Capítulo 5 Eu sinto saudades dela

- Ah sim, eu acho que já ouvi falar sobre a família Muller. - Eliz comentou sem querer focar muito no assunto.

- A madame Carter é muito amiga da Sra Muller, mas ela não acha que seria uma boa ideia as duas famílias se juntarem, afinal, parece que houve um grande escândalo envolvendo esta família no passado, então, eles tentam reconquistar sua posição desde então.

Eliza tinha um pulguinha dentro de si para saber mais sobre o que Anna tinha a falar, mas ela preferiu que a mulher falasse por conta própria.

- Mas, desde que a madame faleceu, o Sr Carter não tem sentido vontade de mais nada, e nem sei como ele tomou a iniciativa de contratar alguém para ficar com o filho, então, seja bem vinda, Liz, e se precisar de alguma coisa, pode me chamar, agora vem, vou te mostrar a casa.

Anna falou andando na frente de Eliza, que apenas a seguia em silêncio, admirando a bela paisagem. E pelo que ela percebeu, no primeiro andar ficava apenas a sala de visitas, a sala de jantar, e a cozinha, e no andar de cima, ficavam os quartos.

- A casa é bem grande, mas o jovem Bryan gosta de ficar em seu quarto, ou no quarto de jogos, ou no jardim no parquinho, e ele sempre prefere ficar sozinho. - Anna falou se aproximando de um quarto. - Aqui é o quarto dele, pode entrar. - E em seguida abriu a porta, e Bryan estava deitado em sua cama assistindo algum desenho. - Ele sabe ligar a TV e colocar no canal de desenhos, então, quando ele fica em silêncio, provavelmente está assistindo desenho.

- E ele não vai à escola? - Perguntou Eliza, e Anna negou com a cabeça.

- Ele começa seu ano letivo no ano que vem, mas faz algumas atividades as quais temos que levar, como hoje, no começo da tarde ele tem aula de karate, e amanhã, aula de natação, e depois de amanhã, ele faz terapia, são atividades fixas, mas não se preocupe, na cozinha, o Sr Carter deixa tudo anotado no quadro que tem lá, é uma forma de todos sabermos onde o pequeno chefe está. - Ela falou sorrindo. - A madame Carter sempre vem visitar, mas ela sempre avisa antes por que nunca sabe se terá alguém em casa, mas não são visitas frequentes, às vezes 1 vez a cada 2 semanas, só Deus sabe. - Anna respondeu indo até a porta. - E no final do corredor, fica o quarto do Sr. Carter, e no andar debaixo, fica o escritório dele, eu acho que de início é isso, mas se precisar de alguma coisa, pode me chamar, ok?

- Obrigada Anna! - Agradeceu Eliza. - E a alimentação de Bryan, como funciona?

- Isso você não precisa se preocupar, eu mesma preparo e chamo vocês para almoçar, e aqui, o Sr Carter gosta que todas as refeições sejam feitas no horário, e não se importa que os empregados comem junto com eles, isso é algo dele, mas quando a madame Carter estiver aqui, em hipótese nenhuma, coma na mesa com eles, somente neste dia. - Anna falou em tom de alarme, e em seus pensamentos, Eliza já estava achando que a mãe deveria ser uma víbora, ao contrário do filho, que deveria ser um ótimo chefe.

- Tudo bem, muito obrigada! - Agradeceu e Anna sorriu saindo do quarto e fechando a porta.

E depois de uma gigante excursão pela enorme mansão, Eliza e o pequeno Bryan ficaram sozinhos.

- Oi, Bryan, o que você está assistindo? - Liz perguntou se aproximando dele.

- Eu gosto de assistir desenho, me faz dormir. - Ele respondeu com sono, e Liz sorriu se sentando ao seu lado, e ele veio até ela, e a puxou. - Deita comigo? - Ele pediu. - Você não é minha mamãe? - Sussurrou.

- Eu não sou a mamãe, mas, eu posso ser sua amiga, o que acha? - Liz sugeriu tentando mudar de assunto.

- Pode ser, mas você pode não ir embora, igual a mamãe? - Ele perguntou triste. - Eu gostei de você!

- Bryan, querido, sua mãe não foi embora, ela continua aqui, em você! - Liz respondeu apontando para seu peito, onde ficava seu coração, e Bryan colocou a mão em cima da dela.

- Ela tá aqui? - Ele perguntou surpreso. - Mas como?

- Você não sabia? - Liz perguntou brincando, e ele negou com a cabeça. - Ela nunca saiu de dentro de você, e jamais sairá. - Ela falou passando a mão pelos seus cabelos, e ele sorriu, mais animado ao saber disso. - Então, toda vez que sentir saudades dela, ou quiser conversar com ela, por que não coloca mão em seu coração e conversa com ela?

O dia ao lado de Bryan se passou rapidamente, eles brincaram de tudo que podiam, além dela levar ele em suas atividades.

Era por volta das 15 horas, quando recebeu uma ligação da creche de Arthur, informando que ele havia passado mal novamente, e precisava que alguém viesse o buscar.

Liz respirou fundo, pronta para perder novamente mais um emprego, afinal, que chefe gostaria de liberar sua funcionaria no primeiro dia de trabalho?

Ela estava prestes a ligar para John, quando ouviu um barulho de carro no andar de cima, e logo em seguida, viu Bryan sair correndo para o andar de baixo.

- Bryan, cuidado, você vai cair! - Ela falou correndo atrás dele, mas assim que desceu o ultimo degrau, viu John abraçando o filho mais forte que poderia, com medo dele sumir.

- Papai! Você chegou! - Bryan falou feliz.

- E aí, filhão? Se divertiu hoje? - John perguntou se agachando, para ficar no mesmo nível que Bryan. - O que achou de Liz? Ela está aprovada?

- Simmm, ela pode ficar para sempre! - Bryan respondeu animado, e Liz não pode deixar de dar risada.

- Então eu fico feliz ao ouvir isso! - John responde se levantando. - Tudo bem? Eu sempre chego por este horário, umas 15 horas ou o mais tardar uma 17 horas, porque gosto de preparar o jantar com o Bryan.. Você ficará para o jantar certo? - John perguntou, e Liz apenas negou com a cabeça.

- Me desculpe presidente John, mas sei que não é isso que você espera de um funcionário no primeiro dia, mas eu tenho que ir embora. A creche de Arthur me ligou, ele não está bem, na verdade, ele tem uma saúde bem delicada por conta da imunidade dele ser bem baixa, então qualquer coisa o deixa mal. - Liz falou se explicando morrendo de vergonha.

- Para com isso, não precisa se sentir mal, é normal acontecer quando se tem filho pequeno. - John tinha um olhar sério em seu rosto, mas sua voz era doce e compreensiva quando falava. - A escola dele fica muito longe?

- Um pouco, eu vou pedir um UBER, fica uns 15 minutos da empresa. - Ela respondeu pegando seu celular.

- Não há necessidade de pedir UBER, eu mesmo posso te levar com Bryan. - Ele falou colocando sua mochila de couro na mesa da entrada. - Tenho certeza que Bryan vai adorar sair um pouco de casa, não é? - Ele pergunta olhando para o filho que assentiu com a cabeça.

-Não, eu não posso abusar do senhor assim, se eu pedir um UBER, logo chego na escola! - Eliza respondeu negando com a mão, mas John apenas a ignorou.

-Vamos, Bryan? - Ele chamou o filho, e logo os dois caminharam em direção ao carro, sem nem dar chance a Eliza para argumentar contra.

Sem ter o que fazer, ela pegou sua bolsa que estava em cima do sofá e correu atrás deles, e quando chegou no carro, John estava colocando Bryan na cadeira, então, ela deu a volta para se sentar ao lado do menino, mas ele a impediu no meio do caminho.

- Onde você pensa que vai? - Ele perguntou, e ela parou o encarando sem entender.

- Como assim? Eu vou entrar no carro! - Respondeu, e assim que ele acabou de prender Bryan na cadeira, ele abriu a porta do passageiro.

- Por favor? - Ele pediu. - Eu não sou Uber ou motorista particular para você sentar atrás, então, por favor, sente-se aqui. - Ele apontou, e ela sem graça caminhou até lá.

- O Senhor não quer que eu dirija? Afinal, eu sou a empregada, então, vamos trocar de lado. - Liz tentou se movimentar, mas John negou com a cabeça apontando para o bando do passageiro.

- Sr. Carter, o senhor já vai sair? Eu não lembro de Bryan ter alguma atividade agora. - Anna falou indo até eles, e a mulher bondosa mais cedo, mudou completamente, e encarou Liz com um olhar de poucos amigos, como se ela tivesse segundas intenções com seu chefe, mas logo, sorriu amigavelmente.

- Eu vou dar uma saída, e não se preocupe, Bryan não tem nenhuma atividade agora, mas você está liberada, pode ir para a casa! - John respondeu dando a volta no carro e entrando, em seguida deu partida.

Anna ficou do lado de fora do carro, e os encarou enquanto o carro saia pelo enorme gramado da mansão.

-Então, qual o endereço da escola? - Ele perguntou, e Liz colocou no mapa e o guiou até lá.

Esse definitivamente não era o primeiro dia que ela esperava.