Capítulo 4 Um Acordo em Silêncio

Vincent observou Lívia à distância antes de se aproximar. Com um olhar penetrante, ele a convidou para subir ao quarto reservado. Sem escolha, ela o acompanhou, sentindo o peso do olhar de Estela nas suas costas enquanto subiam as escadas. Para Estela, a noite tinha sido um sucesso até então, e essa reserva era a prova disso.

Ao entrarem no quarto, Lívia seguiu o protocolo de sempre. Trancou a porta, começou a tirar o vestido de seda branco, revelando um ar de resignação. Mas antes que pudesse ir adiante, Vincent, com um olhar malicioso, interrompeu-a:

-Está com pressa? ele perguntou, com a voz calma, mas incisiva.

Surpresa, Lívia parou, recompôs-se e murmurou: -Desculpe... Como o senhor prefere que eu faça?

Vincent a observou em silêncio por um momento, seus olhos avaliando algo além de sua aparência. -Você não é igual às outras garotas. Por que faz isso?

Ela conteve uma resposta imediata, mas a experiência lhe ensinara a manter o tom profissional, então perguntou, tentando retomar o controle: - Me diga... como deseja que eu comece?

Vincent se aproximou, com uma presença dominante, e, sem pressa, passou os dedos pelo ombro de Lívia, fazendo a alça do vestido cair suavemente. Em um gesto controlado, ele abaixou o zíper do vestido, revelando suas costas nuas. Mas ao puxá-la de volta para encará-lo, seu olhar encontrou algo que o fez hesitar: em sua pele clara, havia marcas de hematomas recentes, disfarçados com maquiagem. Vincent parou, avaliando cada marca em silêncio.

-Por favor, sente-se, ele pediu, sua voz firme.

Ela obedeceu, um tanto confusa. Ele se aproximou, inclinou-se para perto de seu pescoço, notando o esforço que ela fizera para esconder outro hematoma. Ele recuou abruptamente e disse: -Pode se vestir.

Lívia, assustada, perguntou: –Eu fiz algo errado?

Vincent respirou fundo, observando-a, mas manteve a expressão fria. -Não, ele respondeu. -Mas... por que você faz isso?

-É o meu trabalho.

-Desde quando?

Ela olhou para o lado, desconfortável com a conversa. - Desde os dezoito.

Ele estreitou os olhos. -E por quê?

Ela respondeu com um ar resignado: - Porque sou obrigada. Meu pai morreu, e minha mãe... minha mãe abriu isso aqui para meninas que precisam de dinheiro. Mas eu vou juntar o suficiente para sair daqui.

Ele olhou para ela, percebendo a mistura de desespero e determinação em seu olhar. Então, calmamente, disse: -Vamos descer.

De volta ao salão, Vincent caminhou até o balcão, onde Estela os observava com um olhar atento. Ele virou-se para ela e perguntou: - Quanto quer pela garota?

Estela, ciente da oportunidade, soltou um valor elevado. Sem hesitar, Vincent jogou o dinheiro no balcão. Chamando seus sócios, ele segurou o braço de Lívia, que o olhou confusa. A mãe, com um sorriso calculista, sussurrou: -Seja uma boa garota.

Lívia foi levada para fora, sob o olhar preocupado das outras meninas, enquanto Estela ordenava: -Vão, meninas. A festa acabou por hoje.

Do lado de fora, Vincent a ajudou a entrar em um carro preto que a levaria a um destino desconhecido, e o silêncio entre os dois se manteve até que o veículo se afastou do bordel.

            
            

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