Capítulo 4 Renda-se - Parte Dois: A Revanche.

Quando alcancei o último lance da escada, parei para recuperar um pouco do meu fôlego, antes de me deparar com um labirinto. Havia tantas portas, que seria quase um milagre se eu conseguisse encontrar Tanner por ali.

Deixei escapar um longo suspiro, enquanto caminhava, me esgueirando devagar pelas portas. Mesmo que demorasse, seria a melhor maneira para achá-lo.

Uma batida soou atrás de mim, o que me fez virar rapidamente. Dei alguns passos, voltando pelo caminho do corredor, e tentei entender do que se tratava aquele barulho.

Que porra! Uma festa rolando lá embaixo e outra aqui em cima.

Os gemidos eram baixos, mas ainda assim eram audíveis, talvez precisasse se esforçar um pouco para ouvir. Que me perdoassem, mas acabei parando diante a porta, que estava entreaberta.

Abri um pouco bem devagar para evitar qualquer rangido. Me esgueirei pela lateral, apenas para saber se tratava de algum conhecido. E então eu consegui ver. Uma mulher loura se atinha rebolando no rosto de um homem.

Meu coração quase saiu pela boca. As ondulações naquele cabelo dourado, e aquelas mãos com uma pequena cicatriz no dedo, eu reconheceria em qualquer lugar.

Abri a porta com um chute, e os dois se viraram. A mulher saiu rapidamente de cima de Tanner, tropeçando nos próprios saltos e ajeitou seu vestido, enquanto ele se levantava do sofá.

- Por que não continua? - Gritei, mas não tão alto. - Não estava adorando ter a porra da boca, na buceta dela.

Ela estava prestes a falar alguma coisa, quando Tanner a interrompeu, erguendo sua mão frente ao rosto dela. Foi então que a reconheci, era a mesma mulher que acompanhava Henry. E tudo só parecia piorar.

- Had, eu posso explicar. - Ele deslizou o dorso da mão limpando a boca - Eu estava indo ao banheiro quando ela...

- Não, deixa eu só adivinhar...- Entrelacei os braços, para me conter dá vontade que tinha de enganá-lo - Ela te puxou para cá, e fez você cair de boca nela. Tinha bastante cara de quem estava sendo forçado.

Antes que pudesse responder, puxei a maçaneta, batendo a porta com toda a força.

Minhas lágrimas caiam e nem conseguia contê-las. Andei depressa pelo corredor, que até um de meus saltos acabou saindo do meu pé. Eu não retornei para buscar, aquilo nem sequer era importante para mim naquele momento.

Segui tateando pelas portas, puxando uma ou outra maçaneta, até conseguir abrir uma das portas. Precisava de um tempo sozinha para me acalmar. Então adentrei no quarto.

É triste pensar que foram dois malditos anos, se dedicando a alguém, que se ajoelhava diante de mim, e jurava me amar. Todas as lembranças, as palavras e sonhos para o futuro, era uma grande mentira.

Soltei a presilha do meu cabelo, fazendo com que as mechas escuras caíssem em meus ombros, antes de me jogar na cama. Algo parecia fechar a minha garganta, e a dor em meu peito, era crescente, me fez até crer que meu coração se romperia a qualquer momento.

Me encolhi nos lençóis, e cobri meu rosto, mas pareceu que eu não teria paz ali. A porta rangeu, e eu só sentia a raiva crescer ainda mais dentro de mim, e se tornou pior quando uma mão tocou o meu pé;

- Tanner, eu não quero conversar com você. - Arranquei o lençol do meu rosto para gritar.

- Tanner? - Henry indagou balançando um dos meus saltos na mão. - Só vim porque uma certa Cinderela, perdeu... Você está chorando?

- Me deixa...

Estava prestes a levantar quando ele soltou meu sapato no chão e segurou meu rosto com as duas mãos. Seu dedo indicador deslizou suavemente em meu rosto, limpando uma lágrima que caía.

- O que aquele desgraçado fez?

- Por que não pergunta para a sua queridinha... - Cuspi as palavras. - Já que era na cara dele, que ela estava rebolando.

- Hadley... - Sua voz soou um tanto estranha.

Suas mãos largaram o meu rosto, e ele me abraçou. Seus braços me envolveram e senti a pressão de seu peito forte contra o meu. Por alguns segundos meu peito se suavizou com aquele ato. Mas, durou pouco tempo, porque logo ele me soltou.

- Vou quebrar a cara desse desgraçado. - Suas mãos fecharam em punhos e eu o segurei.

- Do que iria adiantar... - Revirei os olhos - Como me encontrou?

- Estava demorando para descer, pensei que talvez estivesse fazendo... - Ele fez uma pausa e não continuou. - Subi, e achei o seu salto, e então vi a porta do meu quarto aberta.

- Esse é seu quarto?

- É... Sempre achei que veria você assim, na minha cama. - Seus lábios se enrugaram, rindo para aliviar a tensão. - Só que, ao invés dessa expressão, você estaria gemendo.

Naquele mesmo instante, algo soou com um plim, acima de minha cabeça. Não sabia se poderia considerar a ideia, ou se iria me arrepender depois, mas a única coisa que eu desejava, era apenas me vingar de Tanner.

- Não está irritado por sua namorada? - Indaguei.

- Ela não é minha namorada, e não me importo nem um pouco com ela.

- Esqueci que você não se importa com as garotas que fode.

- E isso importa para você, Had?

Meu apelido saindo de sua boca, era algo tão excitante, e junto da raiva que eu sentia, só iria me ajudar ainda mais a executar o que eu tinha em mente.

- Nem um pouco. - Apoiei as palmas das mãos no lençol - Não para o que eu tenho em mente.

- O que quer dizer com isso?

- O que eu quero dizer é... - Levei minhas mãos até as costas. - Que tire as suas roupas.

Forcei os braços para trás, em uma tentativa de puxar o zíper para retirar meu vestido. Algo passou diante dos olhos deles, e logo depois vi um sorriso brotar no rosto de Henry.

Não era isso que você sempre quis?

Era isso que sempre desejei inconscientemente. Ou consciente.

Precisava foder com ele, por vingança, e porque desejava isso a muito tempo.

- Vai ficar aí parado a noite toda? - Levantei e virei para ele. - Me ajuda a tirar esse vestido.

Ele desceu suas mãos pelos meus ombros e então puxou meu vestido de uma vez, até senti o tecido se romper na parte de trás, fazendo-o cair no chão. Henry deixou um beijo em minha nuca, descendo pela curva do meu pescoço

- Hoje o seu sonho vai se realizar. - Mordi meu lábio inferior. - E o meu também.

Ele pressionou suas mãos em minha cintura, puxando o meu corpo para colar com o dele, sem deixar qualquer espaço, me fazendo encarar aquele olhar, mostrando o quanto estava faminto.

- Espero que tenha certeza disso.

- Eu esperei demais por isso.