Ayla estava me instigando a correr na direção dele, mas um impulso de força maior do que o dela, me fez virar para outra direção, o jardim era a minha única saída no momento. Eu já estava cogitando caminhar por ele antes, Ayla estava ansiando por ele, meu corpo estava reagindo involuntariamente aos meus passos, usei mais forças do que o normal para caminhar, quase correr.
- Porque você está correndo do nosso companheiro? - Ayla resmungou irritada.
- Você viu quem era? - falei, enquanto puxava o ar mais forte, para que eles cheguem aos meus pulmões, mesmo que em pouca quantidade.
- E daí Hannah! Ele é nosso companheiro? Você não pode! - Ayla falou indignada. - Não pode correr dele.
- Você ficou maluca!!! - gritei na nossa ligação mental. - A rejeição de um Alfa dói mais do que qualquer outra! - falei inspirando e respirando, tentando engolir minha saliva normalmente, mas o nó que estava parado em minha garganta, estava me impossibilitando de fazer essa tarefa simples.
Caminhei por aquele jardim em linha reta o mais rápido que consegui, minha mente parecia um turbilhão, ou melhor água fervendo. Será que ele me viu? Era óbvio, ele estava olhando para mim, o que ele vai fazer? Minha garganta já estava ficando seca. Silenciei minha loba, enquanto parei no meio do jardim.
Olhei em volta e estava sozinha, respirei aliviada. Olhando para os postes médios de luz, que ajudavam a noite a deixar esse jardim, ainda mais encantado, com roseiras floridas, caminhos feitos com pedras cinzas escuros e gramas verdes ao redor.
Senti minha loba empurrando a minha barreira, enquanto tentava tomar o controle, respirei fundo. Eu preciso sair daqui, sem ele me ver. Antes que ela me coloque em confusão...
- Você sabe que ele é um ótimo rastreador, né!? - Ayla zombou - Você pode ir para onde quiser, ele vai nos encontrar!
- Ei! Como você conseguiu passar pela barreira que te silenciava? - franzi minhas sobrancelhas, enquanto perguntava mentalmente irritada com ela.
- Você sabe muito bem que quando você fica instável eu posso até controlar você! - Ayla falou com um ar de deboche.
- Você não ousaria!?... - Andei de um lado para o outro nervosa - Você não ousa fazer isso Ayla Mond! Você é parte de mim e não o meu mau...
- Eu posso tomar o controle e te levar até ele! - Ayla falou com zombaria.
- Ótimo! Eu não preciso de inimigos tendo você! - bufei, olhando para meus pés, ainda sentindo meu coração descontrolado.
- Você sabe que eu estou brincando! - Ayla riu - Mas eu queria ir até ele. - Ela murmurou indignada.
- Vai ficar querendo! Ayla pelo amor de Deus! - passei a mão pelo meu rosto, tentando acordar, talvez de um sonho. - Ele é o herdeiro Alfa Ayla, não tem com...
- Fugindo de mim, pequena!?
Sua voz intensa quebrou minha conversa mental com minha loba, enquanto meu corpo ficou rígido imediatamente, o som veio de trás. Olhei para frente, para longe sem um foco, enquanto meu corpo inteiro se arrepiou. Seu olhar sobre minhas costas, fazia cada parte do meu corpo formigar. Separei meus lábios rapidamente, enquanto arfei sem querer.
- Ah! Ele veio nos procurar... Ele veio!!! Eu sabia que ele viria. - Ayla começou a cantarolar em minha mente.
- Cala a boca Ayla!! - Falei com ela mentalmente, incapaz de me virar, me senti petrificada. Eu sabia que a rejeição viria, então fechei meus olhos e disse: - Eu Hannah Mond da matilha Wolfsfamilie Schwarzwal aceito a sua rejeição, herdeiro alfa.
Apertei minhas mãos em punhos ainda com meus olhos fechados, aguardando a dor avassaladora me alcançar, mas ela não veio.
- Você sabe que se, o nosso companheiro fosse nos rejeitar ele teria que falar primeiro, né Hannah? - Ayla sussurrou em minha mente.
Soltei o ar que estava prendendo lentamente, enquanto tudo parecia silencioso de mais abri um olho seguido pelo outro, eu tinha esquecido desse detalhe. Senti meu rosto começar a esquentar de vergonha. Seu cheiro ainda estava muito forte, sinal de que ele ainda estava comigo.
Não consegui me conter e me virei lentamente, ele ainda estava no mesmo lugar, meus olhos alcançaram seu peito musculoso, onde eu ficava na sua altura, lentamente fui levantando meu rosto para cima, até minha visão alcançar seu rosto.
Havia um ar de diversão nele, algo que poderia me deixar ainda mais vermelha se eu estiver. Seu sorriso divertido me alcançou, mas o impacto do brilho dos seus olhos do mais intenso e profundo amarelo dourado que eu já tinha visto, como se carregassem consigo a luz do sol em uma noite estrelada. Eram olhos que pareciam capazes de penetrar a alma, transmitindo uma aura de poder e mistério que me deixava hipnotizada. Cada olhar daqueles belos par de olhos dourados era como um chamado silencioso, revelando a força e a determinação do futuro líder da alcateia, era seu lobo. Ele estava me mostrando sua presença.
Minha loba suspirou alto dentro de mim... E eu senti minhas pernas falharem, mas consegui me manter em pé. No impulso dei um passo para trás. Mas minha loba se impulsionou no meio dos turbilhões de sentimentos que estavam jorrando sobre mim, e eu senti ela reluzindo em meus olhos. O que o fez sorrir.
Seu sorriso era perfeito, dentes brancos e alinhados. Seus lábios chamavam os meus e aquela barba era o seu maior charme..., mas o medo soou um pouco maior, me fazendo ficar no lugar, enquanto tentava controlar minha loba que queria me fazer pular em seus braços.
- Porque você acha que eu vou te rejeitar, companheira? - a voz grave, ainda mais grave do que a de Dominik, me causou arrepios profundos, quase tremi. Seu olhar parecia me prender em algum encanto, eu sabia que era seu lobo, porque seus olhos ainda estavam parados naquele amarelo dourado.
- Ayla me ajuda!! - suspirei mentalmente.
A intensidade dos lobos companheiros sobre nossa parte humana é um milhão de vezes maior do que se nossas partes humanas estivessem conversando normalmente. Difícil as fêmeas conseguir olhar por muito tempo para seu companheiro se ela estiver no controle humano e ele no do seu lobo. Nossas pernas falham, as palavras ficam presas é um sentimento avassalador. Um amor sem igual. Algo que eu nunca havia experimentado antes.
Senti Ayla se aproximando, mas me deixando no controle, sem reluzir em meus olhos. Apenas me dando um pouco mais de força para respondê-lo.
- Eu... Eu... Não... É - mesmo assim as palavras não queriam sair pelos meus lábios - Eu sou uma garota... É, normal Herdeiro Alfa Dominik! - respirei fundo.
- Poderia me explicar melhor, o que você quer dizer com a palavra 'normal'? - Dominik se aproximou, me mostrando que ele estava no controle agora. O que me fez arfar.
'Mãe' que homem lindo...