Capítulo 4 Ela é louca

Logan

Essa mulher é louca. Só pode. Como pôde falar comigo daquele jeito?

Ava Steven era uma ótima cirurgiã. Eu nunca traria até aqui, uma pessoa que não fosse excelente no que faz. Estávamos falando da vida do meu pai, mas jamais apostaria que ela era assim... provocativa.

Nenhuma mulher jamais me tratou assim. A maioria tinha medo, as que me conheciam, tentavam me seduzir, para se deitar comigo, porém, Ava... ela não teve medo de me dizer aquelas palavras, mesmo eu dizendo que poderia a matar.

O pior... isso me excitou de um jeito que não consigo explicar. Ela me provocou, me olhou nós olhos, mesmo eu segurando seu pescoço, com força.

Poderia acabar com sua vida, antes mesmo dela piscar os olhos, contudo, a mulher não baixou a cabeça.

Mas tenho que lembrar de que, ela é apenas uma forma de salvar o meu pai, e depois disso, vou matá-la, mesmo que prometa a ela, que sairá daqui viva, caso ele sobreviva.

- Então, como está a doutora? - Elijah chega, me despertando. No fundo, o agradeço por isso, mesmo que o assunto ainda seja a maldita.

Vou até o minibar, no canto da sala, esperando beber algo. Minha cabeça doía e estava sem paciência.

- Elijah, você poderia falar sobre outra coisa?

- Logan, sei que está estressado com isso. O papai vai ficar bem. Você mesmo disse que...

- Ele pode morrer a qualquer momento, acha que vou relaxar?

- Você sequestrou uma cirurgia cardíaca, ela é a melhor, acho que isso já é alguma coisa.

- Fico impressionado com a sua calma.

- Me estressar e quebrar tudo que vejo pela frente, não irá ajudar. Deixa a mulher fazer o trabalho dela.

É, mas o trabalho dela é salvar uma vida. Não é como se fosse trocar alguns fios ou algo do tipo. Estávamos falando do nosso pai. Contudo, Elijah não se importava tanto, com a sua sobrevivência.

- Se ele morrer, pelo menos, irá senti algo?

Virei-me para meu irmão, que estava sentado no sofá. Ele parecia aéreo com a minha pergunta.

- Não é que eu não sinta nada - baixou a cabeça. - Nosso pai sempre preferiu o trabalho, a liderança. A mamãe, era mais afetuosa e ela sempre disse que... tudo o que ele mais queria era um filho para sucede-lo, e você nasceu primeiro. Foi o orgulho.

Eu não gostava de tocar no assunto mãe. Ela deixou um buraco em nossos corações, que não tem nada que preencha. Não acho que algum dia vá existir algo que preencha.

- Ser o primogênito não foi e nem é, fácil.

- Mas ele ama você. - Apontou. Elijah sempre guardou esse rancor. Nosso pai não era o melhor do mundo. Ele fazia, e faz, coisas que nos afeta, e é verdade que ele sempre esteve ao meu lado, mas não significa que seja por amor. Pode até existir isso, no fundo do seu peito, mas ele não deixa sair tão facilmente. - Se fosse eu e você, no meio do fogo cruzado, ele escolheria salvar você.

Respirei fundo, deixando o como no balcão de vidro, indo até ele. Sentei-me ao seu lado, baixando a cabeça.

- Sabe que, nesse mundo em que vivemos, amar é complicado. - A única pessoa que realmente nos amava, morreu e por isso eu jamais penso em amar uma pessoa. Ela era a única coisa boa nisso tudo. E a perdemos. Jamais quero senti essa dor novamente. - Não sei dos sentimentos do nosso pai, mas sei que ele tentaria salvar nós dois. - Elijah permaneceu calado. - Talvez, assim como eu, ele pense que, amar alguém, signifique fraqueza. Sabe que é difícil ser quem somos. Olha só o que aconteceu. Imagina se entregar de corpo e alma, e depois, perder aquela pessoa.

- Eu amava a mamãe, e... até você, eu amo. - Sorri, batendo de leve em suas costas. - Apesar de corrermos o risco de perdem quem amamos, eu não deixo de me afeiçoar a você ou a... ele. Mas o papai nunca me olhou no rosto e disse que se orgulhava. Ele nunca me deu um pouco do seu conhecimento ou tempo. Sempre me critica.

- Você não ajuda, sendo teimoso.

- Sou assim para que ele me note.

- Elijah, não precisa fazer merda para ser notado. Apenas...

- Pareça com você. - Completou, com seu tom ríspido. Ele se levantou, ainda irritado. - Não sou como você, irmão. - Me encarou. - Por isso ele nunca irá se orgulhar.

Eu me levantei, contudo, Elijah saiu da minha frente. Mesmo querendo confrontá-lo sobre esse argumento.

Não havia tempo para concertar o passado ou o sentimento de alguém. E eu não achava que seria eu a mudar algo.

Ficando sozinho, voltei a pensar na mulher que dormia no quarto de hóspedes. Bem, ela não era uma convidada. E esperava não ter que ficar com ela por muito tempo. Ou enlouqueceria.

Que mulher era essa que me desafiava?

Será que ela não tem medo da morte?

Morte. Quando pensei em trazer essa mulher para cá, não sabia, exatamente, como resolveria esse problema, depois que ela operasse o meu pai.

Apenas, no desespero, busquei pelo melhor na área. Quando soube sobre a excelência dela, achei que tinha encontrado a pessoa certa, porém, como traria uma cirurgiã para ajudar o meu pai, sem ter que revelar alguma coisa sobre nós?

Se pedisse uma transferência, era provável que o FBI aparecesse e prendesse a todos. Por isso tínhamos uma clínica clandestina.

Nada era tão fácil. Por isso estou nesse fogo cruzado. Ava Steven está desaparecida. Por sorte ela mora só, mas logo sentiriam a falta dela, e se eu a deixasse ir, depois do trabalho concluído, ela poderia abri o bico e não posso deixar que isso aconteça.