Capítulo 4 Prisão horrível

Ponto de vista de Debra:

"Explique-se, Debra. O que diabos aconteceu?"

As veias azuis na testa do meu pai pulsavam, indicando o quanto ele estava irritado. "Quem é o pai dessa criança?"

Só pude morder meus lábios, sentindo-me sem palavras e atordoada demais para pensar direito.

Marley, como sempre, não perdeu a oportunidade de agravar a situação. "Debra, você realmente nos envergonhou. A filha de um Alfa se entregando antes de ter um companheiro designado? Nunca vi isso! É uma desgraça que pode manchar o nome da nossa matilha para sempre."

Sem alternativas, acabei confessando.

"Eu só estive com uma pessoa: Caleb Wright, o Alfa da Matilha da Noite Eterna. Ele é meu companheiro."

"O quê? Você tem certeza?" O rosto do meu pai ficou petrificado.

Sua expressão oscilava, mas, pouco a pouco, ele foi se acalmando e murmurou: "Espero que esteja falando a verdade."

Embora Caleb fosse conhecido por sua reputação controversa, todos sabiam que ele era um Alfa poderoso, e sua matilha prosperava sob sua liderança.

Esse fato parecia tornar a ideia mais aceitável para meu pai, pois ele viu a possibilidade de manter nossa reputação intacta.

"Vou verificar isso", ele declarou, embora sua voz já não estivesse tão hostil: "Mandarei alguém perguntar a Caleb. E se eu descobrir que você está mentindo, irá se arrepender amargamente."

Com isso, meu pai ordenou que eu fosse trancada enquanto ele resolvia a situação.

Mas, sem que ele soubesse, Marley instruiu os guardas a me colocarem na pior cela de todas, uma usada para prisioneiros traidores e os criminosos mais desprezíveis.

O local era sombrio, úmido e com um cheiro horrível de urina. O único cobertor estava rasgado e imundo, pior até do que roupas de moradores de rua.

Assim que fui empurrada para dentro, meu estômago revirou, e não pude segurar o vômito. A dor era lancinante, e eu só conseguia me encolher no chão, buscando algum alívio, enquanto meu corpo tremia de frio.

Durante a noite, o frio se tornava insuportável, e eu sentia que morreria congelada.

"Ei, acorde! Está na hora do café da manhã", um dos guardas falou de forma rude.

Ele jogou um pedaço de pão embolorado e empurrou uma tigela de água na minha direção.

O cheiro da água era terrível, como esgoto, e apenas sentir o odor de longe já me fez vomitar novamente.

O guarda zombou: "Ah, você tem o paladar exigente, não é?"

Engoli a náusea e retruquei: "Isso não é comida!"

Ele chutou a tigela. "Então fique sem comer! A Luna Marley nos deu ordens para garantir que você sofra aqui."

Marley... Aquela mulher desprezível estava por trás disso!

Ela me odiava mais do que eu imaginava. A única coisa que ela ainda não havia feito era tirar minha vida.

Furiosa, jurei que faria minha madrasta pagar por tudo isso.

Uma vez meu pai descobrisse a verdade e limpasse meu nome, eu reuniria todas as provas necessárias para acabar com a aliança entre a nossa matilha e a Matilha Sombra da Lua. Então, meu pai veria o verdadeiro caráter de Marley.

Com ódio alimentando minha vontade de resistir, peguei o pão embolorado e dei uma mordida.

******

O sofrimento perdurou por três longos dias. Quando Vicky finalmente veio me visitar, eu estava encolhida num canto da cela.

Assim que me viu, ela correu até mim, mas notei que mancava ao andar.

"Vicky, o que aconteceu? Você está machucada?", perguntei, preocupada.

Ela tentou desviar do assunto, apenas colocando uma marmita ao meu lado e me abraçando. "Debra, minha querida, você sofreu tanto."

Com o olhar cheio de dor, ela acariciou meu rosto. "Como puderam fazer isso com você? Você é a filha do Alfa! Foram apenas alguns dias, mas já está tão magra."

Entre soluços, Vicky me ajudou a sentar e começou a me alimentar com cuidado.

Quando ela ergueu o braço, vi o corte sob sua manga.

Era um corte longo e profundo que ia do pulso até o ombro, e logo percebi que fora feito por um chicote. O ferimento era tão feio que parecia ter rasgado sua pele. Quem deu a chicotada com certeza usou toda a sua força.

Horrorizada, levantei a blusa dela e vi que seu corpo estava cheio de marcas.

Não havia um único pedaço de pele sem ferimentos.

Não era de se espantar que ela não tivesse vindo antes. Talvez sequer tivesse força para se levantar da cama.

Só pude imaginar quanta dor ela estava sentindo.

Meu coração se encheu de fúria, fazendo-me tremer de raiva. Ao perceber isso, Vicky tentou me acalmar. "Estou bem, não se preocupe."

"Vicky, o que houve?", implorei por respostas. "Diga-me!"

Ela suspirou, acabando por ceder. "Depois que você foi presa, tentei defender sua inocência, pois sabia que Marley faria de tudo para que você não escapasse. Procurei alguém que pudesse confirmar que Caleb estava com você naquela noite, mas Marley me encontrou..."

"Foi ela quem chicoteou você, não foi?", perguntei, sentindo minha ira crescer.

Vicky não negou. Apenas sorriu e disse com suavidade: "Não se preocupe. Não está doendo tanto. Não é nada."

Balancei a cabeça, tomada pela culpa.

Eu havia mentido para Vicky, mas ela jamais me julgara por omitir a verdade e tudo o que fez foi tentar me proteger.

Desde a morte de minha mãe, ela era como uma mãe para mim. Ela me criou e cuidou de mim a todo momento.

"Vicky, eu prometo que serei mais cuidadosa daqui em diante." Com lágrimas nos olhos, segurei suas mãos, tentando oferecer conforto. "Prometo que seguirei seus conselhos."

"Está bem", ela sorriu para mim, com ternura maternal, acariciando meu rosto: "Não chore. Você já é uma mulher."

Mesmo tentando parecer tranquila, vi a preocupação no olhar dela.

Afinal, a situação era extremamente delicada. Agora que minha gravidez era de conhecimento geral, a verificação da minha história era essencial para que a honra da matilha fosse preservada.

Caso contrário, meu pai jamais me libertaria.

"Vicky, confie em mim. Eu não estava mentindo. Caleb é o pai do bebê."

Caleb era meu companheiro, o único homem com quem estive.

"Que bom", Vicky suspirou, aliviada. "Aqui é muito bem vigiado. Somente quando Caleb confirmar sua história você poderá sair."

Somente Caleb poderia me salvar agora.

Eu mal podia esperar para que ele confirmasse minha versão.

Mas no dia seguinte, meu pai chegou com uma notícia que destruiu meu coração.