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algumas horas, ele desistiu. Desistiu de evitar tais pensamentos e desistiu de surfar. Arrastou sua prancha à areia e se sentou nela. Com os braços ao redor dos joelhos, ele ficou olhando para a água, tentando entender o que acontecera aquele dia. Ele nunca imaginou que voltaria a ver Penny Oaks. Colt passou as mãos pelo rosto e se lembrou dela, deitada naquela cama de hospital. Embora cheio de raiva, embora frustrado e em choque, ele continuava sentindo uma louca atração sexual por Penny Oaks. E insanidade era a única palavra que ele poderia utilizar para descrever o que sentia.
Penny, com sua camiseta e calça jeans, e sem qualquer traço de maquiagem, não fazia o tipo de mulheres com as quais ele costumava se envolver. Ele gostava de mulheres ágeis e independentes, sem maiores expectativas além de uma boa noite na cama. Penny, no entanto, era outra coisa... e ele sabia disso. Aquele dia na convenção, há dois anos, assim que colocou os olhos nela, Colt a desejou. Com apenas uma olhadela, ele não conseguiu mais parar de pensar naquelas pernas longas enroladas à sua cintura. Queria tomar sua boca de assalto. Queria sentir seu hálito roçando sua pele. E o pior é que ela o continuava afetando da mesma maneira. Mesmo deitada em uma cama de hospital, com seus cabelos longos e vermelhos caídos ao redor do rosto, com seus olhos verdes brilhando de dor e pânico, ele a desejou com tanta força que foi obrigado a sair correndo do hospital. Após Las Vegas, ele enterrara suas memórias e se perdera nos braços de dezenas de mulheres, todas temporárias. Mas a verdade é que nunca foi capaz de se esquecer por completo de Penny. E agora ela estava de volta (com dois filhos) e ele não seria capaz de arrancar essas crianças da sua vida, embora, sendo sincero, algo lhe dissesse que seria um péssimo pai. A praia estava praticamente vazia e o pôr do sol tingia as nuvens de tons laranja e rosado. As ondas não paravam de quebrar na costa, e um pouco além da arrebentação um punhado de surfistas continuava buscando a onda perfeita. – Você não é um idiota. Colt nem precisou girar o rosto para saber quem falava. A voz do seu irmão gêmeo era inconfundível. – Obrigado por ter vindo até aqui – disse ele. – Mas agora você já pode seguir o seu caminho. – Tudo bem. Eu já vou. – Porém,em vez de ir embora, Colton se sentou na areia, ao lado do irmão, e instintivamente se postou na mesma posição que ele. Abraçou os joelhos e ficou olhando para o mar. Os dois eram muito parecidos, e normalmente nem precisavam dizer nada um ao outro, pois sabiam o que o irmão estava pensando. Naquele dia, porém, Colt percebeu que nem ele sabia o que estava pensando. Desejo sexual, sim. Fúria, sim. Mas havia muito mais... Como entender tudo o que sentia? Lembranças tomavam conta da sua mente, chocando-se contra a parede do seu cérebro e se misturando a novos pensamentos. Assim como aquela perigosa praia, a mente de Colt era um local muito arriscado naquele momento. – Você não deveria surfar sozinho por aqui, lembra? – perguntou Connor. Era verdade. Nem mesmo os loucos por adrenalina deveriam cruzar certas fronteiras. No entanto, naquele dia, ele não se importava com nada. Mas não admitiria isso a Connor. – Eu não estava sozinho – disse Colt. – Tem pelo menos uma dúzia de homens por aí. – Sim, eu sei, e todos estão cuidando – Sim, eu sei, e todos estão cuidando uns dos outros. Você não percebeu que as ondas estão enormes? – Claro que percebi – respondeu Colt, entre os dentes. As ondas estavam ainda maiores que o normal naquele dia. O risco era muito, muito grande. Caso fosse pego por uma daquelas ondas, as águas o arrastariam para longe e seria impossível voltar nadando. – Mas eu não preciso ser controlado por você. – Tudo bem. Eu não vou controlar nada, mas não se esqueça do que eu disse... caso resolva surfar sozinho por aqui. – O quê? – perguntou Colt, olhando – O quê? – perguntou Colt, olhando para o irmão. Connor deu de ombros. – Eu não quero ouvir a famosa frase: "Eu deveria ter dado ouvidos ao meu irmão...". Colt fez que não com a cabeça e voltou a olhar para o mar agitado. Um mar frio que lançava sua fúria contra a costa, espirrando suas águas cristalinas com toda a força. No céu, as gaivotas faziam muito barulho, como se percebessem o perigo. Ele nem precisava pensar para entender como Connor o encontrara por ali. Nos últimos dez anos, Colt passava grande parte do tempo em busca de aventuras. Sempre correndo atrás do perigo e vencendo-o. Ele não era apenas um homem que trabalhava no seu escritório, o homem que vestia sérios ternos e gravatas. Até mesmo quando estava naquela sala, com seu janelão aberto ao espetacular oceano Pacífico, à linda costa da Califórnia, ele se sentia atraído pelo mar e preso entre suas quatro paredes. Por isso, provavelmente, era ele o responsável pela busca de novas aventuras, e seu irmão o responsável pelo andamento da burocracia do escritório. Ele tremia só de pensar em ficar preso atrás de uma mesa. Assim como os clientes da King's Extreme Adventures, Colt estava sempre em busca de mais adrenalina. Mergulho, saltos, surfe, voos... Ele experimentava tudo, e não tinha qualquer intenção em parar de fazê-lo. Mesmo naquele momento, após ficar sabendo de toda aquela novidade. – Você já viu os gêmeos? – Não – respondeu Colt, franzindo os olhos e tentando ignorar as batidas frenéticas do seu coração. – Por que não? – Porque eu estou muito chateado com a mãe deles. Connor deixou escapar uma risada nervosa. – Imagino que a mãe deles também não esteja muito feliz com sua aparição. Ele olhou para o irmão e perguntou: – E você acha que eu me importo com isso? – Não. Mas eu sei que as crianças se importam. Ao ouvir isso, Colt ficou assustado. – E você acha que eu sei ser pai? Connor deu de ombros. – Nós tivemos um bom modelo em casa, eu acho... – Ah, claro que tivemos. – Os seus pais foram maravilhosos até o dia em que... Ele sentiu uma pitada de raiva remoendo suas entranhas, mas se esquivou dela, como sempre fazia. O passado não significava nada naquele momento. Ele só deveria pensar no presente. E no futuro. – Mas isso não significa que eu poderia me sair bem no papel. – Por outro lado, também não significa que você será o pior pai do mundo. Colt sorriu e passou uma das mãos pelos cabelos ainda úmidos. – Chega desse papo de autoajuda. Connor sorriu e voltou a olhar para o oceano. – Você não precisa de autoajuda, a menos que não acredite que os filhos sejam seus... – Não – respondeu Colt, fazendo que – Não – respondeu Colt, fazendo que não com a cabeça e agitando os ombros. Claro que ele chegara a pensar nessa possibilidade, e tal pensamento surgiu logo após ter levado um soco de Robert Oaks. Mas não durou muito tempo. – Penny não é mentirosa, nunca foi... ainda que tenha escondido os gêmeos de mim – disse ele. – Além do mais, se ela estivesse tentando empurrar os filhos de alguém para o meu colo, já teria me pedido dinheiro há muito tempo. – Isso é verdade. Mas ainda assim você deveria fazer um teste de paternidade. Você deve estar atento aos procedimentos legais. Sim, ele faria tudo