O motorista me conduziu até a empresa, as ruas de Sidney pareciam mais agitadas esse horário, mas nada comparado ao trânsito caótico de São Paulo, no Brasil, um lugar ao qual tenho desprazer em ir algumas vezes ao ano, contudo, é algo que não posso terceirizar.
As recepcionistas me cumprimentam se levantando, e com um sonoro "Bom dia" ensaiado, eu apenas aceno, pegando o elevador, infelizmente não tem um apenas para o CEO, a minha mãe é defensora das igualdades, não que eu não seja, creio que todos temos o nosso lugar, mas um elevador exclusivo ao CEO para um prédio deste tamanho, é fundamental.
Pretendo fazer muitas reformas neste lugar quando assumir a presidência, e mais ainda nos funcionários, são muitos sorrisos desnecessários.
O meu assistente e também amigo Robert, chegaria hoje de viagem, não pode vir comigo, pois ainda tinha algumas pendências no meu nome para me representar, isso inclui alguns negocios em que sou sócio.
Evidentemente que o meu pai não se agrada, para o senhor Fox, tudo precisa ser perfeito, e ético, até mesmo uma boate na Inglaterra, voltado para qualquer publico, o escandaliza.
Mas o lugar me trás ótima renda, e não pretendo me desfazer, a diversão e mulheres são apenas um bónus.
Assim que Robert chegar irei mandar que ele faça uma convocação geral com os funcionários, começando da parte do marketing á mão de obra árdua, quero que todos saibam a minha maneira de trabalhar, em especial uma assistente com lábios chamativos demais, ao qual estou vendo agora, logo que saio do elevador.
Clarice está pegando café na recpção, o que não me agrada, pois este é para clientes, e possíveis clientes, é uma especiaria de fora, e não está destinado aos funcionários pelo preço final que pagamos.
Saio do elevador, e sigo em passos firmes, até a assistente de boca carnuda, enquanto caminho até ela, a mesma degusta o café, sujando a borda do copo de isopor, a fumaça abrange a sua pele, levando névoa, a deixando ainda mais fascinante.
Os seus olhos verdes, tão vividos me desafiam em um cumprimento, preciso engolir o nó que se forma na minha garganta ao ver a saia lápis brigando com as suas coxas roliças e torneadas, o seu tamanho não era disfarçado pelos saltos altos que ela usa, visto que não devia passar dos 1.55 de altura.
- É muita desinformação, a própria assistente da CEO, não saber que estes cafés são destinados aos clientes. - Digo, assim que chego perto dela, cruzando os meus braços.
A nossa diferença de altura é gritante.
- Bom dia, Sr. Giovanni. - Sorri ao responder, e pelo seu tom, sei que é uma afronta. - Dona Rosa, não reclamou, aliás, até incentiva.
- Isso é só para você ou todos tem direito. - Falo firme a olhando, os meus olhos a questionando, desviando ora outra até o seu decote V, nada muito ousado, mas junto ao conjunto todo, não é possível não notar.
- Somente as pessoas desse piso tem acesso a esse café, Sr. - ela parece constrangida ao falar, como que se lembrasse que os seus colegas de trabalho não tem o mesmo direito.
- Vejo que a hierarquia não funciona muito bem aqui, também. - A espeto com o meu comentário maldoso.
O seu pequeno corpo dá um passo para trás. - Espero não ver esta cena novamente, Senhorita Clarice, gosto de tratar os meus funcionários todos no mesmo padrão.
- Claro, peço desculpas, senhor Giovanni, não havia pensado nisso.
- Vejo bem, a minha mãe nunca soube priorizar o todo, ela só enxerga o que é para o seu próprio beneficio. - De uma maneira estranha o meu comentário parece irritar a assistente da minha mãe, que agora mais parece um pequeno pavão bravo.
- Não creio que esse seu julgamento seja correto, Dona Rosa é muito humanizada, e trata a todos com igualdade, não é a permissão de um café para alguns funcionários que dirá ao contrário.
O pequeno corpo feminino ao meu lado, poderia ser pisado facilmente pelo meu Oxford Brogue, se ela soubesse quantos tubarões mato por dia, não ficaria no meu caminho.
- Defender a CEO enquanto ela não estiver aqui, talvez não seja uma boa ideia para você, senhorita Ribeiro. - Deixo o meu tom ameaçador soar, porque Rosa não precisa que ninguém a defenda, ela sabe se virar muito bem sozinha. Lembro disso perfeitamente desde os meus dez anos.
Ao menos, me apego nesse pensamento, saber que a minha mãe trata melhor gente desconhecida do que o próprio filho, não ajuda no meu humor.
- Isso é uma ameaça, sr. Giovanni. - Juro que não queria prestar tanto atenção, na sua maldita boquinha pequena e carnuda, a sua língua precisava de um freio, ela tinha sorte do vermelho nos seus lábios chamarem a minha atenção.
- Se fosse você ja poderia passar no RH. - Digo firme, e por impulso me aproximo dela, preciso baixa a minha cabeça alguns centímetros para alcançar o seu verde vivido, desafiador.
Ficamos em uma guerra de olhares, em algum momento os meus olhos me traem fazendo com que eu olhe para a sua boca, tão convidativa, mas lembro que não quero responder um processo judiciário.
- Se não tem mais nada a dizer, pode voltar a sua sala, e me encaminhar os meus compromissos do dia, diferente da sua CEO, eu não tenho tempo para férias.
As palavras que saíram da minha boca, foram como cutucadas em uma onça. Clarice, que parecia tão desnorteada quanto eu, tomou a sua postura, me desafiando, mais uma vez.
- Você é muito ingrato mesmo, a Dona Rosa da vida por essa empresa, respira praticamente essa empresa, então não venha falar como se ela tirasse férias a cada ano, porque você sabe que não é assim.
Por instinto, e confesso um instinto muito burro, homens tinham algo chamado machismo, e as vezes era impossível frear ele. Com isso, eu encurralei o pequeno corpo da assistente com boca desenfreada, a sua respiração era audível no meu peito, estávamos tão próximos que mais um centímetro nos encostávamos, mas eu não iria parar ai.
Baixei a minha cabeça na altura da orelha de Clarice, que usava um par de brincos caros e exclusivos. Eram duas esmeraldas lapidadas, com um brilho intenso que refletia a luz do ambiente. Eu sabia que aqueles brincos eram um presente da minha mãe, e tinha quase certeza de que Clarice era mais do que apenas uma funcionária.
A sua pele macia e perfumada exalava um aroma suave, e eu podia sentir a sua respiração quente no meu rosto. Eu me sentia atraído por ela de uma maneira que me incomodava, mas não podia negar que ela era deslumbrante.
- Eu até admiraria a sua coragem, e bravura ao defender a minha mãe, mas vejo que você gosta de amizades com benefícios, eu tomaria cuidado se fosse você, um processo de demissão, não dura dois meses.
Aspirei o seu cheiro uma ultima vez, me amaldiçoando em seguida, pois o aroma de morangos frescos e baunilha, junto ao aroma de jasmim ficaria impregnado em mim. Eu odiava baunilha, ainda mais jasmim, eram as rosas preferidas da minha mãe, mas de algum modo, a combinação no porte pequeno feminino á minha frente, fez toda uma junção de encantamento, pois demorei a me afastar.
Com passos pesados e decididos, caminhei até a minha nova sala, deixando uma Clarice estupefata para trás.