Capítulo 5 Amizade

Samanta

Sou muito desastrada e azarada. É a única explicação para tudo isso estar acontecendo comigo, em um único dia. ou sou muito incompetente, e não mereço nada que venha de Emma Novack.

Como posso ter perdido meu telefone em um elevador, e não saber qual, ou onde ele está. Tentei localiza-lo pelo meu computador, e sei que ele ainda está nesse imenso prédio, só não sei onde, ou com quem?

Pior é saber que não coloco senha para desbloquear, pois com tanta coisa na minha mente, seria inútil colocar mais uma barreira para acessar algo que deveria ser fácil e prático, e nunca imaginei que o perderia por ai.

- Droga! – Falou ao baixar os ombros, de cansaço, pois já tinha rodado quase o prédio inteiro a procura dele. Obvio que sou uma incompetente. Só pode. Além disso, meu horário de intervalo estava acabando, o que significava que eu teria que voltar ao trabalho. – Sou uma idiota mesmo.

- Está procurando por isso? – A voz masculina, nenhum pouco desconhecida, soa em meu ouvido, fazendo com que eu vire meu corpo, no mesmo instante, encarando a bela imagem do estranho com quem fiquei presa, e foi super arrogante comigo. Em suas mãos, ele segurava meu telefone, o que me deixou eufórica, fui em sua direção, mas o babaca levantou o aparelho, me fazendo sentir raiva. – Fiquei imaginando que estava a procura dele.

- Você fez de propósito. – Acusei, cerrando os olhos. – Só para me fazer correr por ai, a procura.

Ele revirou os olhos, sorrindo. Tem alguma coisa nesse homem que me faz odiá-lo e gostar. Talvez seja bela beleza escultural, que ele faz questão de exibir. Ou pela forma sarcástica que sorri e pronuncia duas frases.

O homem é enorme, fazendo-me parecer uma formiga, a sua frente.

- Tenho coisa mais importante para fazer, nerdizinha.

Franzi o cenho. Esse é meu apelido.

- Você nem me conhece. – Cruzei os braços, me recusando a aceitar a forma como ele me trata. – Agora, me devolve? – Estendi a mão, aberta.

- Gosto de você. – O encarei com surpresa. Com meu cenho franzido, o observei, sorrir. Acredito que é uma piada. – Seu jeito maluco, as provocações, até seu espirito livre.

- Não me conhece Harvey. – Decidi desviar minha atenção, pois estava começando a me senti estranha, como se a qualquer momento meu rosto iria pegar fogo, de tanta vergonha. Infelizmente, não sou forte o suficiente para evitar uma certa atração. Ainda mais ele sendo tão sexy e provocador. Mas é claro que um homem como esse nunca iria me olhar dessa forma. – Não sou nada do que fala.

Surpreendendo-me, o homem toca em meu rosto, pondo uma das mechas do meu cabelo atrás da orelha, fazendo com que eu o olhasse nos olhos. Isso causou um arrepio em meu corpo.

Não consegui pronunciar uma palavra, nem me afastar dele. O rastro de fogo me consumiu, fazendo com que todo o meu rosto ardesse de vergonha. Eu era bem tímida, isso era verdade. Aprendi com a vida que, ficar quieta e obedecer, era a melhor forma de sobreviver e me encaixar.

Contudo, Harvey despertava em mim algo que não sei explicar.

Ele pegou em minha mão, colocando o aparelho nela, e deu um sorriso, quando percebeu meu silencio.

- Quero saber mais sobre você, mas acho que agora não é a melhor hora. – Disse, ao se afastar. – Deve voltar ao seu trabalho.

- Está me dando ordens agora? – Franzi o cenho. Minha língua tinha vida própria, perto dele.

O babaca riu, o deixando bem mais sexy. Eu só consegui encarar aqueles lábios bem desenhados, sua barba que desenhava seu rosto, o tornando jovem e atraente. Ele era uma mistura de Chris Evans e Henry Cavill.

- Gosto de dar ordens. – Admitiu.

- Apesar de ser bem submissa, quando é você quem faz, me deixa irritada e inclinada a não obedecer.

- É isso que mais gosto em você. – Esse homem tem o poder de me deixar confusa. Nem sempre consigo entender o que ele realmente quer dizer. – Tenho que ir, nerdzinha. Tenha um bom dia.

- Você também, bundão. – Ele estava prestes a caminhar para o lado oposto, quando voltou a me encarar. Achei que tinha passado do ponto, e aquele lado submisso e tentado a agradar, vence. – Desculpe, é um vício de fala. Mais não significa que não aja como um.

Ele sorri, me deixando tranquila. Achei que havia se sentido ofendido.

- Acho que seremos bons amigos, nerdzinha.

Ri, sarcasticamente.

- Provavelmente, nunca mais vamos nos ver, como podemos ser amigos.

- Eu não teria tanta certeza, de que nunca mais vamos nos ver.

- O que? – Provoquei. – Vai ficar me esperando sair do trabalho para me encontrar. – Eu não sabia o que ele veio fazer aqui, mas acredito que não somos nada parecidos, e que, pelo tamanho dessa empresa, nos encontrar novamente, será quase impossível. – Acredito que ganhará mais, sendo amigo de pessoas como você.

- Como eu? – Franziu o cenho. – O que quer dizer com isso?

- Há – Dei de ombros. – Eu vivo dentro de uma sala, cheia de computadores, e pessoas que evitam olhar no meu rosto. Nunca saiu de casa, e as series que costumo assistir é quase, 90%, de ficção cientifica. Já você, parece ser totalmente o oposto.

Harvey balança a cabeça, rindo, e me olha.

- Não faz ideia do qual tedioso é a minha vida, e o quanto quero mudar isso.

- Quer que eu fiquei com pena? – Brinquei. – Não é como se não pudesse ir a qualquer lugar e achar pessoas mais interessantes.

Harvey ficou em silencio, mordeu os lábios, olhando para um ponto na parede. Depois, me encarou.

- Tenha uma boa noite, nerdzinha. – Sendo assim, ele saiu, me deixando com uma sensação estranha.

Era como se ele fosse a única pessoa com quem eu gostaria de conversar. Ele pode ser bem diferente de mim, mas não me trata como os outros idiotas com quem convivo. Mesmo ele sendo um bundão.