Capítulo 7 O herói da gatinha assustada

A vulnerabilidade no olhar de Jenessa aumentou ainda mais a excitação de Julio. Com os olhos brilhando de ansiedade, ele agarrou uma taça e a levou aos lábios dela, praticamente a obrigando a dar um gole.

"Vamos lá, não vou tornar isso difícil para você, apenas tome uma bebida comigo e eu te deixarei livre. Bastante simples, não é?"

Jenessa foi atingida pelo cheiro doce e sufocante do álcool, que a fez sentir uma onda de náusea avassaladora.

Reprimindo a vontade de vomitar, ela empurrou a taça para longe e exclamou: "Não quero!"

De repente, a taça entornou, derramando seu conteúdo sobre as roupas caras de Júlio.

"Sua puta! Como se atreve?"

O rosto de Julio, agora ruborizado de raiva, escureceu enquanto ele erguia a mão para bater nela.

Sem tempo para reagir, Jenessa apenas fechou os olhos, dominada pelo medo.

"Ai..."

Um grito cortou o silêncio, mas não veio de Jenessa, e a dor que ela esperava sentir nunca se materializou.

Jenessa, ainda tentando entender o que estava acontecendo, abriu os olhos lentamente e viu Ryan, que tinha agarrado o pulso de Julio, imobilizando-o sobre a mesa.

Com uma expressão agoniada, Julio se contorceu de dor.

"Por acaso você pensa que sou uma piada? Como se atreve a tocar na minha mulher? Está querendo morrer ou algo assim?", rugiu Ryan, empurrando a mão de Julio para longe.

Naquele instante, Jenessa sentiu seu coração saltar. Ryan acabara mesmo se referir a ela como sua mulher?

A reação explosiva de Ryan deixou Julio pálido. Foi somente nesse momento que ele havia se dado conta de que tinha acabado de ultrapassar uma linha perigosa.

"Me desculpe, senhor Haynes! Realmente sinto muito! Não tinha percebido... quero dizer, não sabia que ela era sua mulher. Na verdade, achei que ela só fosse sua secretária."

Julio então se ajoelhou e, com o corpo trêmulo, suplicou por perdão. "Por favor, senhor Haynes, só me dê mais uma chance. Garanto que isso não voltará a se repetir."

"Agora já é tarde demais para isso", debochou Ryan. Com isso, ele passou um lenço pelas mãos de maneira tranquila, como se tivesse acabado de tocar algo contaminado. "Julio Sawyer, a partir de agora, o Grupo WorldLink e todas as suas subsidiárias interromperão qualquer forma de cooperação com você."

As palavras de Ryan, concisas e diretas, deixaram Julio abalado. Em seguida, ele desabou no chão.

Ryan praticamente tinha selado o destino de Julio, o expulsando completamente do mundo dos negócios. Tendo uma gigante como o Grupo WorldLink banido Julio, seria improvável que outros quisessem se associar a ele no ambiente de negócios.

Julio estava ciente de que sua carreira tinha acabado.

Ryan estava prestes a sair, quando percebeu que Jenessa estava parada, aturdida. "O que ainda está fazendo sentada aí? Vamos embora."

Ao ouvir essas palavras, Jenessa partiu no encalço de Ryan apressadamente, parecendo uma gatinha correndo atrás do seu herói.

Seus movimentos eram automáticos enquanto observava a figura imponente de Ryan à sua frente, e ela se perdeu num transe.

Por qual razão Ryan a teria ajudado? Além disso, ele até mesmo baniu aquele homem repulsivo da indústria.

Ele teria feito isso depois de descobrir que Julio a assediara?

O coração de Jenessa começou a bater mais forte com esse pensamento, mas ela prontamente o descartou. Afinal, ela não seria tão importante para Ryan, seria?

Ela hesitou, várias perguntas inundando sua mente. No segundo em que ela estava prestes a perguntar a Ryan, ele se adiantou, dizendo: "Ainda tenho outras coisas para resolver, então volte para casa sozinha."

Jenessa assentiu em resposta, suas perguntas nunca tendo sido feitas.

Assim que ela chegou em casa, uma empregada se aproximou com uma xícara de chá de ervas.

"O senhor Haynes comentou que você tinha passado por um momento difícil hoje e então pediu para que preparássemos isso para você. Irá ajudá-la a se acalmar. Por favor, beba."

Surpresa, Jenessa olhou para a xícara de chá. Ryan realmente teria instruído os empregados da casa a fazerem isso?

Ao pensar no bebê que crescia no seu ventre, ela meneou a cabeça suavemente, dizendo: "Obrigada, mas não estou com vontade de tomar chá."

A empregada deu uma piscadela para ela, sussurrando: "Esse chá foi feito com algumas ervas que são ótimas para a fertilidade."

Confusa, Jenessa não conseguia entender quais eram as intenções de Ryan. Será que ele estava mesmo pensando na possibilidade de ter um bebê com ela, como sua avó queria?

Por um instante, uma centelha de esperança surgiu no coração de Jenessa.

Se esse realmente fosse o caso, talvez Ryan quisesse ficar com o bebê!

Jenessa subiu para o quarto e pegou o resultado do teste de gravidez da bolsa, se perguntando se deveria contar a Ryan ou não.

Perdida em devaneios, ela não notou quando Ryan entrou.

"O que está fazendo?", perguntou Ryan, sua voz a assustando.

Jenessa pulou de susto, seu coração batendo acelerado. Sem pensar, ela instintivamente escondeu o resultado atrás dela, gaguejando: "Na... nada."

Estreitando os olhos, Ryan se aproximou dela. "O que está escondendo? Por que parece tão nervosa?"

"Não é nada! Sério!", insistiu Jenessa, seu rosto perdendo a cor enquanto segurava o papel com mais força.

Diante da reação dela, a desconfiança de Ryan apenas se intensificou.

Rapidamente, ele puxou as mãos dela das costas, tirando o documento que ela segurava com facilidade e o desdobrando para ler.