Acredito que estou alucinando não é uma fantasia minha, pensar no meu sequestrador, porém, essa era eu. A mulher doida que adorava um homem bruto como ele.
Já passei por muitos relacionamentos nos quais eu perdi o interesse e acabei achando que o melhor para mim, era ficar solteira para sempre.
Mas parece que o sempre estava prestes a acabar. O que realmente esses homens querem de mim?
Dinheiro? Bem, eu tenho uma boa quantia no banco, mas nada milionário, que fará alguma diferença para eles.
Sou filha única, meus pais são tipo vagantes e adoram viver viajando e entrando na natureza, e não temos muito dinheiro para ser cobiçado por esses criminosos.
No momento, estou com as mãos algemadas, dentro de um quarto grande, com janelas e cortinas, que dançavam com o vento. A janela estava entre aberta, havia uma enorme cama king size, com lençóis brancos, mobília contrastante, elegante e simples, havia um banheiro e closet.
Seja lá quem for, que me trouxe até aqui, tem muito dinheiro no bolso, o que me trás toda essa incerteza.
Então, ouço passos e pela fresta da porta, no chão, vejo alguém se aproximar.
Meu coração se alarma, entra em desespero, quase saindo pela boa. Minhas mãos estão suadas e fico incomodada com a algema, que estava machucando meus pulsos.
Então, alguém abre a porta e entra. Era ele, o homem que me tirou, bruscamente, do meu carro e me trouxe até este quarto.
Eu realmente estava tentando apenas focar no quanto tudo isso era assustador e não na beleza dele, que certamente me deixava tonta.
- Até que enfim - Eu deveria ficar calado e não provocar essa homem, porém, acabo falando as coisas sem pensar. - Você pode me explicar o que está acontecendo.
- Você não tem medo de nada, não é mesmo?
- Eu deveria ter medo? - Franzi o cenho e pensei. - Certo. Você me sequestrou, me ameaçou, colocou-me nesse quarto, presa, eu deveria ver os sinais.
- Você realidade é uma médico, ou peguei a mulher errada?
Quando o encarei, ele estava com o cenho franzido. O que me fez rir.
- Doutora Ava Steven, formada em cardiologia, residência no hospital Hope health, onde eu estou trabalhando atualmente, como chefe da cardiologia, a mais nova na história do hospital.
Eu falei tudo isso com muita empolgação. Acho que me vendi muito, para tão pouco entusiasmo dele. O homem, que ainda não sei o nome, apenas me encarou com seu olhar fixo e sem emoção.
- Ótimo, doutora, então, que tal deixarmos de lado as diferenças e seguirmos com o plano?
- Desculpa, bonitão, mas... Qual seu nome mesmo? - Levantei da cama e caminhei até ele, sem perceber. Quando vi, já estava perto o bastante para sentir o seu perfume. Aproveitei para dá uma olhada geral, coisa que não fiz antes. Ele realmente tinha tatuagem por todo lado, mas também tinha músculos e cicatrizes.
- Logan, mas não está em um Spar, tem um trabalho para fazer.
Confusa, pisquei algumas vezes e disse:
- Tenho? - Confusa, Franzi o cenho. - Que trabalho?
Logan pegou algo no bolso. A chave das algemas, e me soltou. Meus pulsos estavam doendo. Na verdade, tudo em mim doía.
- Meu pai foi baleado. - Arregalei os olhos. - Há uma bala alojada no peito, que causou um dano em uma das artérias.
- Qual o estado do paciente, agora? - foi automático.
- O médico que nós ajudou, apenas parrou a hemorragia, mas ele ainda está em estado grave. Eu precisava de um cardiologista, e parece que você é a melhor, na cidade.
- Sou sim, muito obrigada. - Não sei o porquê, mas acabei esquecendo os fatos e da minha situação. Esse homem me sequestrou para salvar o pai dele, sem necessidade. Fiquei perdida nos pensamentos, contudo, um flash em minha mente me trouxe de volta. - Logan - Dei um sorriso. Ele estava perto de mais, por isso dei dois passos para trás. - Você, simplesmente, poderia transferir seu pai para o hospital em que trabalho, então... por qual razão eu estou presa aqui?
Não seja idiota, Ava. Será que não vê o obvio?
Claro que sim, mas quero pensar positivo. Ouço muita coisa, quando não estou na sala de cirurgia, ou estudando casos raros, porém, eu nunca apostaria que esse homem é um criminoso.
- No hospital farão muitas perguntas. - Respondeu, duro. - Vamos deixar de papo. Você tem um trabalho para fazer.
- Depois disso, posso sair?
Minha esperança era essa. Por isso cogitava ser boazinha. Pensando bem, é melhor eu não saber de muito. Assim, não corro risco algum.
- Se meu pai sobreviver, sim.
Isso é muita pressão. Não pode pôr nas minhas mãos, a responsabilidade de salvar, 100%, a vida de uma pessoa.
Apesar de estudar e desejar que todos os meus pacientes sobrevivam, não posso garantir isso, afinal, há muitos fatores de risco, além do mais, é uma cirurgia cardíaca, tudo pode acontecer.
- Bonitão - Eu tinha que parar de chama-lo assim. Apesar de ser sexy, com esse corpo todo musculoso e tatuado, as cicatrizes até era excitante, e ainda tinha o perfume, o cabelo preto, escorrido, olhos verdes, intenso, e a barba...
- Você tem alguma avaliação, doutora? - Levantou uma das sobrancelhas, me encarando. Ele não estava de bom humor. Obvio que não, Ava. O pai dele está quase morrendo. Para de ficar admirando esse idiota. Ele é um criminoso. Ou não teria sequestrado você.
- Desculpa. - Fiquei vermelha de vergonha. - Tenho que informar que, apesar de ser boa no que faço, qualquer cirurgia cardíaca que realizo, tem riscos, ainda mais com o quadro do seu pai.
- Sei que vai dar um jeito. Ou vai ter o mesmo fim que ele.
Logan se projetou sobre mim, com um olhar assustador que me fez engolir em seco.
- Não pode por minha vida, ou a do seu pai, nas minhas mãos medicas. Há riscos....
- Salve a vida dele, e terei piedade.
- Achei você muito abusado. - Disparei, irritada. - Está em uma posição de comando, sei que seu pai corre riscos, mas não lhe dá...
- Descanse, doutora Steven, amanhã, entrará na sala de cirurgia e salvará o meu pai, caso contrário....
- Você me mata, eu já entendi, seu idiota. - Saiu sem que eu percebesse, mas naquele momento, com raiva, não me importei, contudo, ele sim, e me agarrou, colocando contra a parede.
Logan segurava o meu pescoço com uma certa força que quase me deixou sufocada. O olhei nos olhos, com as mãos na sua, tentando me soltar. Ele me encarou tão de perto que senti um frio passar por minha espinha.
Ele exerceu uma energia fora do comum, onde me deixou com medo, pela primeira vez.
- Tome cuidado com o que fala, bonequinha. - A voz grave, perto do meu ouvido, deixou meu corpo gelado.
- Vai me matar antes que eu tente salvar o seu pai. - Um dos meus problemas era debater com alguém, mesmo ele sendo bem mais forte do que eu. Era instintivo, e Logan despertou essa mulher em mim. - Cuidado com as mãos. São elas que vão o salvar.
Curiosamente, ele encarou meus labos, quase me fazendo pensar que ele me beijaria. Então, ele me soltou.
Finalmente pude respirar direito.
- Não me faça matar você, doutora. Agora, descanse. Meu pai precisa que você o salve. Caso contrário, duas famílias irão enterrar um ente querido.
Sendo assim, ele saiu, batendo a porta. Sozinha, arregalei os olhos e disse a mim mesma:
- Qual o seu problema? - Jamais imaginei que faria tal loucura. O homem, claramente, é um criminoso, não posso provocar um homem assim. - Meu Deus, me ajude a passar por isso. Não posso continuar provocando um homem como esse. Ele pode me matar.