Capítulo 8 Suruba com famosos mascarados

- Não foi isto que combinamos! – Falei.

- Eu tenho idade para fazer minhas escolhas, mãe.

- Com 18 anos? – eu ri – Não, você não tem condições de fazer suas escolhas. Entendo seu sonho de viver do surf, mas ainda assim precisa estudar, Thomas. Você teve ótimas notas no Ensino Médio e os professores disseram que poderia escolher qualquer faculdade que seria aceito.

Thomas veio até mim e abraçou-me com força. Descansei a cabeça no peito dele e senti os músculos rígidos, exatamente como os do pai. Meu menino era parecido comigo em muitas coisas e em outras como Alex.

Era tão alto quanto Alex e também magro, um pouco mais musculoso por fazer muitos exercícios físicos e além do surf praticar remo, um dos seus hobbies que me deixavam completamente insegura e preocupada. Era loiro, olhos azuis, lábios grossos e não cortava os cabelos muito curtos, deixando os fios lisos emoldurarem seu belo rosto quadrado, com as mandíbulas aparentes, que lhe davam um ar ainda mais másculo. Poucas pessoas acreditavam que Thomas Adam tinha só 18 anos, embora ele sempre fizesse questão de dizer que em breve faria 19.

Diferente de Tessa, Thomas era um menino tranquilo e doce. Tessa, sua gêmea, tinha todos os traços do pai... E o temperamento também. Era intensa, séria e irônica. Destruía as pessoas com uma simples frase.

Eram três personalidades diferentes vivendo sob um mesmo teto. Tínhamos nossas desavenças e momentos intensos de amor. Mas éramos imensamente felizes. E era justo aquilo que me doía... Alex não estar ali para compartilhar comigo todos aqueles momentos ao lado dos nossos filhos.

- Mãe, eu não irei deixá-la sozinha.

Entendi o motivo pelo qual ele não queria fazer faculdade. Não era por falta de interesse. Era por mim!

Tentei conter as lágrimas, tamanha emoção que senti naquele momento, percebendo o amor e a preocupação que Thomas tinha comigo:

- Eu não estou sozinha, meu filho.

- Eu... Ouvi parte da conversa entre você e Adeline.

Suspirei:

- Isto não é muito correto.

- Não foi de propósito, juro. E... Não quero que se sinta abandonada.

- A saudade é algo que não se pode controlar, entende? – lembrei de minha saudade eterna por Alex – E sim, eu sofro por Tessa não estar junto de mim. Mas entendo que isto é necessário. Eu jamais admitiria que você deixasse de seguir sua vida por minha causa.

- Concordo com a parte que elas falaram sobre você arranjar alguém.

Corei imediatamente:

- Thomas, você não ouviu "tudo" que falamos, não é mesmo?

- Tapei os ouvidos em algumas partes – ele gargalhou divertidamente – É estranho ouvir as pessoas tentando convencer minha mãe a fazer sexo.

- Meu Deus! – cobri meu rosto com as mãos, completamente envergonhada – Eis uma situação bem embaraçosa.

- Sinceramente, se sexo fará com que você se cure... Se jogue, mãe.

- Thomas! – Recriminei – Não falarei sobre este assunto com você!

- Se não quer fazer sexo por fazer, simplesmente encontre alguém que lhe faça companhia, mãe. Sei que ainda ama meu pai... Mas já se foram mais de 18 anos desde que ele se foi. Você merece ser feliz. E... Eu aposto que ele quereria sua felicidade.

- Você não tem ideia de como ele era... – sorri – É bem difícil pensar em me envolver com outra pessoa e não comparar.

- Você é linda, mãe! – ele alisou meu rosto – Se dê uma chance. Estar com alguém não interferirá em nada no amor que sentiu por ele.

- Thomas, você é meu filho! Não pode me dar conselhos como um adulto. – Ri, confusa.

- Eu sou um adulto, mãe... Embora você não aceite muito bem.

Respirei fundo e disse orgulhosa:

- Meu bebê... Sempre tão maduro e sensato!

Thomas me deu um beijo:

- Não sou seu bebê! – Fez uma carranca.

Eu ri, lembrando o quanto ele detestava quando eu falava aquilo. E talvez o fato de serem chamados de "bebê" fosse a única coisa que ele e Tessa concordavam que não era legal.

Eu estava tomando sol na minha espreguiçadeira na areia, à beira mar, quando fui surpreendida por Cassi e Adeline. Uma delas retirou meu chapéu e percebi o sorriso radiante em ambos os rostos.

- Temos uma surpresa! – Cassiane disse, empolgada.

Sentei-me na espreguiçadeira, observando as duas sentarem na outra, que ficava de frente para mim.

- Uma surpresa? – Franzi a testa, preocupada com que as duas estavam aprontando.

Cassi me entregou um envelope. Abri e deparei-me com um convite estranho, com duas iniciais grandes em letras parecendo desenhadas à mão, escrito PP.

Olhei para minha irmã:

- Eu... Não entendi nada.

- Vire a página – Adeline falou, ansiosa.

Fiz o que ela sugeriu, passando para a página seguinte. Em letras douradas no papel preto, estava escrito:

"Você ganhou um passaporte para realizar seus sonhos sexuais mais secretos. Compareça despida de pudor, usando uma máscara e traje de gala. Alguém espera ansiosamente por lhe dar prazer e a proporcionar a noite mais incrível da sua vida."

Balancei a cabeça, incrédula, sentindo minhas bochechas ficarem mais vermelhas do que já estavam por conta do sol:

- Isto... É alguma brincadeira?

- Não, não é – Cassi foi quem respondeu – PP significa Prazeres Profanos. É um clube onde a identidade das pessoas não é revelada. Você passa a noite com alguém que jamais saberá nada sobre onde mora, se é casada, viúva ou freira – gargalhou divertidamente – Foi difícil conseguir isto. Além de custar caríssimo, só pessoas de classe altíssima e seletas tem acesso.

- E como eu tenho um convite na minha mão?

- Eu, mamãe, Arthur e até Adeline juntamos dinheiro e compramos. Claro que não foi de forma tradicional, já que meros mortais, como nós, não estamos na lista de pessoas aptas a participar desta suruba com famosos mascarados. Um amigo de Cristiano, que conhece alguém que trabalha lá, nos conseguiu o ingresso de forma clandestina.

Engoli em seco, perplexa:

- "Suruba com famosos mascarados"?

Sim, de todas as atrocidades que elas haviam falado, aquela parte era a mais grotesca.

Ambas riram, me deixando ainda mais furiosa:

- Vocês só podem estar loucas! Desde quando eu pertenço à classe alta? E já me imaginaram numa suruba com... Famosos? – Minha voz mal saiu.

- Eu já imaginei. – Adeline disse levantando a mão – Vai ser a sua cura para a atrofia vaginal. Pode transar com vários homens ao mesmo tempo.

Senti meu coração acelerar a simples menção daquilo:

- Não! Definitivamente não!