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Flashback On
- Pode deixar - disse o garoto, após alguns segundos, enquanto ajeitava a mochila no ombro e me lançava outro daqueles sorrisos. - Ah! E obrigado.
- Disponha - respondeu ele, com uma tranquilidade que só fazia meu coração disparar ainda mais.
- Amiga, você está bem? - perguntou Sara novamente, agora se aproximando e colocando a mão no meu ombro, seus olhos analisando meu estado como se buscassem algum sinal de machucado.
- Sim - respondi, sentindo meu rosto esquentar mais uma vez. Me virei para o garoto e sorri. - Isso graças ao... qual é o seu nome mesmo?
- Carlos - respondeu ele, com uma naturalidade que fez o nome parecer especial, como se fosse algo que eu nunca esqueceria.
- Prazer, meu nome é... - comecei a dizer, mas fui interrompida pelo som estridente de uma buzina de carro, que nos fez ambos olhar na direção da rua.
Carlos olhou rapidamente para o veículo que se aproximava, suspirou e disse:
- É meu táxi.
Ele sorriu mais uma vez - aquele sorriso que parecia impossível de ignorar - antes de dar alguns passos para o lado.
- E mais uma vez, toma cuidado aí na rua, viu?
- Pode deixar - respondi, tentando conter a vontade de continuar a conversa. - E obrigada de novo.
- Tchau, e não há de quê.
Carlos entrou no táxi, fechou a porta, e eu fiquei ali, vendo o carro se afastar, ainda tentando processar o que acabara de acontecer.
Sara, ao meu lado, cruzou os braços e me olhou com curiosidade.
- Quem é ele? - perguntou, seu tom carregado de curiosidade e uma pontinha de desconfiança.
- Não sei - respondi, mordendo o lábio inferior enquanto meus olhos seguiam o táxi que desaparecia ao virar a esquina.
- O rosto dele não me é estranho - comentou Sara, franzindo o cenho enquanto olhava na mesma direção. - Mas não consigo me lembrar de onde eu conheço ele.
- É, tive a mesma impressão - respondi, ainda pensando no sorriso de Carlos. Era como se aquela expressão tivesse ficado gravada na minha memória, incapaz de ser apagada.
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Flashback Off
Não sei o que deu em mim naquele dia, mas passei a tarde toda pensando em Carlos. Era como se algo dentro de mim sussurrasse insistentemente: vai atrás dele, descobre quem ele é, depois o chama para sair.
Mesmo quando tentei ignorar, sua imagem continuava voltando à minha mente, como uma música grudenta que você não consegue parar de cantarolar. Sorrindo sozinha, senti meu coração acelerar ao imaginar se algum dia eu o veria de novo.
Flashback On
- Oi! - chamou Sara, estalando os dedos na frente do meu rosto. - Terra para Taty, tem alguém aí?
- Desculpa, amiga - respondi com um sorriso sem graça. - Estava viajando aqui.
Sara inclinou a cabeça, cruzando os braços, enquanto me olhava de lado.
- Está tudo bem?
- Sim, sim - garanti rapidamente. Mas logo, suspirei e completei: - É que...
Ela arqueou as sobrancelhas, claramente esperando mais.
- É que o quê, Taty?
Mordi o lábio inferior, hesitando, mas decidi falar:
- Eu não paro de pensar no garoto de mais cedo.
O sorriso de Sara foi instantâneo e cheio de malícia.
- Ah, claro. Ele é bonitão, né? Não te julgo.
Revirei os olhos, mas não consegui evitar o sorriso que escapou.
- Não é só isso, Sara. É diferente. Eu... preciso encontrá-lo.
Ela me olhou, cética, enquanto cruzava os braços.
- E como você pretende fazer isso, garota?
Levantei um dedo, contando.
- Primeiro, Facebook. Segundo, eu tenho um contato.
Sara ergueu uma sobrancelha, interessada.
- Um contato? E desde quando você tem "contatos", Taty?
Dei de ombros, tentando parecer casual.
- Não importa como. O que importa é que eu tenho um jeito.
Ela soltou uma risada curta, balançando a cabeça.
- Tá, mas me explica... pra que todo esse trabalho?
Inclinei a cabeça, olhando para Sara como se fosse óbvio.
- Para agradecê-lo como se deve.
Sara riu alto, mas havia uma nota de curiosidade em sua voz quando respondeu:
- Sei... ou será que você só quer uma desculpa pra ver o tal bonitão de novo?
Corei instantaneamente, desviando o olhar para o lado.
- Não... claro que não...
Sara se aproximou, cutucando meu ombro com o dedo.
- Sei, sei. Você tá perdidinha, amiga.
Revirei os olhos mais uma vez, mas o sorriso que ela me deu era contagiante, e acabei rindo junto. No fundo, talvez ela tivesse razão.
Flashback off
Lembro-me de abrir o Facebook no meu celular enquanto estava sentada no sofá da sala. Sara mexia no controle remoto, zapeando pelos canais de TV, mas minha atenção estava completamente focada na tela. Digitei "Carlos" no campo de busca e pressionei "enter", sentindo o coração acelerar.
Flashback On
- E aí? Encontrou? - perguntou Sara, inclinando-se curiosa para olhar a tela.
- Ainda não... - murmurei, enquanto deslizava pelos resultados. Um misto de ansiedade e frustração me tomava. Até que, de repente, algo chamou minha atenção. - Achei!
- Achou? - Sara deixou o controle cair no sofá e se aproximou, olhando por cima do meu ombro.
- Sim! Olha só, esse é ele! - Apontei para a foto de perfil onde Carlos sorria com aquele mesmo sorriso encantador.
- Uau, isso foi rápido! - Sara arqueou as sobrancelhas, impressionada.
- Parece que hoje é o meu dia de sorte - comentei com um sorriso vitorioso, enquanto clicava no perfil dele.
A página carregou, revelando algumas fotos, postagens e informações básicas. Meu olhar se fixou no endereço da escola onde ele estudava e, com isso, minha cabeça começou a traçar um plano.
- E agora? - perguntou Sara, cruzando os braços. - Vai mandar mensagem?
- Não exatamente... - respondi com um tom misterioso, enquanto abria o contato de um amigo no WhatsApp.
- O que você tá aprontando, Taty? - Sara perguntou, desconfiada, enquanto me observava digitar rapidamente.
- Peguei alguns dados aqui e vou ligar para um contato. Ele pode me ajudar.
- Contato? - Sara arregalou os olhos. - Você tá falando sério?
- Completamente. - Sorri. - Não vou invadir a privacidade dele nem nada, só quero o endereço.
Sara me olhou com uma expressão de incredulidade, mas antes que pudesse dizer algo, meu contato respondeu à mensagem. Liguei para ele na hora.
- Ei, preciso de uma ajuda rápida - falei ao telefone. - Consegue me passar o endereço desse garoto?
A voz do outro lado da linha me pediu alguns segundos e, em poucos minutos, recebi uma mensagem com as informações.
- E aí? Conseguiu? - perguntou Sara, ainda mais curiosa.
Olhei para o celular, observando o endereço que aparecia na tela.
- Consegui. - Sorri. - É só isso que eu precisava.
Sara balançou a cabeça, surpresa.
- Você é determinada, vou te dar isso. Mas o que pretende fazer agora?
Levantei do sofá com um brilho nos olhos e disse:
- Agradecer a ele. Como se deve.
Sara riu, ainda sem acreditar.
- Você é inacreditável.
Flashback off
Ela continuou falando algo, mas minha mente já estava em outro lugar, formulando o próximo passo. Eu sabia que aquele encontro mudaria algo na minha vida, mesmo que ainda não soubesse exatamente como.