Ele olhou para mim, mas não disse nada. Eu me senti um pouco desconfortável, mas tentei sorrir e manter a conversa, os seus olhos verdes eram acusadores, e me traziam certo desconforto, não emoldurava á sua beleza, era algo que não batia.
- É um prazer conhece-lô. - Tento soar gentil.
Giovanni finalmente respondeu, com um tom um pouco frio.
- Bem, espero que você esteja à altura das minhas expectativas. - ele disse, quase como um desafio.
Eu engoli em seco, mas tentei manter a calma.
- Vou fazer o meu melhor, Giovanni. Estou aqui para ajudar e aprender. - respondi, sendo repreendida pelo mesmo.
- Senhor, não temos intimidade, é minha mãe que costuma dar corda para funcionários. - ele disse, de forma ríspida, os seus olhos verdes traziam magoas, mas sei que não eram direcionados para mim.
Dona Rosa olhou para nós com um olhar preocupado, sabendo que o seu filho não era o mais fácil de lidar.
- Como quiser, senhor Giovanni. - Tudo bem, eu sei que era apenas uma funcionaria, por mais que tomasse chá na casa da nossa CEO, ou ela jantasse muitas vezes em nosso apartamento, eu precisava me comportar perto do seu filho, tendo ciência de quem ele era.
- Bom, agora que vocês se conheceram, espero que possam trabalhar juntos e manter a empresa funcionando bem enquanto eu estiver fora. - Dona Rosa disse, tentando aliviar a tensão.
Eu assenti, sabendo que teríamos que encontrar uma maneira de trabalhar juntos, mesmo que Giovanni não fosse o mais simpático. Mas eu estava determinada a fazer o meu trabalho e ajudar a empresa a ter sucesso durante o período de ausência de Dona Rosa.
A reunião de empresa começou com Giovanni liderando a discussão, dona Rosa preferiu ir para a sua sala particular da presidencia, ela deu a desculpa de estar com dor de cabeça, mas eu sabia que já era o efeito dos seus remédios fortes.
Na reunião, Giovanni, parecia não estar interessado em ouvir as opiniões dos outros funcionários e estava focado em apresentar suas próprias ideias. Eu levantei a mão e pedi a palavra, mas ele parecia não querer me ouvir.
- Com licença, Senhor Giovanni. - eu disse, tentando chamar a sua atenção. - Eu gostaria de apresentar os pontos que Dona Rosa pediu para discutirmos.
Giovanni suspirou e olhou para mim com impaciência, o seu verde transbordava autoridade, como se somente ele tivesse permissão de falar.
- O que é, Clarice? Estou ocupado apresentando as minhas ideias.
- Eu sei que você está ocupado, Sr. Giovanni. - eu respondi, mantendo minha compostura, nós iríamos trabalhar juntos, queira ele ou não, nem que para isso eu precisasse lembra-lo que a empresa era da mãe dele, e não dele. - Mas esses pontos são importantes e precisamos discuti-los. - Completei, tendo a atenção dos demais investidores.
Ele parecia relutante em discutir esses assuntos e estava mais interessado em falar sobre as suas próprias ideias e planos, o que me frustrou um pouco. Mas eu não desisti.
- Sr .Giovanni, por favor. - eu implorei, quase chamando ele pelo primeiro nome, seria muita ousadia, mas Dona Rosa já havia falado tanto dele, que me sentia intima, ok, nem tanto. - Esses pontos são cruciais para a empresa e precisam ser discutidos. Podemos falar sobre as suas ideias depois. - Mesmo ele sendo filho da CEO, não estava na empresa assim como eu, todos os dias, ao menos não aqui.
Ele parecia contrariado, mas lentamente começou a ceder.
- Tudo bem, Clarice. Vamos discutir esses pontos primeiro e depois podemos falar sobre minhas ideias. - Pela minha insistência ele cedeu, mas as suas íris verde dizia que o projeto de CEO não estava contente com o meu direito de voz.
Durante a reunião, eu mostrei a minha determinação em cumprir o meu papel como assistente de Dona Rosa. Eu apresentei os pontos importantes que precisavam ser discutidos e tentei manter a discussão focada e produtiva, mesmo com as interrupções de Giovanni.
No final, a reunião foi bem-sucedida e os pontos importantes foram discutidos e resolvidos. Eu sabia que havia uma barreira entre mim e Giovanni, mas eu estava determinada a trabalhar com ele e ajudar a empresa a ter sucesso, mesmo que isso significasse enfrentar o seu mau humor e ser mais assertiva nas minhas opiniões, pois o seu olhar deixava claro que ele não facilitaria as coisas.
Depois de sair da reunião com Giovanni, eu respirei fundo e tentei relaxar. Era nitidamente claro que ele nasceu para isso, comandava tão bem a reunião que parecia que tinha sido feita para ele.
Confesso que nunca tinha visto nenhum daqueles empresários de idade falando tão bem quanto o jovem de 34 anos. Mas eu sabia que havia algo por trás daquela fachada de confiança e liderança.
Eu sabia muitas coisas sobre Giovanni, na verdade.
Mas mesmo com tudo isso em mente, eu ainda tinha esperanças de que pudéssemos trabalhar juntos e fazer a empresa prosperar. Eu sabia que seria uma tarefa difícil, mas eu nunca fugi de um desafio e estava determinada a fazer o que fosse preciso para ajudar a empresa e Dona Rosa.
No entanto, eu não podia negar que havia uma barreira de gelo em volta de Giovanni. Ele era um homem difícil de se comunicar e parecia não querer se conectar com ninguém.
Eu voltei para minha sala e encontrei Debora esperando por mim. Ela segurava uma garrafa de água e parecia estar pronta para conversar.
- E aí, Clarice, como foi a reunião com o Sr. Giovanni? - ela perguntou.
- Ah, amiga, ele é um ogro arrogante e prepotente.- eu respondi, revirando os olhos. - Ele se acha o dono da razão e não parece estar interessado em ouvir as opiniões dos outros.
Débora riu.
- Não é assim tão ruim, Clarice. Ele pode ser um pouco difícil, mas você viu que ele é bom no que faz.
- Não importa o quão bom ele seja, ele ainda é um ogro. - eu respondi, cruzando os braços. - E aqueles olhos verdes penetrantes? É como se ele pudesse ver através de mim.
Debora riu novamente.
- Ai, Clarice, você está sendo dramática. E olha só para você, falando sobre os olhos dele e tudo mais. Você está claramente interessada nele.
- Eu não estou interessada nele, Debora! - eu protestei, sentindo meu rosto corar. - Eu estou apenas observando como ele age e tentando entender como podemos trabalhar juntos nas próximas semanas.
Debora riu mais uma vez, provocando-me com uma risadinha.
- Tudo bem, tudo bem, eu acredito em você. Mas não negue que ele é um cara bonito. Ele tem um porte físico impressionante.
Eu bufei, irritada.
- Debora, por favor, pare de falar sobre isso. Precisamos nos concentrar no trabalho e ajudar Dona Rosa a fazer a empresa crescer.
Debora riu mais uma vez, mas finalmente concordou em se concentrar no trabalho. Nós continuamos a conversar por mais alguns minutos, discutindo as nossas tarefas e projetos, mas eu ainda me lembrava do olhar penetrante de Giovanni e me perguntava como seria trabalhar com ele no futuro.
Na empresa de Dona Rosa, nós fabricamos tecidos finos para a alta costura. É um processo longo e trabalhoso, mas o resultado é incrível. Os tecidos são usados por estilistas renomados em todo o mundo, que fazem detalhes em cada peça para criar obras-primas exclusivas.
O processo começa com a escolha dos fios mais finos e nobres, que são tecidos em teares especiais. Cada tecido é inspecionado minuciosamente para garantir a melhor qualidade possível.
Depois disso, é feita o tingimento, que é uma arte em si mesma. As cores são escolhidas cuidadosamente e misturadas com precisão para criar a tonalidade exata que o estilista deseja.
Depois de tingidos, os tecidos são cortados e costurados para criar as peças finais. Os estilistas trabalham com cada detalhe, usando técnicas tradicionais e inovadoras para criar uma peça única e deslumbrante. É um processo caro e exclusivo, mas a beleza e a qualidade dos tecidos finos para a alta costura fazem valer a pena.
Durante a tarde, eu não pude tomar meu chá com Dona Rosa, já que ela havia se ausentado e seu filho, Giovanni, ocupava sua sala. Eu vi minha amiga Debora levando café e conduzindo os clientes até a sala de Giovanni. Alguns clientes mais importantes faziam questão de vir até a nossa empresa e ver os tecidos finos de perto.
No entanto, quando eu entrei na sala de Giovanni para entregar alguns documentos, ele me ignorou completamente e continuou falando com os clientes.
Enquanto eu observava Giovanni lidando com os futuros clientes, eu não pude deixar de notar como ele parecia confiante e seguro de si, mas também um pouco arrogante.
Eu me perguntei como seria trabalhar com Giovanni no futuro e como poderíamos nos entender, já que tínhamos personalidades tão diferentes.
Mas eu sabia que o trabalho precisava continuar e que Dona Rosa contava conosco para manter a empresa funcionando.
Eu me concentrei em minhas tarefas e fiz o meu melhor para ajudar, mesmo com a presença de Giovanni e sua atitude fria e distante durante todo o dia.