A Casa da Vida
img img A Casa da Vida img Capítulo 4 Perguntas diretas
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Capítulo 6 Um passeio na praia img
Capítulo 7 Um novo começo img
Capítulo 8 Apenas algumas horas img
Capítulo 9 Felicidade antes da tragédia img
Capítulo 10 Viver não deveria ser uma luta constante img
Capítulo 11 Tragédia img
Capítulo 12 Um tempo precioso img
Capítulo 13 Uma boa proposta img
Capítulo 14 Sem conversa, apenas companhia img
Capítulo 15 Um casamento nada convencional img
Capítulo 16 Juntos de verdade img
Capítulo 17 Os piores cinco anos da minha vida img
Capítulo 18 Um coração inflado de amor img
Capítulo 19 O encontro da minha vida img
Capítulo 20 A verdade sobre ele img
Capítulo 21 Uma visitante img
Capítulo 22 Um passado de dor img
Capítulo 23 Esperança img
Capítulo 24 Todas as coisas que serão perdidas img
Capítulo 25 Um novo amor img
Capítulo 26 Uma vida incrível img
Capítulo 27 O último desejo img
Capítulo 28 O dia que eu mais temia img
Capítulo 29 Tempo img
Capítulo 30 Sem pontas soltas img
Capítulo 31 Epílogo img
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Capítulo 4 Perguntas diretas

- Preciso descansar um pouco. - minha mãe interrompeu a narrativa e se remexeu no colchão.

- Exatamente agora? - me levantei para ajudá-la a se ajeitar melhor, mas estava realmente muito curiosa.

- Sim. - ela sorriu suavemente, provavelmente percebendo que eu estava envolvida pela história.

Eu sabia que não adiantava insistir, então fechei as cortinas e esperei até que sua respiração se regularizasse antes de sair do quarto e fechar a porta.

A maioria das pessoas já estava do lado de dentro, nos quartos ou na sala comum. O rapaz mais jovem continuava no mesmo lugar, agora acompanhado pela idosa muito bem arrumada do café da manhã.

Ainda um pouco envergonhada pela minha falta de jeito mais cedo, procurei evitar o contato visual e saí para a varanda vazia. O sol estava um pouco forte demais, mas ainda havia um canto nas sombras onde eu poderia me abrigar.

Era difícil imaginar minha mãe, sempre com as unhas bem feitas e cabelo impecável, andando na areia descalça e se encontrando com um rapaz furtivamente.

- Oi. - levei um susto com a voz ao meu lado - Não foi minha intenção te assustar. - era o jovem.

Desci minha mão, que instintivamente tinha subido no peito, e tentei não parecer tão sem jeito quanto antes.

- Oi. Tudo bem, eu estava mesmo distraída. - minha voz saiu comum como eu tinha desejado.

Ele sorriu, e notei como os dentes pareciam bem alinhados.

- Você não deixou eu me apresentar mais cedo. - havia um brilho de divertimento em seu rosto, mas eu duvidava que fosse apontar descaradamente meu fracassado contato inicial. - Meu nome é Yan.

- O meu é Helena. - tentei sorrir também, mas eu não era muito acostumada com contatos sociais e expressões faciais cordiais.

Yan não pareceu notar nada de errado.

- Esse lugar é muito bonito. - comentou, olhando para a longa faixa de areia.

- É. - dei de ombros - Apesar de tudo, a paisagem é realmente agradável.

- Apesar de tudo? - repetiu, me observando com curiosidade.

- Ah, você sabe. - encolhi os ombros, desejando não ter falado aquilo - O que estamos fazendo aqui e tudo mais...

- O que estamos fazendo aqui... - ele disse a frase como se quisesse que eu a completasse.

- Ser um acompanhante é difícil. - simplifiquei - A senhora que está acompanhando é sua vó?

Ele levou um segundo para responder, e enquanto isso observou meu rosto com interesse.

- É, ela é minha avó. - por fim, seus olhos voltaram para o mar.

- Eu estou com a minha mãe. - prossegui, relaxando gradualmente.

Yan assentiu com a cabeça, mas não fez qualquer comentário. Parecia à vontade com o silêncio entre nós, mas eu estava um pouco incomodada.

Não sou uma pessoa naturalmente sociável. Nunca fui do tipo que conversa com qualquer pessoa, que puxa assunto com estranhos no mercado ou na fila para o cinema. Eu gosto de me programar quando tenho que interagir, e estar parada ao lado de Yan me deixava levemente ansiosa.

- Você não parece muito tranquila no momento. - ele disse repentinamente.

- Você acha? - dei de ombros.

- Seu pé está ritmadamente batendo no chão. - Yan olhou para eles, e eu imediatamente parei - Por que está agitada desse jeito? - seus olhos foram para meu rosto.

- Eu estou bem. - falei com firmeza.

- Eu não disse que não estava.

Yan continuou me olhando, mas não disse nenhuma palavra. Talvez estivesse esperando alguma resposta, mas eu não daria nenhuma.

- Preciso ver minha mãe. - dei as costas e voltei para o interior da casa.

Maria Cecilia continuava dormindo na mesma posição de antes, como imaginei que estaria. Mas era melhor ficar lá dentro do que escutar as perguntas diretas dele.

Saímos do quarto apenas perto do horário de almoço, depois que a enfermeira ajudou minha mãe a tomar um banho. Nesse meio tempo, ela não quis continuar sua história.

Acomodadas em nosso lugar de costume, me surpreendi com Yan e sua avó sentando-se bem diante de nós duas. Eu precisava admitir que a senhora era incrivelmente impecável.

- Vovó, essa são Helena e sua mãe. - ele nos apresentou educadamente.

- Maria Cecilia. - minha mãe se apresentou.

- Maria Luisa. - a outra acenou com a cabeça.

- Duas Marias, precisamos de uma terceira. - minha mãe sorriu com alegria - Minha mãe gostava de ver as três Marias no céu.

A outra deu apenas um sorriso educado e se concentrou em comer, mas felizmente isso não abalou em nada a alegria no rosto dela. Troquei um olhar com Yan e foi impossível não sorrir.

Havia alguma coisa nele que eu não sabia identificar, mas me deixava mais a vontade do que com a maioria das pessoas - mesmo com as estranhezas de mais cedo. Com outras pessoas, eu costumava ser totalmente fechada e sem vontade nenhuma de mudar isso.

- Vamos, Helena... - Maria Cecilia me cutucou minutos depois - Precisamos continuar nossa conversa.

- Sim, claro. - esbarrei na mesa ao levantar, chacoalhando os pratos de todos ao nosso redor.

Senti o rosto esquentar enquanto imaginava todo refeitório virando para ver quem estava perturbando a refeição. A única coisa que vislumbrei foi o sorriso sincero de Yan antes de me focar completamente em nos tirar de lá.

- O rapaz pareceu gostar de você. - minha mãe disse assim que passamos pela porta do quarto.

- Mãe, não comece a ver coisas. - reclamei, mas senti algo estranho se agitar dentro de mim.

- Não comecei nada. - ela suspirou enquanto passava da cadeira de rodas para a cama - Apenas observei.

- Acho que está vendo coisas demais. - fui me sentar em meu local de costume - Mas, de qualquer forma, ele parece muito jovem.

- Você também é jovem, Helena. - ela usou seu tom materno - Só acha que não.

Me vi desesperada para mudar de assunto.

- Bom, então ele é mais jovem ainda. - cruzei os braços - Mas vamos falar de você jovem.

Ela riu enquanto se acomodava melhor, depois me olhou e sorriu.

- Certo, vamos lá...

            
            

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