O CEO que não acreditava no amor
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Capítulo 2 2

A tempestade castigava a cidade com fúria, como se os céus lamentassem a dor de Aitana. As gotas de chuva golpeavam as janelas da mansão Valverde, ecoando como tambores no silêncio vazio que dominava a casa. Aitana, encharcada e trêmula, permanecia imóvel diante da porta da mansão, com o envelope nas mãos. A palavra "Divórcio" escrita no papel se desfazia sob a água que escorria de seus dedos.

Suas pernas, enfraquecidas e cansadas após horas de espera, finalmente cederam, e Aitana deixou-se cair nos frios degraus de pedra. Sua mente recusava-se a processar o que havia acabado de acontecer. Tudo o que construíra, toda a ilusão de uma vida compartilhada, desmoronara em questão de minutos. Nicolás não apenas a abandonara naquela noite, mas também encerrara o casamento da maneira mais cruel. E o mais devastador era que ele desconhecia o filho que ela esperava.

Justo quando o frio começava a tomar conta de seu corpo, Aitana ouviu o ronco de motores se aproximando. Levantou o olhar e, através do véu de chuva, distinguiu uma fileira de carros pretos avançando em direção à mansão. Os veículos pararam bruscamente diante dela, suas luzes iluminando a fachada escura da casa e suas rodas levantando uma nuvem de água. Aitana, atordoada e sem entender o que acontecia, permaneceu quieta enquanto a porta do primeiro carro se abria.

Um homem alto, de cabelos grisalhos e porte imponente, desceu do veículo. Usava um terno escuro, impecavelmente passado, e abriu com destreza um guarda-chuva preto. Ao se aproximar, seus olhos cinzentos e severos suavizaram-se ao reconhecê-la. Era um rosto familiar, mas Aitana não conseguia lembrar de onde.

- Senhorita Ferrer - disse ele, em um tom profundo, fazendo uma leve reverência. - Precisa nos acompanhar, por favor. É importante.

Aitana, confusa e sem forças para resistir, assentiu levemente. "Nicolás?", pensou. Talvez ele tivesse mudado de ideia. Talvez tivesse enviado essas pessoas para levá-la até ele, para explicar o que havia acontecido, para pedir desculpas. Essa ideia a manteve firme enquanto o mordomo a ajudava a se levantar com cuidado.

A chuva continuava caindo em cascata quando Aitana foi escoltada para o interior do carro principal. Do banco traseiro, pôde ver os outros homens, vestidos de preto, retirando caixas e pacotes com fitas douradas dos porta-malas dos carros. Presentes? Ela não conseguia entender o que estava acontecendo, mas a exaustão e o choque a fizeram fechar os olhos enquanto o carro começava a se mover.

A viagem foi longa. Aitana mal conseguia manter a consciência, exausta pelas emoções intensas da noite. Quando finalmente abriram as portas do carro e a ajudaram a sair, ela se viu diante de uma mansão ainda maior e mais majestosa que a de Nicolás. Os jardins eram vastos e perfeitamente cuidados, e a entrada principal estava iluminada por candelabros dourados, dignos de um palácio.

Ao cruzar as enormes portas de carvalho, uma luz cálida a envolveu. O interior da mansão era opulento, com mármores brancos e colunas imponentes que sustentavam o teto abobadado. No saguão, um grupo de pessoas a esperava em silêncio, todos vestidos com elegância e seriedade. O mesmo mordomo que a havia buscado na mansão Valverde adiantou-se e se dirigiu a uma figura no centro do grupo.

- Senhora, nós a encontramos - anunciou com uma leve inclinação de cabeça.

Aitana, confusa, direcionou seu olhar à mulher que agora se aproximava. Era uma mulher alta, de uns cinquenta anos, com cabelos escuros presos em um coque perfeito. Seus olhos, de um azul profundo, emanavam uma autoridade inquestionável. Vestia um elegante traje de grife, que acentuava sua figura delgada, mas imponente. Ela se aproximou de Aitana e a olhou com intensidade, como se analisasse cada detalhe de seu rosto.

- Bem-vinda ao lar, Aitana - disse a mulher, com uma voz firme, porém surpreendentemente acolhedora. - Sou Victoria Alarcón, sua avó.

As palavras a atingiram como uma rajada de vento. Sua avó? Mas sua avó havia morrido quando era criança, ou pelo menos foi isso que lhe disseram. Sua cabeça girava enquanto tentava assimilar o que estava ouvindo.

- Eu... devo estar sonhando - murmurou, levando a mão à testa. - Isso não pode ser real.

Victoria sorriu levemente, um gesto que não chegou a seus olhos.

- Não, querida. Isso é tão real quanto o sangue que corre em suas veias. Você é uma Alarcón, e está na hora de saber a verdade sobre sua linhagem.

Aitana cambaleou para trás, mas antes que pudesse cair, Victoria a segurou pelos ombros, firme, mas com uma suavidade que a surpreendeu.

- Seu pai, o verdadeiro patriarca da nossa família, é o homem mais poderoso deste país. E você, Aitana, é sua única herdeira. Por razões que ainda não pode compreender, foi mantida afastada de tudo isso... até hoje.

Memórias de sua infância começaram a emergir. Sombras de conversas secretas, sussurros na escuridão, os olhares preocupados de sua mãe. Sempre sentira que algo estava errado, mas jamais conseguira identificar o quê. Agora, subitamente, o mundo parecia ter se desmoronado apenas para se reconstruir de uma forma que jamais imaginara.

- Por que agora? - perguntou Aitana com uma voz fraca, sentindo suas pernas cederem novamente.

- Porque as coisas mudaram - respondeu Victoria com seriedade. - Seu casamento com Nicolás Valverde já não faz sentido. E a família Alarcón precisa de sua herdeira.

Aitana sentiu uma onda de confusão, raiva e medo. Perdera o marido em uma noite que deveria ser de celebração, apenas para descobrir que sua vida inteira era uma mentira. Mas, acima de tudo, pensou no filho que carregava. Se tudo que esta mulher dizia era verdade, então seu filho também era um Alarcón.

Victoria, como se lesse seus pensamentos, suavizou a expressão.

- Sei de tudo, querida. Sei que está esperando um filho. E, mesmo que agora se sinta perdida, prometo que faremos o que for necessário para proteger você e essa criança. Aqui, nesta casa, é onde realmente pertence.

Aitana olhou ao redor, vendo os rostos expectantes da família que, até minutos atrás, eram completos estranhos. Agora, esses estranhos afirmavam ser sua verdadeira família. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto ao perceber que sua vida, tal como a conhecia, mudara para sempre.

- Descanse esta noite - disse Victoria, com a voz mais suave. - Amanhã começaremos a revelar todos os segredos que lhe foram ocultados.

Aitana assentiu lentamente, incapaz de articular uma resposta. Foi levada a um quarto luxuoso, muito maior que qualquer lugar em que já vivera. Deixou-se cair na cama macia e, pela primeira vez naquela noite, permitiu que o cansaço a vencesse.

Enquanto seus olhos se fechavam, uma última pergunta ecoava em sua mente: o que significaria tudo isso para o seu futuro?

            
            

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