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O amanhecer chegou trazendo uma leve névoa sobre a cidade, mas para Ana, o dia prometia ser longo e tenso. Sentada à mesa de café da manhã, ela revisava sua agenda enquanto Lucas, já em seu posto, analisava as últimas atualizações da investigação policial. "Você tem uma entrevista ao vivo no final da tarde," Carla informou, entregando a Ana uma xícara de café. "Os produtores insistem que será uma ótima oportunidade para você falar sobre seu novo filme." Ana suspirou. "Como se eu precisasse de mais exposição," murmurou, mas assentiu.
Sabia que era parte de seu trabalho manter-se relevante na mídia. Lucas se aproximou, seu olhar sério fixo no tablet. "Vamos reforçar a segurança no estúdio de gravação," ele disse, sem rodeios. "Já entrei em contato com a equipe do local para garantir que todos os protocolos sejam seguidos." Ana agradeceu com um aceno, ainda se acostumando à presença constante de Lucas em sua vida. Apesar da frieza profissional, havia algo nele que a deixava curiosa. Um mistério que queria desvendar. Horas mais tarde, ao chegar ao estúdio de televisão, Ana foi imediatamente cercada por sua equipe de assessores e maquiadores. Lucas se manteve à distância, observando cada movimento ao redor dela. Sua presença era uma constante e silenciosa lembrança do perigo que a rondava. A entrevista começou com perguntas triviais sobre o filme, mas logo o apresentador, um homem jovem e carismático, tocou no assunto das ameaças que Ana vinha recebendo. "Como está lidando com essa situação, Ana?" perguntou ele, sua expressão demonstrando uma curiosidade genuína. Ana manteve a calma. "É uma situação difícil, claro, mas estou cercada de pessoas incríveis que me apoiam. Tenho plena confiança nas autoridades e na equipe de segurança que está trabalhando para resolver isso." Nos bastidores, Lucas observava atento, notando cada expressão, cada gesto. Quando a entrevista terminou, ele a escoltou de volta ao camarim, onde um silêncio pesado pairava no ar. "Você se saiu bem," ele comentou, quebrando o silêncio. Ana sorriu, mas seus olhos mostravam cansaço. "Obrigada. Isso não fica mais fácil com o tempo." "Eu sei," ele disse suavemente, uma rara demonstração de empatia em sua voz. De volta à segurança de seu apartamento naquela noite, Ana sentiu a necessidade de descontrair. Preparou um chá e convidou Lucas a se juntar a ela na sala de estar. Ele hesitou, mas acabou aceitando. "Você sempre foi tão sério?" ela perguntou, tentando aliviar a tensão. Lucas deu um leve sorriso, um gesto raro e breve. "Parte do trabalho. Mas acho que a vida também me moldou assim." Ana inclinou a cabeça, curiosa. "Como assim?" Ele olhou para ela, ponderando o quanto revelar. "Perdi pessoas importantes. Isso muda a gente." Ela sentiu uma pontada de tristeza por ele. "Sinto muito." "Obrigada," ele respondeu, sua voz baixa. "Mas isso me fez valorizar ainda mais o que faço. Proteger os outros." Ana sorriu, um sorriso cheio de admiração. "E você é muito bom nisso, Lucas. Sei que me sinto mais segura com você por perto." Ele encontrou seus olhos, e por um momento, a seriedade deu lugar a algo mais suave, quase vulnerável. "Isso significa muito, Ana." Naquele momento, algo mudou entre eles. Uma conexão silenciosa se formou, nascida não apenas do dever, mas de uma compreensão mútua de suas próprias dores e lutas. Mas a paz foi interrompida pelo som estridente do telefone. Lucas atendeu rapidamente, sua expressão tornando-se tensa. "Temos uma situação," ele disse a Ana, seu tom voltando à firmeza profissional. "A polícia encontrou algo que pode nos ajudar a identificar o stalker." Ana assentiu, sentindo um misto de alívio e apreensão. Lucas a guiou para fora do apartamento, mais uma vez imerso no papel de protetor. Mas agora, algo mais profundo os conectava, algo que poderia mudar tudo.