O CEO que não acreditava no amor
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Capítulo 3 3

As primeiras luzes da manhã filtravam-se através das cortinas de seda do quarto, despertando suavemente Aitana. Por um breve instante, o peso da realidade ainda não havia caído sobre seus ombros. Poderia ter sido qualquer outra manhã, em qualquer outra casa. Mas, ao abrir os olhos e ver os tetos altos, as paredes decoradas com obras de arte e os móveis luxuosos que preenchiam o ambiente, tudo voltou à sua mente. A família Alarcón, sua verdadeira herança, o filho que carregava no ventre, e a traição de Nicolás.

Uma leve batida na porta interrompeu seus pensamentos.

- Entre - disse Aitana, ainda sonolenta.

A porta abriu-se lentamente, e a figura esbelta e elegante de Victoria Alarcón entrou no quarto. Sua presença irradiava autoridade, mas naquela manhã sua expressão parecia mais suave.

- Bom dia, querida - saudou ela, com um sorriso contido. - Espero que tenha descansado bem.

Aitana assentiu, embora a verdade fosse que tivera uma noite agitada, repleta de sonhos confusos e sombras do passado.

- Quero que saiba que, por mais que tudo isso pareça avassalador, estamos aqui para ajudá-la em cada passo do caminho - continuou Victoria, aproximando-se da cama. - Há muitas decisões que precisamos tomar juntas, mas, por agora, o mais importante é que você permaneça calma e segura enquanto espera pelo nascimento do seu filho.

Victoria fez uma pausa e retirou do bolso um cartão dourado e brilhante, decorado com o brasão da família Alarcón. Colocou-o delicadamente sobre a mesinha de cabeceira ao lado de Aitana.

- Este cartão - explicou - lhe dará acesso a tudo o que precisar. Sem limites. Além disso, como membro da família Alarcón, seu nome agora terá um peso considerável em qualquer lugar que vá. No entanto - acrescentou, com seriedade - é crucial que mantenhamos sua verdadeira identidade em segredo até o momento apropriado. Há interesses demais em jogo, e não podemos permitir que ninguém saiba da sua situação até estarmos prontos.

Aitana olhou para o cartão dourado com certa incredulidade. Tudo parecia surreal. Ontem, ela fora uma esposa abandonada; hoje, encontrava-se cercada de luxo e poder, com um cartão que prometia o mundo a seus pés. Mas a dor ainda estava lá, um lembrete constante do que perdera.

Victoria percebeu sua hesitação e colocou uma mão reconfortante sobre a de Aitana.

- Tome o tempo que precisar - disse suavemente. - Ninguém espera que você se adapte imediatamente. Mas, enquanto isso, não se esqueça de que agora você tem o apoio de toda esta família. Você não está sozinha.

Com essas palavras, Victoria levantou-se e dirigiu-se à porta.

- Hoje seria um bom dia para sair e clarear a mente - sugeriu antes de sair. - Visite os lugares que mais aprecia. E lembre-se, querida, o mundo agora está aos seus pés.

Quando Victoria saiu, Aitana ficou olhando para o cartão dourado. A sensação de vertigem voltava a invadi-la. Sentia como se tivesse sido lançada em um mundo estranho e sofisticado, um que apenas começava a entender. Mas algo dentro dela, uma centelha de determinação que sempre tivera, avivou-se. Não podia permitir-se ser uma vítima do destino novamente. Pegou o cartão e decidiu fazer o que Victoria sugerira. Precisava sair, respirar ar fresco e, talvez, começar a se acostumar com sua nova realidade.

O centro comercial "La Fuente Imperial" era o lugar mais exclusivo da cidade. Seus altos tetos de vidro, jardins internos e lojas repletas dos produtos mais luxuosos do mundo atraíam as elites mais poderosas. Aitana ouvira falar desse lugar, mas nunca imaginou que colocaria os pés ali como cliente. Ao chegar, os funcionários a cumprimentaram com uma cortesia que quase a fez sentir-se desconfortável. Caminhou lentamente pelos corredores, admirando a opulência ao seu redor. Era um mundo diferente do que estava acostumada, um mundo de excessos e riquezas inimagináveis.

Após passear por várias lojas, seus passos a levaram a uma joalheria de renome internacional, "L' Éclat de Minuit". A entrada era uma obra de arte em si mesma, com cristais esculpidos que refletiam a luz dos lustres dourados. Lá dentro, as vitrines brilhavam com diamantes, esmeraldas e rubis, cada peça mais magnífica que a outra. Aitana entrou e foi recebida imediatamente por uma vendedora, que a observou com uma expressão curiosa, mas respeitosa.

- Bem-vinda, senhorita - disse a mulher com um sorriso profissional. - Há algo em particular que gostaria de ver hoje?

Aitana, ainda se sentindo deslocada, assentiu timidamente.

- Só estou olhando, obrigada - respondeu, aproximando-se de uma vitrine que exibia colares de pérolas que pareciam saídos de um conto de fadas.

Mas sua tranquilidade foi interrompida quando ouviu uma voz que reconheceu imediatamente.

- Ora, ora. Quem diria que a encontraria aqui?

Aitana virou-se lentamente, seu coração começou a bater forte. Lá, de pé na entrada da joalheria, estava Valeria Montenegro. A mulher que arruinara seu casamento. Sua presença irradiava uma arrogância que parecia fazer a temperatura da sala cair alguns graus. Valeria estava impecável como sempre, com seu vestido justo de grife e seu cabelo perfeitamente arrumado. Seus lábios pintados de vermelho intenso curvaram-se em um sorriso que Aitana sabia imediatamente que não era amistoso.

- Que surpresa vê-la aqui, Aitana - disse Valeria enquanto se aproximava lentamente, os saltos ecoando no piso de mármore. - Nunca pensei que gostasse de lugares como este. Achei que seu estilo fosse mais... modesto.

Aitana respirou fundo, tentando manter a compostura. Não podia permitir que Valeria a fizesse sentir-se inferior, não desta vez. Tinha que lembrar quem era agora e o que sua nova realidade significava.

- Há muitas coisas que você não sabe sobre mim, Valeria - respondeu calmamente, tentando manter uma expressão neutra.

Valeria soltou uma risada sarcástica.

- Isso é verdade. Me pergunto se Nicolás sabia mais sobre você do que aparentava. Embora, para ser sincera, parece que você não o impressionou o suficiente para que ele ficasse. Pobre Aitana, tão ingênua.

A vendedora, que observara a cena em silêncio, visivelmente tensa, percebeu a hostilidade entre as duas mulheres. Mas antes que pudesse intervir, Valeria avançou em direção a uma vitrine e pegou um anel de diamante, levantando-o para examiná-lo sob a luz.

- Este anel é perfeito - disse com desdém, sem parar de olhar para Aitana. - Embora não sei se você teria o suficiente para algo assim. Talvez devesse voltar a lugares mais... acessíveis.

Aitana sentiu o calor subindo às bochechas. Chegara ao limite de sua paciência. Lembrou-se do cartão que Victoria lhe dera naquela manhã, símbolo do poder que agora possuía. Era o momento de usá-lo, não apenas para se defender, mas para demonstrar que não se deixaria humilhar mais.

- Na verdade - disse com firmeza -, acho que esse anel é pequeno demais para o meu gosto. Prefiro algo mais... exclusivo.

Valeria ergueu uma sobrancelha, surpresa pela segurança na voz de Aitana. A vendedora, percebendo a mudança de tom, rapidamente se aproximou com um sorriso profissional.

- Senhorita, gostaria de ver nossa coleção privada? - perguntou. - Temos peças únicas que não estão em exposição. Apenas mostramos aos nossos clientes mais seletos.

Aitana assentiu com uma elegância que surpreendeu até a si mesma.

- Sim, gostaria de ver.

A vendedora a conduziu até uma sala privada na parte de trás da loja, onde eram exibidas joias que faziam tudo o mais parecer insignificante. Valeria, ainda surpresa, permaneceu na sala principal, incapaz de esconder seu desconcerto. Enquanto Aitana experimentava um colar de diamantes que parecia capturar toda a luz do ambiente, compreendeu que estava entrando em um novo capítulo de sua vida. Um em que não seria uma simples espectadora, mas uma jogadora importante.

Ao retornar à sala principal, o ambiente entre as duas mulheres mudara drasticamente. Valeria a observava com olhos que ocultavam frustração e uma crescente inquietação. Aitana, por sua vez, mantinha uma calma exterior que não sentia há muito tempo.

- Talvez deva se acostumar a me ver nesses lugares, Valeria - disse Aitana antes de se virar e sair da loja com uma tranquilidade que desmentia a tempestade de emoções em seu interior.

Ao sair ao ar livre, Aitana respirou fundo. Sabia que a batalha por seu futuro apenas começava. Mas agora, com o poder e a proteção dos Alarcón, estava pronta para enfrentar tudo o que viesse.

            
            

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