Capítulo 4 Pãozinho no forno

"Ry... quero dizer, senhor Haynes! O que faz aqui?"

Assustada, Jenessa se atrapalhou com as palavras, tendo sido pega desprevenida.

Quando Ryan teria chegado? Será que ele ouvira tudo? Ela encerrou a chamada de forma apressada, seu olhar ansioso buscando no rosto dele algum indício de irritação, dominada por um medo e nervosismo sem explicação.

"Não tínhamos combinado de visitar a vovó no hospital hoje?", perguntou Ryan, a impaciência tingindo sua voz.

Foi somente naquele momento que Jenessa se lembrou de que eles realmente tinham combinado isso. Com a cabeça baixa, ela se desculpou, murmurando: "Eu... sinto muito."

"Hmph", grunhiu Ryan com indiferença. Como se não quisesse continuar olhando para ela, ele girou nos calcanhares e começou a se afastar, dizendo: "Vamos."

Ainda atordoada, Janessa precisou de um segundo para voltar a si antes de rapidamente correr para alcançá-lo.

Durante o caminho para o hospital, a mente dela girava com pensamentos confusos.

Um turbilhão de sentimentos invadiu seu coração enquanto ela se questionava, cheia de ansiedade, se Ryan teria escutado sua conversa com Brinley.

Contudo, ela se deu conta de que, se Ryan realmente tivesse ouvido que ela pretendia criar o bebê sozinha em segredo, ele não estaria tão calmo.

Sem dizer nada, os dois se acomodaram lado a lado no banco de trás do carro.

Estranhando o comportamento distraído de Janessa, Ryan não conseguiu se conter mais. Franzindo as sobrancelhas, ele se virou ligeiramente para ela, perguntando: "O que está acontecendo com você?"

A voz profunda dele tirou Jenessa dos seus devaneios, a assustando.

"Na... nada", gaguejou ela apressadamente.

"Tem certeza?", perguntou Ryan lentamente, a dúvida permeando seu tom.

O coração de Jenessa batia forte contra seu peito. Quando ela estava prestes a responder, Ryan voltou a falar, desta vez mais próximo do seu ouvido.

"Se realmente não é nada, então por qual razão está me evitando? Por que não consegue olhar para mim, hmm?"

Jenessa, paralisada no lugar, não se atreveu a mover um centímetro sequer.

Um murmúrio de escárnio quase imperceptível escapou de Ryan quando ele esticou a mão, tocando suavemente a nuca dela.

De soslaio, Jenessa viu quando ele se inclinou na direção dela lentamente. Ryan iria beijá-la?

O mero pensamento fez com que seu coração acelerasse a ponto de querer saltar do peito e ela fechou os olhos instintivamente.

No entanto, o beijo que ela esperava nunca aconteceu. Ao invés disso, ela sentiu o toque frio da mão dele na sua testa, acompanhada de um cheiro refrescante e agradável.

"Você não está com febre, então por que estaria tão pálida?"

Jenessa voltou a si ao ouvir isso, se dando conta de que ele só queria verificar a temperatura dela.

Forçando um sorriso, Jenessa tentou esconder sua decepção. "Estou bem. Não se preocupe comigo."

"Mas não estou preocupado com você", respondeu Ryan friamente. "O motivo da minha preocupação é a vovó. Se ela ver o quanto você está pálida, irá me culpar por não cuidar bem de você." Enquanto falava, ele a olhou com um misto de desdém e desgosto.

Jenessa ficou tensa, sentindo seu corpo esfriar como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre ela.

"Eu... irei retocar minha maquiagem, assim ela não irá notar nada", murmurou ela, forçando um sorriso.

Por dentro, ela não pôde deixar de rir de si mesma.

A verdade era que ela fora extremamente ingênua por pensar que Ryan poderia se importar com ela e acabou fazendo papel de boba.

Quanto tempo mais seria necessário para ela enxergar o valor que tinha? Mesmo com a realidade diante dela, ainda assim ela escolheu fechar os olhos para isso. Era evidente que a única no coração de Ryan era Maisie.

Pouco tempo depois, o carro parou diante do hospital.

Assim que saíram do carro, Jenessa caminhou lentamente, ficando atrás de Ryan.

Parando subitamente, Ryan se virou para ela e ordenou: "Fique do meu lado e segure minha mão."

Jenessa congelou, a confusão transparecendo no seu rosto.

Com a paciência chegando ao fim, Ryan franziu a testa e disse friamente: "Jenessa, se quer continuar com o divórcio, por mim tudo bem. Mas não ouse fazer uma cena na frente da vovó e deixá-la chateada, entendeu?"

Sentindo-se injustiçada, Jenessa quis retrucar, mas ao ver um grupo de enfermeiras passando, decidiu ficar quieta. Se ela discutisse com Ryan naquele momento, não havia dúvidas de que a notícia chegaria até a avó dele.

Suspirando internamente, ela se aproximou de Ryan e, a contragosto, entrelaçou seu braço ao dele.

Com o corpo dela suavemente pressionado contra o seu, Ryan experimentou uma sensação incomum de afeição. No entanto, ele rapidamente suprimiu esse sentimento fugaz e a apressou em direção a um quarto de hospital.

Assim que eles passaram pela porta, Nadine Haynes, a avó de Ryan, sorriu amplamente.

"Jenessa, Ryan, vocês vieram me visitar!"

O casal se aproximou, cumprimentando a mulher idosa.

Estendendo a mão para segurar a de Jenessa, Nadine sorriu afetuosamente.

"Há apenas alguns instantes, a família de outro paciente trouxe seu bebê para visitá-lo. Vocês precisavam ter visto o quão adorável era o bebê deles! Jenessa, querida, quando vocês estão planejando ter um?"

Sem dar chance para Jenessa responder, Nadine olhou para a barriga dela e brincou: "Ou talvez já exista um pãozinho no forno, huh?"

Jenessa ficou tensa, a culpa cintilando nos seus olhos.

Seria possível que Nadine soubesse de alguma coisa?