Capítulo 7 Quem disse que vocês podem levá-la

Ao chegar ao sopé da colina, encontrei minha querida serva caída, coberta de sangue.

"Vicky, estou aqui. Fique calma, estou com você", disse com a voz trêmula, tentando segurá-la. "Vou tirar vcocê daqui. Vamos para casa."

Com as forças se esvaindo, Vicky sussurrou: "Vá, querida... não se preocupe comigo. Não posso fazer nada além de atrasar você. Deixe-me aqui..."

Abanei a cabeça em negação, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Não, vamos embora juntas! Não vou abandonar você aqui!"

Vicky tentou falar, mas apenas um filete de sangue escapou de seus lábios.

"Confie em mim, Vicky. Nós vamos embora juntas. Eu prometo."

A chuva começou a cair, e antes que Leonel pudesse nos alcançar, consegui atravessar a fronteira com Vicky, nos escondendo num carro velho e abandonado na beira da estrada.

Eu podia ver a vida se apagando dos olhos dela, lentamente.

"Sinto muito, Debra...", sua voz quase inaudível, cheia de remorso. "Prometi à sua mãe que cuidaria de você... mas falhei."

Balancei a cabeça em negação, querendo dizer que ela cumprira seu papel, criando-me com amor, mas a tristeza me deixou sem palavras.

Eu nunca havia sentido algo assim, uma agonia paralisante.

Vicky me observou com carinho, estendendo uma mão trêmula e ensanguentada para limpar minhas lágrimas.

"Criança...", com dificuldade, ela tirou algo do bolso e o colocou em minha mão. "Guarde isto."

Olhei e percebi que era o colar da minha mãe.

Ela o havia consertado, como prometido, mas agora estava manchado com seu sangue, tingido de vermelho.

"Continue indo para o norte... não perca a esperança..."

Antes que pudesse terminar, Vicky fechou os olhos e sua mão caiu inerte.

Fiquei em silêncio, tomada por uma tristeza avassaladora. As lágrimas não paravam de cair dos meus olhos.

Perdi alguém tão importante para mim quanto minha própria mãe. Vicky jamais estaria ao meu lado novamente.

"Elas correram naquela direção! Vamos! Rápido!"

A voz fria de Leonel me arrancou de meus pensamentos, trazendo-me de volta à realidade brutal.

Eu precisava escapar, ou seria capturada.

Engoli o choro, secando as lágrimas às pressas.

Sem Vicky, minha única opção era contar comigo mesma.

Com cuidado, coloquei o corpo de Vicky no porta-malas do carro e segui em direção ao norte, fugindo antes que me encontrassem.

Infelizmente, a chuva cessou, facilitando o rastreamento dos homens de Leonel, que logo me localizaram.

Desesperada, corri para o bar mais próximo, tentando encontrar um refúgio.

Leonel me seguiu até o bar, guiado pelo meu rastro.

Apressada e coberta de sangue, cruzei o bar, espalhando pavor entre as pessoas. Eles me olhavam horrorizados, especialmente ao ver o sangue de Vicky manchando minhas roupas. No impulso, trombei no balcão e derrubei uma pilha de garrafas de vinho, que se estilhaçaram no chão com um estrondo.

A sinfonia de barulhos e vidros quebrando soou, chamando atenção dos presentes. A cena virou um caos, mas os homens de Leonel logo conseguiram me cercar, me deixando sem saída.

"Alguém, por favor, me ajude!"

Vendo Leonel se aproximando, virei-me para as pessoas ao redor em desespero. "Ele quer me matar! Me ajudem, por favor!"

A música no bar parou de repente e todos ficaram em silêncio, com os olhos voltados para mim.

Leonel percebeu a tensão no ambiente e ergueu a voz: "Esta mulher é uma traidora. Vamos levá-la para responder por seus crimes."

Havia um peso ameaçador em suas palavras. Punir traidores era algo considerado justo, então ninguém se atreveu a intervir. Pelo contrário, até se afastaram, abrindo caminho para que Leonel se aproximasse.

O desespero encheu meu coração. "Por favor, alguém... me ajude..."

Todos continuavam imóveis, observando com olhos fixos, mas ninguém tomou atitude alguma.

Fechei os olhos, resignada ao destino que parecia inevitável.

"Podem levá-la embora!", Leonel ordenou com voz áspera.

Seus homens então avançaram, prontos para me agarrar e me arrastar dali.

De repente, uma voz familiar se ergueu no ambiente. "Quem disse que vocês podem levá-la?"