- Poderíamos comemorar um pouco mais, já que não teremos mais medo de navegar por essas águas. – sugeriu Dangger, com um sorriso travesso.
Crow's, outro membro da tripulação, assentiu com entusiasmo.
- Concordo com Dangger. Vamos manter o bom humor do Capitão.
- Podemos comemorar ainda mais quando chegarmos ao porto da Serpente. – sugeriu Crow's, enquanto os demais tripulantes concordavam com entusiasmo.
Enquanto a tripulação continuava sua celebração, alguns marujos começaram a limpar o convés e arrumar as velas do navio. Horas depois, à medida que o sol começava a se pôr no horizonte, o céu se transformava em um espetáculo alaranjado e dourado. As nuvens refletiam as cores quentes, enquanto o navio "Fúria do Mar" navegava com graciosidade pelas águas calmas.
Silent, o vigia, avistou algo à bombordo e emitiu um grito estridente para alertar os marujos. Em um frenesi de ação, os marujos correram em direção ao local onde Silent apontava, ansiosos para descobrir a fonte do alarme. Dangger, o membro experiente da tripulação, logo percebeu que se tratava de destroços do navio inglês. Com seu olhar treinado, Dangger compreendeu a situação. Ele ergueu a voz e deu ordens decisivas:
- Abaixem os botes! Imediatamente!
Os marujos seguiram suas ordens com rapidez e eficiência. Enquanto os botes eram preparados para a descida, a tripulação mantinha um olhar atento sobre os destroços. Ao retornarem para o navio, os marujos colocaram com cuidado a moça no convés, sua pele gelada pelas águas gélidas. Todos os olhos da tripulação estavam fixos nela.
O silêncio imperava até que o Capitão Cassian saiu de sua cabine, seu semblante sério e voz firme quebrando a quietude.
- Por que paramos? – ele gritou, questionando a decisão.
- Capitão, Dangger deu ordens para pararmos. – Rusty respondeu, mantendo o respeito.
Cassian desceu os degraus, sua perna de pau ressoando no convés, mas ele não proferiu uma palavra. O silêncio continuou, a tensão crescendo no ar.
- Ele deu ordens? Eu sou o Capitão aqui, não é, Dangger?
A voz de Cassian tremia enquanto ele falava, e Dangger concordou rapidamente.
- Sim, Capitão, você é o Capitão.
Cassian continuou: - Ótimo, então por que você deu ordens para pararmos?
Ele apontou sua adaga diretamente para o peito de Dangger, pressionando a questão.
- Destroços do navio inglês, Capitão. Parece que foi atacado por piratas.
Cassian retirou a adaga, mas manteve seu olhar sério.
- E isso é motivo para parar nosso navio?
Dangger explicou: - Capitão, há uma mulher a bordo. Resgatei-a.
Cassian se aproximou da jovem que ainda estava desmaiada, seus olhos analisando a desconhecida.
- Joguem-na no mar, mulheres a bordo trazem azar.
Scurvy, um dos marujos, comentou brincando: - Faz tempo que não vemos uma mulher tão perto, especialmente uma inglesa.
Risadas ecoaram pelo convés, mas a expressão de Cassian permaneceu séria.
Dangger se aproximou dele e cochichou:
- Pense bem, pela aparência dela, deve ser de uma família rica. Podemos ficar com ela e, depois, fazer um acordo. Tenho certeza de que o pai dela aceitará qualquer quantia.
Cassian, mantendo sua autoridade, respondeu:
- Silêncio! Levem-na para minha cabine. E se alguém decidir por mim novamente, jogarei os pedaços de seus corpos no mar.
Lorde Montgomery permanecia imóvel no porto, seus olhos fixos no horizonte, ansiando pela chegada de sua filha. O tempo parecia se arrastar, e a preocupação o dominava à medida que os minutos se transformavam em horas. Ele estava inquieto, incapaz de conter a crescente apreensão à medida que o navio demorava a aparecer no horizonte vasto.
Ao seu lado, seu criado e amigo de confiança, James, também demonstrava preocupação, lançando olhares frequentes para o mar agitado.
Sua voz era calma e repleta de apoio enquanto tentava persuadir seu mestre a sair dali.
- Meu Senhor, temos que ir, está ficando tarde.
No entanto, Lorde Montgomery estava irredutível, determinado a cumprir sua promessa.
- Não sairei daqui, James. Já era para ela ter voltado. Eu não deveria tê-la deixado ir sozinha.
James entendia a aflição de seu mestre, mas ele permanecia firme em seu papel de apoio.
- Senhor, eu garanto que eles chegarão em breve. A Senhorita Eveline deve estar adorando o passeio.
A chuva começou como uma fina garoa, quase imperceptível. Pequenas gotas caiam, criando uma névoa úmida no ar. Logo, no entanto, a garoa se transformou em uma chuva mais pesada. As gotas caíam com mais intensidade, formando um véu prateado sobre o mar e o horizonte.
À medida que a chuva se intensificava, o vento soprava com mais força, agitando as ondas e fazendo com que as águas ficassem inquietas. O som da chuva batendo nas águas do mar criava uma melodia suave, misturando-se com o rugido das ondas.
O céu, que antes estava nublado, ficou ainda mais escuro à medida que as nuvens se acumulavam, obscurecendo o horizonte. O mar agitado refletia a escuridão do céu, criando um cenário tempestuoso.
- Temos que ir agora. Tenho certeza de que o comodoro a levará de volta para casa com segurança - repetiu James, olhando para o mar agitado e a chuva que não dava sinais de parar.
Concordando, Lorde Montgomery se afastou do local onde estava esperando. Com a chuva escorrendo por seu rosto, ele e James partiram em direção à carruagem, decididos a fazer todo o possível para garantir o retorno seguro de sua filha.