Capítulo 4 Ecos do Silêncio

Os dias em Petrolina passavam, cada um deixando Isabela com uma sensação de vazio que ela não conseguia explicar. Gabriel havia desaparecido sem deixar rastros, como uma brisa que se vai tão repentinamente quanto chega. Isabela tentava se concentrar em seu trabalho e estudos, mas a ausência dele ecoava em sua mente, uma melodia silenciosa que só ela podia ouvir.

Isabela: (pensando) Por que ele se foi sem dizer nada? Será que fiz algo errado?

Ela procurou por ele na vinícola onde se encontraram pela primeira vez, mas não havia sinal de Gabriel. Sua amiga Brenda notou sua preocupação.

Brenda: Isa, você está bem? Você parece distante ultimamente.

Isabela: Estou tentando não pensar muito nisso, mas é difícil. Gabriel sumiu.

Brenda: Sumiu? Como assim?

Isabela: Ele simplesmente desapareceu... é como se ele nunca tivesse existido.

Brenda: Isso é muito estranho. Você

que te ajude a procurar por ele?

Isabela agradeceu, mas recusou. Ela sentia que essa era uma jornada que precisava percorrer sozinha.

Enquanto isso, ela se dedicava ainda mais ao trabalho, buscando no vinho o conforto que não encontrava em suas próprias emoções.

Um dia, enquanto organizava uma degustação especial para um grupo de turistas, Isabela encontrou uma garrafa que Gabriel havia recomendado a ela. Ao segurar a garrafa, ela se permitiu lembrar dos momentos que compartilharam, das risadas e dos olhares.

Isabela: (pensando) Onde quer que você esteja, espero que esteja bem, Gabriel.

No "Estrela do São Francisco", o restaurante onde trabalhava, Isabela se destacava cada vez mais. Sua paixão pelo vinho e sua habilidade em entender os desejos dos clientes não passavam despercebidos. Os elogios que recebia dos clientes enchiam o ambiente de um murmúrio de admiração, mas também de tensão.

Carlos, o aprendiz mais experiente, observava Isabela com um misto de respeito e inveja. Ele era conhecido por seu vasto conhecimento sobre vinhos antigos e raros, mas via em Isabela uma estrela em ascensão que ameaçava seu lugar de destaque.

Carlos: (pensando) Ela é boa, tenho que admitir. Mas será que merece toda essa atenção?

Um dia, durante uma degustação, Carlos decidiu testar Isabela. Ele sugeriu um vinho complexo, esperando que ela falhasse em descrevê-lo adequadamente. Isabela, no entanto, surpreendeu a todos com uma descrição perfeita que encantou os clientes.

Cliente: Isabela, sua recomendação foi excepcional! Como você sabia que esse vinho seria a escolha perfeita?

Isabela: Obrigada! Eu sempre tento me conectar com a história de cada vinho e imaginar como ele pode realçar o prato e a ocasião.

Carlos observou a cena com um sorriso forçado, enquanto a inveja crescia dentro dele. Ele não podia negar o talento de Isabela, mas não estava pronto para ser ofuscado por ela.

Carlos: (pensando) Ela pode ser talentosa, mas eu não vou deixar que ela tome o meu lugar.

Nos dias seguintes, Carlos começou a agir de maneira mais competitiva, tentando superar Isabela com recomendações ainda mais impressionantes. No entanto, a competição apenas serviu para impulsionar Isabela a se aprimorar ainda mais.

Isabela decide voltar mais uma vez a vinícola onde havia encontrado Gabriel pela primeira e única vez. As videiras, carregadas de uvas prestes a serem colhidas, pareciam sussurrar histórias ao vento. Ela tocava as folhas delicadamente, como se esperasse que cada toque pudesse trazer Gabriel de volta.

Isabela: (pensando) Por que você desapareceu, Gabriel? Por que não me deixou nem um número de telefone?

A vinícola era o único elo entre eles, o único lugar que poderia dar pistas sobre o paradeiro de Gabriel. Isabela decidiu falar com os trabalhadores, perguntando se alguém havia visto um homem com os traços marcantes de Gabriel.

Ninguém sabia de nada, mas uma senhora mais velha, que cuidava da degustação de vinhos, chamou Isabela de lado.

Senhora: Você está procurando por aquele jovem com quem você conversou naquela noite de lua cheia, não é?

Isabela: Sim, você o viu?

Senhora: Não, minha querida. Mas ele deixou isso aqui. Disse que se você viesse perguntar, eu deveria entregar.

A senhora entregou a Isabela um pequeno envelope pardo. Seu coração acelerou enquanto ela abria o envelope e encontrava um pedaço de papel com uma única linha escrita à mão:

"Nos vinhedos sob a lua cheia, encontraremos nosso destino."

Isabela sentiu uma mistura de emoção e confusão. O que Gabriel queria dizer com aquilo? Era um enigma que ela precisava desvendar.

Isabela segura o pedaço de papel com a mensagem de Gabriel, os olhos fixos nas palavras escritas à mão. A frase ecoa em sua mente, como um enigma que precisa ser decifrado. Ela se pergunta o que ele quis dizer com "nos vinhedos sob a lua cheia". Seria um lugar específico? Uma metáfora? Ou talvez uma lembrança de sua noite juntos?

Ela relembra o momento em que se encontraram na vinícola, sob o céu estrelado e a lua cheia. Gabriel estava tão à vontade, como se pertencesse àquele lugar. Eles conversaram sobre vinhos, sonhos e segredos. O aroma das uvas maduras pairava no ar, e o mundo parecia suspenso naquele instante.

Isabela decide seguir o único indício que tem: a lua cheia. Ela pesquisa sobre os próximos eventos astronômicos e descobre

que haverá uma lua cheia em breve. Com o coração acelerado, ela planeja uma visita à vinícola naquela noite. Talvez lá, sob o mesmo céu que os uniu, ela encontre respostas para o mistério de Gabriel.

Enquanto se prepara para a jornada, Isabela não consegue evitar a sensação de que algo maior está em jogo. A mensagem de Gabriel é mais do que um simples convite; é um chamado para desvendar segredos e seguir os rastros da lua. Ela não esqueceu dele, e agora está determinada a descobrir o que aconteceu naquela noite e por que ele partiu tão abruptamente.

Assim, com a mensagem dobrada no bolso e a esperança no coração, Isabela parte em busca dos vinhedos sob a lua cheia, onde seu destino e o de Gabriel se entrelaçam como as vinhas que se estendem em busca do sol.