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- E aí, quando vai agradecer ele como se deve? - Sara perguntou, fazendo aspas no ar com os dedos e um sorriso provocador.
Olhei para ela sem entender muito bem o porquê das aspas, mas preferi ignorar no momento.
- Não sei... - respondi, hesitante. Cruzei os braços e me recostei na poltrona. - Quer dizer, eu passei o dia todo pensando nisso, mas agora que tenho o endereço, parece meio invasivo aparecer lá, não acha?
Sara riu, balançando a cabeça enquanto mexia no cabelo loiro.
- Ah, Taty, você já foi tão longe. Agora não dá pra voltar atrás. Olha só, amanhã é domingo, certo? Você tem o dia inteiro pra bolar uma desculpa e ir lá. Pode até levar algo, sei lá, um bolo, pra parecer mais... casual.
- Casual? - levantei uma sobrancelha, sem esconder o sarcasmo. - Depois de stalkear o cara no Facebook e ainda conseguir o endereço dele com meu contato misterioso?
Ela deu de ombros, sentando no sofá ao meu lado. O sol da tarde entrava pela janela da sala, iluminando o ambiente com um tom dourado. A mesa de centro estava cheia de embalagens de lanches e latinhas de refrigerante que tínhamos consumido enquanto planejávamos toda a missão "encontrar Carlos".
- Taty, - Sara começou com um tom de voz mais sério. - Você mesma disse que queria agradecer como se deve. Então, faz isso logo. Vai lá amanhã, fala com ele, agradece, conversa. Quem sabe ele não esteja pensando em você também?
Eu abaixei o olhar, mexendo distraidamente na barra do meu short jeans.
- Mas será que ele vai querer me ver? E se ele me achar uma maluca por aparecer lá do nada?
- Só há um jeito de descobrir. - Sara se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e me encarando com determinação.
Suspirei, tentando afastar a ansiedade que crescia dentro de mim. Mas, no fundo, sabia que ela tinha razão.
Levantei-me do sofá e, sem pensar, a abracei.
- Você é a melhor amiga do mundo, sabia?"
Sara riu, retribuindo o abraço.
- Eu sei. Agora vai, dorme bem, e amanhã você faz isso direito. Nada de gaguejar, hein!
- Prometo tentar, - respondi com um sorriso, mas por dentro meu coração já batia acelerado só de imaginar o que o dia seguinte me reservava.
Flashback off.
Me lembro de levantar cedo naquele domingo. Tomei um banho enquanto tentava criar coragem. Escolhi uma roupa legal, a melhor que eu podia encontrar no meu armário, e então resolvi que ia até a casa de Carlos. Era uma decisão impulsiva, mas eu já tinha chegado até ali, não podia voltar atrás.
Pedi à Sara que me desse uma carona, pois ainda não tinha carro. Ela sorriu com a cara de quem sabia exatamente o que eu estava fazendo, mas não comentou nada. Apenas concordou e me levou até o endereço que eu tinha encontrado. A viagem foi silenciosa, exceto pelo som da rádio tocando suavemente ao fundo.
Quando chegamos, respirei fundo e saí do carro. O bairro era tranquilo, casas pequenas, jardins bem cuidados. Eu estava nervosa, mais nervosa do que gostaria de admitir, mas lá estava eu, em frente à casa de Carlos.
Fui até a porta, o coração batendo forte no peito. Olhei a hora no celular, respirei fundo mais uma vez e toquei a campainha.
A porta se abriu pouco depois, e Carlos apareceu. Ele parecia ter acabado de acordar, o cabelo bagunçado e os olhos ainda com aquele brilho de sono. A voz dele estava rouca, ainda mais charmosa do que eu lembrava. Eu quase não acreditei que estava ali, mas era ele, o mesmo garoto do sorriso que eu não conseguia tirar da minha cabeça.
- Oi – disse Carlos, parecendo surpreso, ainda com a voz sonolenta.
- Oi, ontem não consegui falar meu nome direito e nem te agradecer como se deve – falei, sorrindo timidamente. Eu estava tão nervosa que, por um momento, quase não consegui continuar. – Eu vim até aqui para fazer isso, te agradecer como se deve e te falar meu nome.
Carlos sorriu, e aquele sorriso parecia iluminar tudo ao redor. Ele estava tão calmo, tão gentil, que parecia irreal.
- Não precisava de todo esse esforço – ele respondeu, a voz mais clara agora. – Não fiz nada demais.
- Como assim, não fez nada demais? Você salvou minha vida – disse eu, sem pensar, e dei um leve soco no braço dele, brincando. – E isso é muito! Ou tá dizendo que minha vida é insignificante?
Carlos riu, um riso que fez meu coração disparar. Eu só queria ficar ali, ouvindo o som da voz dele.
- Não, de jeito nenhum – ele respondeu, tentando se controlar. – Foi só um susto, né?
- Vamos dar uma volta? – perguntei, um pouco ansiosa. Eu queria estar perto dele, mais do que qualquer coisa.
- Sim – ele sorriu novamente. – Vou só trocar de roupa, tá legal?
- Okay – sorri, feliz e nervosa ao mesmo tempo.
- Quer entrar para me esperar? – ele perguntou, apontando para a porta aberta.
- Não, tô de boa aqui – respondi, sentindo o clima descontraído entre nós. Era estranho, mas ao mesmo tempo, era como se já nos conhecêssemos.
- É rápido – ele disse, com um sorriso simpático. – Volto já.
Flashback off
E então, ele entrou em casa. Eu fiquei ali, parada na porta, tentando processar o que acabara de acontecer. Era surreal, mas eu estava feliz, de uma forma que eu nunca tinha imaginado.
Ele entrou para se trocar, me deixando a mil. Meu coração saltitava dentro do meu peito, e eu não entendia o porquê. Estava nervosa, animada, e ao mesmo tempo, completamente perplexa com o que estava acontecendo. Eu ainda não conseguia acreditar que estava ali, esperando ele voltar.
Não demorou muito e ele apareceu. UAU!!! O que dizer sobre ele? Ele tava um gato, uma delícia, um pedaço de mal caminho. Ele tinha um magnetismo que me deixava sem palavras.
Ele vestia uma blusa branca justa que destacava o corpo definido, e uma calça jeans com rasgos na coxa e no joelho. Cada detalhe parecia ter sido pensado para me deixar sem fôlego.
Eu estava babando nele. Meu Deus, que homem é esse? Eu quero ele para mim.
Flashback On
- Está tudo bem? – ele perguntou, com uma expressão suave no rosto, como se tivesse notado minha reação. Eu estava completamente atordoada.
- Sim – respondi, tentando sair do transe. Eu estava tão perdida em como ele estava perfeito que até minhas palavras pareciam não sair direito.
- Vamos? – ele chamou, com aquele sorriso encantador.
- Sim – disse, sorrindo de volta, completamente encantada. Eu mal conseguia acreditar que estava ali, ao lado dele.
Flashback off
Eu acho que morri e cheguei no céu. Meu Jesus Cristinho, que homem era aquele? Ele tinha tudo o que eu sempre sonhei e mais um pouco. Estava completamente perdida, mas de um jeito bom.
Começamos a caminhar, conversando sobre diversos assuntos. Não fomos muito longe, apenas demos uma volta pelo bairro mesmo, sem pressa. O ar estava fresco, e as ruas tranquilas, com poucas pessoas passando. O som de nossas risadas preenchia o ambiente, e eu não conseguia parar de sorrir.
Conversamos sobre música, filmes, nossas vidas. De repente, ele me perguntou sobre meus planos para o futuro, e eu falei sobre minha vontade de viajar, de conhecer lugares diferentes, de sair da rotina. Ele riu e me disse que parecia a pessoa perfeita para se aventurar pelo mundo.
Rimos e nos divertimos muito naquele fim de tarde. Deu para nos conhecermos um pouco e ele era gentil, engraçado, fofo e lindo. O que eu poderia querer mais? Ele era perfeito, em todos os sentidos.
Voltamos para sua casa. O sol estava se pondo, e o céu começou a ficar alaranjado, criando um cenário ainda mais bonito. Quando chegamos, pedi para ele me deixar na porta, pois Sara estava vindo me buscar.
Flashback On
- Quer que eu te espere? – ele perguntou, ao perceber que eu estava pegando o celular.
- Não, pode deixar. Sara vai vir me buscar – respondi, sorrindo.
Flashback off
Sentamos na porta de sua casa, naqueles degraus de madeira envelhecida. Estava confortável e a sensação era ótima. Ficamos ali, jogando conversa fora, enquanto esperávamos ela chegar. Ele me fazia rir com suas piadas, e eu não queria que aquele momento acabasse.
As luzes da rua começaram a acender, e o céu se tornou um tom mais escuro. Eu olhei para ele e me senti... bem. Nunca tinha me sentido assim antes