Capítulo 4 Um teste

Já passava das duas da manhã e Nate ainda estava no seu escritório, fazendo uma videochamada. Então, um grito alto ecoou no quarto ao lado.

Se levantando num pulo, ele saiu do escritório e abriu a porta do quarto.

Ao se deparar com o quarto vazio, Nate gritou ansioso: "Leanna? Onde está?"

Um som fraco veio do banheiro.

Nate prontamente correu nesta direção, apenas para descobrir que o banheiro estava todo molhado.

Leanna estava meio agachada enquanto tentava se levantar usando o apoio da parede.

Ele a ergueu rapidamente nos seus braços, e ela soltou um "Ah" surpreso, segurando firmemente o seu pescoço.

O perfume de gardênias emanava do corpo de Nate. Era o cheiro do adorado gel de banho de Leanna, que ela havia comprado para ele.

No passado, Leanna precisava controlar sua respiração, preocupada que ele pudesse notar seus sentimentos mais profundos.

Mas naquele momento, ela estava determinada em dar um salto corajoso.

Se aconchegando contra o peito de Nate, Leanna inclinou a cabeça para cima. Ela suspirou intencionalmente, fazendo com que seu hálito acariciasse o pomo de adão dele.

Boatos diziam que este era o local mais sensível dos homens.

Num tom suave, ela murmurou: "Tio, acho que machuquei meu pé."

Nate baixou a cabeça para olhar para Leanna, e "por uma coincidência", ela levantou a cabeça, fazendo com que seus narizes se encontrassem.

O coração dela acelerou a tal ponto que parecia prestes a pular do peito. Uma pontada de arrependimento se apoderou dela ao perceber que se tivesse erguido a cabeça um pouco mais, seus lábios poderiam ter se encontrado.

Isso teria despertado um sentimento diferente.

Nate segurou Leanna com mais força, sentindo o calor se espalhar pelo seu corpo onde a pele deles fazia contato.

Ele percebeu o quão pouco a camisola cobria.

Talvez devido às suas tentativas anteriores de se levantar, parte do peito de Leanna ficou exposto, mostrando um vislumbre atraente da sua pele lisa.

Além disso, a camisola era curta demais, mal chegando às coxas.

Com os olhos cheios de lágrimas, Leanna olhou para ele, sentindo-se protegida no seu abraço, aparentemente sem perceber o potencial impacto da sua postura íntima num homem.

Nate acomodou Leanna na cama com rapidez, como se estivesse lidando com uma batata quente, e em seguida a cobriu com um cobertor. Seu olhar endureceu quando ele a repreendeu: "Eu já não tinha dito para não usar camisolas? Além disso, suas roupas devem chegar aos joelhos."

Enquanto a olhava dos pés à cabeça, um sorriso hostil repuxou os lábios de Nate. "Qual era sua intenção ao usar essa roupa? Eu sou seu tio. Você está tentando me seduzir, não é?"

Leanna realmente queria seduzi-lo, mas ao ouvir o tom dele, tudo o que ela sentiu foi vergonha e humilhação.

Desviando o olhar, ela não conseguia encará-lo. "Há algum problema em me vestir confortavelmente quando estou no quarto? Não é como se eu estivesse andando pela casa, foi você quem entrou aqui."

O rosto de Nate escureceu. "Por que está acordada tão tarde da noite? O que estava fazendo?"

"Fui usar o banheiro quando acidentalmente tropecei na bacia cheia de água e escorreguei. É proibido sofrer acidentes agora?", perguntou Leanna, sua voz trêmula e seus olhos cheios de lágrimas.

Apesar de ela ter caído, a primeira reação dele não foi perguntar se ela estava bem. Ao invés disso, ele decidiu repreendê-la e ridicularizá-la. Ficou claro que ele não tinha qualquer cuidado por ela.

Ao notar as lágrimas dela, o rosto de Nate suavizou. Se agachando, ele suspirou. "Como se sairá sozinha morando no exterior?"

Leanna levantou os olhos, agora brilhantes de lágrimas, e indagou: "Isso quer dizer que posso ficar aqui?"

O comportamento de Nate esfriou imediatamente. Ele se levantou enquanto a olhava de maneira severa. "Leanna, está tentando manipular os sentimentos do meu coração?"

Leanna fechou os olhos, sendo engolfada por uma onda de decepção.

Como ele poderia enxergá-la dessa maneira? Ele realmente a via como uma pessoa manipuladora?

Irritada, ela resmungou: "Sim, é evidente que estou tentando usar minha aparência a meu favor."

Infelizmente, sua tentativa de teste não apenas fracassou, mas também a deixou ainda mais frustrada.

"Está tudo bem com seu pé? Precisamos ir ao hospital?", perguntou Nate, soltando um suspiro resignado enquanto segurava delicadamente o pé dela para massageá-lo ternamente.

O calor da mão dele enviou uma onda de eletricidade da base do seu pé até o coração. Puxando o pé rapidamente, Leanna o escondeu sob o cobertor enquanto murmurava: "Está doendo um pouco, creio que um pouco de descanso será o suficiente para curá-lo."

Nate assentiu com a cabeça. "Tente descansar. Se amanhã ainda continuar doendo, Paula poderá te levar ao hospital."

Por que tinha que ser a empregada e não ele?

Enquanto via Nate se afastar, Leanna mordeu o lábio inferior.

Ela não pôde deixar de se lembrar de quando torceu o tornozelo durante um evento esportivo no ensino médio. Embora estivesse no exterior a negócios, Nate voltou apressadamente para acompanhá-la ao hospital.

Leanna não tinha se ferido gravemente, e era uma simples torção.

Depois de aplicar um novo curativo, Nate voltou rapidamente para seus compromissos internacionais.

Naquele tempo, Leanna pensava que ele se importava e gostava dela, o que a deixou nas nuvens por um tempo. A verdade só veio à tona mais tarde, quando ela descobriu que Nate só voltara correndo porque Paula tinha ligado para ele em pânico, dizendo que seu pé estava quebrado.

Se Paula não tivesse exagerado na situação, provavelmente Nate não teria voltado.

Ele sempre tinha sido imprevisível, às vezes gentil, às vezes distante. Em alguns momentos, ele fazia Leanna se sentir querida. No entanto, com a mesma rapidez, ele a fazia sentir o completo oposto.

Esse lunático imprevisível de alguma forma continuava a arrastá-la para um abismo cada vez mais profundo.