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Após a saída do cliente, Lívia permaneceu imóvel, os olhos fixos no teto, enquanto tentava respirar fundo e acalmar a tempestade que rugia dentro dela. Cada músculo de seu corpo doía, não apenas pela brutalidade física, mas pela ferida emocional que parecia nunca cicatrizar. Ela sentia-se um pedaço quebrado de si mesma, um fragmento que jamais poderia ser recuperado. A marca vermelha no braço onde ele a segurara estava lá, como uma lembrança crua de sua impotência. "Isso não pode ser minha vida", murmurou para si mesma, com a voz embargada.
Isso não vai durar para sempre", sussurrou para si mesma.
Lívia foi para casa mais antes teve uma discussão com sua mãe Lívia estava exausta. A discussão com sua mãe, Estela, ainda fervilhava em sua mente enquanto ela caminhava para o banheiro. Embaixo do chuveiro, as lembranças da noite se misturavam com uma sensação de impotência, o peso de sua situação pressionando-a. Entre soluços silenciosos, ao deitar em sua cama ela finalmente deixou que as lágrimas corressem livres, até que o cansaço a venceu e adormeceu, buscando um breve refúgio em seu sono.
Na manhã seguinte, foi acordada abruptamente pela voz fria de Estela, que parecia disposta a terminar a discussão da noite anterior com um ultimato. -Se você não quer mais fazer parte disso, então encontre um lugar para morar. Aqui, todos precisam se manter.
As palavras ecoaram com a dureza de quem já não via mais alternativa senão forçar sua filha a participar do negócio de família.
Sem ter para onde ir, Lívia aceitou com resignação. Naquela mesma noite, ela se prepararia para receber o último cliente, uma decisão que fazia pesar ainda mais a sua indignação.
Enquanto a noite caía, Estela anunciou que o bordel seria fechado exclusivamente para uma clientela especial. A ocasião era rara: um dos homens mais ricos e influentes da cidade, um chefe de negócios que frequentemente operava na linha tênue entre a legalidade e o submundo, havia reservado o local para ele e seus sócios. Estela distribuiu máscaras às garotas, reforçando a atmosfera de mistério e exclusividade que agradava aos convidados e permitia a elas uma dose de anonimato que era quase reconfortante. Naquele ambiente, os clientes podiam expressar seus desejos sem receios, enquanto as garotas usavam as máscaras como uma pequena proteção contra os olhares invasivos.
Entre os homens, o chefe era claramente o centro das atenções, com uma postura refinada que ocultava a dureza nos olhos escuros e atentos. Suas tatuagens espreitavam das mangas da camisa impecável, e o corte preciso da barba realçava o poder que sua presença emanava. Sua expressão, no entanto, se suavizou momentaneamente quando seus olhos repousaram sobre Lívia, que, posicionada de costas, mantinha-se à margem da festa. Ela observava o ambiente enquanto tomava um gole de um whisky barato, lutando para construir a coragem que faltava.
Sem hesitar, o chefe se aproximou dela e, com um sorriso discreto, ofereceu-se para pagar sua bebida. Lívia hesitou, mas, antes que pudesse responder, Estela se aproximou, aproveitando a oportunidade para agradar o poderoso cliente.
-Lívia será sua cortesia da casa esta noite, senhor. Vocês terão o melhor quarto. Ela cuidará de todas as suas necessidades, Estela anunciou, a voz marcada por uma falsa cordialidade que escondeu qualquer sinal de resistência de Lívia.
Lívia engoliu em seco, contendo as lágrimas que ameaçavam surgir diante do sorriso insinuante do homem. Ele notou o brilho relutante em seu olhar e, ao invés de pressioná-la, deu um sorriso compreensivo e começou a puxar conversa. Ele sabia, de algum modo, que ela carregava uma dor reprimida, e a forma como ele mantinha o tom leve e educado a surpreendia. Ela se perguntou o que ele poderia ter visto nela que o havia intrigado, enquanto tentava manter a máscara de indiferença e lidar com as emoções conflitantes que sua presença suscitava.
A noite, então, se desenrolou com a promessa de ser inesquecível - para ambos, talvez por razões bem distintas.