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A festa havia terminado, mas o coração de Amália ainda pulsava com a intensidade do que havia vivido. Ao se afastar da multidão, os olhares de Rui e Amália se cruzaram uma última vez, repletos de promessas silenciosas. A decisão estava tomada: não deixariam que a história se repetisse como antes. Eles se encontrariam na noite seguinte, longe dos olhos curiosos e das rivalidades que ainda marcavam suas famílias.
- Às margens do rio, ao anoitecer - murmurou Rui, antes de se perder na escuridão.
O dia seguinte foi uma eternidade para Amália. Cada hora parecia se arrastar, e a ansiedade a acompanhava em cada atividade diária. Ela tentava se concentrar em suas obrigações, mas a imagem de Rui não saía de sua mente. As histórias sobre os amores proibidos e as lendas que cercavam o rio pareciam vibrar dentro dela, como se ecoassem pela eternidade.
Ao entardecer, Amália preparou uma pequena mochila com algumas frutas, pães e um jarro de água. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, e a jovem sentia a expectativa crescer em seu peito. Com um último olhar para a casa, ela se despediu de sua vida habitual e partiu em direção ao rio.
A caminhada até as margens foi rápida, mas cada passo parecia um desafio. Ao chegar, o cheiro da terra molhada e o som da água corrente a acolheram. As sombras da noite começaram a se alongar, e o brilho das estrelas despontava no céu, como se a própria natureza estivesse celebrando seu amor.
Quando Amália avistou Rui, seu coração disparou. Ele estava encostado a uma árvore, seus cabelos à luz da lua brilhavam como ouro. A expressão dele era de ansiedade, mas ao ver Amália, seu rosto se iluminou com um sorriso que fez a jovem sentir que estava exatamente onde deveria estar.
- Amália! - ele exclamou, correndo para ela. - Eu estava começando a me preocupar.
- Eu também - respondeu Amália, aliviada ao estar em sua presença. - Mas eu sabia que você viria.
Eles se abraçaram com força, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido. A conexão entre eles era palpável, e as palavras eram desnecessárias. A partir daquele momento, nada mais importava. Estavam ali, juntos, decididos a viver um amor que desafiava o tempo e a tradição.
Depois de se separarem, Amália abriu a mochila e tirou as iguarias que havia trazido. - Trouxe algo para nós - disse ela, sorrindo. - Uma pequena refeição para celebrar nosso encontro.
Rui riu, um som que parecia ressoar entre as árvores. - Você é cheia de surpresas, não é?
Enquanto compartilhavam a refeição sob o céu estrelado, as conversas fluíam naturalmente. Eles falavam sobre sonhos, esperanças e até mesmo sobre os temores que os rodeavam. O rio, que um dia fora testemunha de dor, agora era um cenário de amor e liberdade.
- Você acredita que o amor pode superar tudo isso? - perguntou Amália, seu olhar sério.
Rui segurou a mão dela, seus dedos entrelaçados. - Acredito. Não podemos deixar que o passado determine nosso futuro. Nós temos que lutar pelo que sentimos.
Amália sorriu, e naquele instante, tudo parecia possível. Contudo, em seu coração, uma sombra de preocupação persistia. As rivalidades entre seus povos ainda existiam, e a história de Aline e Rafael sempre seria um lembrete dos perigos de um amor proibido.
A noite avançava, e a conversa entre eles se tornava cada vez mais íntima. Rui se aproximou, seus olhos profundos refletindo a luz da lua. - Amália, você não tem ideia do que você significa para mim. Desde aquela festa, eu sabia que havia algo especial entre nós.
Ela sentiu um calor se espalhar por seu corpo. - Eu também, Rui. Nunca imaginei que poderia encontrar alguém assim... alguém que faz meu coração bater mais rápido.
Mas a tranquilidade foi interrompida por um som à distância. Os risos e vozes de grupos que se aproximavam começaram a ecoar nas margens do rio, e o medo se instalou instantaneamente.
- Eles estão vindo! - sussurrou Amália, olhando em direção ao som. - Precisamos nos esconder!
Rui rapidamente puxou-a para detrás de uma árvore frondosa, onde poderiam observar sem serem vistos. A adrenalina corria em suas veias, e a proximidade aumentava a intensidade do momento. Eles se encararam, os rostos a poucos centímetros um do outro.
- Não podemos deixar que nos separem - disse Rui, a respiração entrecortada.
- Nunca! - respondeu Amália, a determinação em sua voz clara como a água do rio.
O grupo passou sem perceber, e quando a última voz se apagou na distância, Rui e Amália respiraram aliviados, ainda escondidos na sombra.
- Isso só torna tudo mais real, não é? - Rui murmurou, sua mão acariciando o rosto de Amália. - A sensação de que precisamos lutar por nós.
Amália assentiu, o coração acelerado. Com a coragem renovada, ela tomou a iniciativa, aproximando-se mais dele. - Vamos nos encontrar novamente, não importa o que aconteça.
- Prometo - Rui respondeu, sua voz firme.
Eles compartilharam um beijo suave, um gesto que selou o compromisso entre eles, e sob a luz da lua, o eco de Aline e Rafael pareceu sussurrar em aprovação. O rio, guardião de suas promessas, testemunhava a nova história que se desenrolava.