o olho esbugalhado.

- Estela, de hoje em diante quero que você respeite sua irmã, como respeita a mim, e quando eu não estiver mais presente, quero que as palavras dela de sim ou não, sejam levadas em conta como se fossem as minhas! E Luísa eu sei que é um fardo pesado para você e vou fazer o possível para manter-me aqui enquanto puder, mas depois que eu partir deste mundo quero que seja a protetora da sua irmã.

- Mãe para de falar essas coisa! -

Pedi com o rosto coberto de lagrimas.

- Meninas mês passado eu não aguentava mais as crises de enxaqueca e fui para o médico, ele pediu uma série de exames e no ultimo ele viu algo de diferente, fez mais outro tanto de exames, e semana passada saiu o resultado... Estou com câncer no cérebro estágio terminal, o tratamento convencional se tornou ineficaz, isso significa que o estágio avançado da doença e, infelizmente, não há mais cura disponível. O médico me deu alguns meses de vida. Eu sinto muito minhas meninas.- Ela fala entre soluços, e eu e minha irmã nos acabamos em lágrimas.

Ali minha alegria do que vivi a poucas horas sumiu, meu porto segura, minha roxa, está com uma doença que vai tirar ela de mim.

Chorei abraçada com a minha irmã e mãe como jamais imaginei que seria capaz de chorar.

Pedi a Deus em meio as lágrimas que isso fosse um pesadelo, mas não é.

- Luísa filha me prometa, que vai cuidar da sua irmã com a sua vida! E você Estela me prometa que vai ser boa e respeitar sua irmã, como respeita a mim.

Prometemos a nossa mãe, e ficamos juntas sem sair de casa por 2 dias, tiramos fotos juntas, comemos besteiras e fizemos tudo como se nada daquilo fosse verdade.

Na segunda minha mãe me fez ir fazer minha matricula na faculdade, e eu segui meu caminho me matriculei no curso de enfermagem que sempre foi meu sonho.

Após fazer isso e seguindo de volta para casa resolvi ligar para Sophia queria um abraço da minha amiga, poder falar com ela sobre isso.

Mas ao discar o número dela a mensagem foi estranha.

'Esse número não existe por favor verifique o número discado.'

Que merda é essa!

Tentei o do Erick em seguida e a mesma mensagem, o número da mãe dele..., a mesma coisa.

Entrei no ônibus e fui para o endereço deles, e ali meu pesadelo aumentou a casa estava completamente vazia... Nada como se nunca estivem estado ali.

Perdi minha amiga, minha virgindade, o cara que amo a quase 3 anos, e vou perder minha mãe! Deus me de forças.

Segui para minha casa e em meio a uma crise de choro prometi para mim mesma que nunca mais confiarei em um homem, não confiarei em mais ninguém irei viver para cumprir minha promessa para minha mãe!

Enxuguei as lagrimas, e peguei um caderno de desenho escrevi de forma a parecer um quadro a mensagem 'Nunca confie em ninguém além de sim mesma.' Peguei um porta retrato que tinha nossa foto juntos eu a Sophia e o Erick tirei e coloquei minha frase, nunca mais vou cometer o erro de confiar em alguém, na minha vida sentimental.

Meses se passam e minha mãe só chora e grita com a dor, momentos de lucidez vão se tornando raros, e pôr fim a única coisa que nos resta é quando ela tem minutos acordada...

Aos meus 18 anos 7 meses e 13 dias de vida me torno a responsável legal da minha irmã de 15 anos, e órfãs de pai e mãe... e as responsabilidades logo mais aumentarão...

4 Anos depois...

- Estela para com isso! Sabe que agora não temos escolha, e precisamos nos mudar para longe e o Rio de Janeiro, é o único lugar que posso ir empregada!

E assim começa nosso dia, com mais uma discussão, a Estela acabou se envolvendo com o merda do Lucas, e se ele era um merda adolescente depois que ficou adulto e passou na PF e virou um bandido com distintivo, a cada dia nos últimos anos foram piorando, e sempre pior que a anterior, ele conseguiu enganar a bobinha da minha irmã que caiu de amores por ele... Mas depois de algum tempo se fazendo de bom moço ele mostrou o monstro que é...

Quando ele a tinha na palma da mão ele agrediu de todas as formas, tudo isso por uma 'amiga' que foi embora e me deixou os problemas, sem contar que fui eu e a coitada da minha irmã que ficamos aqui para pagar o preço.

Depois de muita discussão estamos indo só nos três para o Rio de janeiro, juntei todo dinheiro que temos e o único lugar que consegui comprar uma casa foi dentro da favela, sim saímos do subúrbio para a favela...

Mas depois de muito pensar creio é um dos poucos lugares no mundo que ele não nos procurará...

Já na entrada, somos paradas, um moleque que se acha bandido por ter uma arma, vou ficar na minha tudo que preciso é fazer aquele merda perder nosso rastro.