Aquela era uma loja de roupas sofisticadas localizada no centro da cidade. Ana e Franciele estão rodeadas por araras de vestidos deslumbrantes. Franciele segura um vestido longo, de cor vinho, enquanto Ana observa desconfiada.
- Isso é perfeito! Elegante, moderno, e vai fazer o CEO babar quando te ver.
Ana corando e rindo nervosamente.
- Franciele, não estou a tentar impressionar ninguém, muito menos um CEO. Só quero passar despercebida, lembra?
Franciele arqueia a sobrancelha.
- Passar despercebida? Ana, esta noite é a tua chance de brilhar! E se vai fingir ser uma mulher poderosa e confiante, tens de parecer o papel. Um vestido como este vai dizer: "Eu sei quem sou e o que eu quero".
Ana olhou mais uma vez para o vestido nas mãos dela.
- Parece muito justo, vai ficar desconfortável!
- Nada disso! Conforto é importante, sim, mas confiança é tudo. Experimente isto e depois conversamos.
Ana decide experimentar o vestido no provador para poder contentar Franciele, enquanto isso Fran vasculha do lado de fora mais opções.
- E Ana não se esqueça, postura é tudo! Ombros para trás e queixo erguido, ok? O resto é teatro!
- Teatro? Ótimo, porque já me sinto uma atriz numa peça maluca...
- Não te preocupes, vais arrasar. Confie em mim.
Alguns minutos depois, Ana sai do provador usando o vestido. É longo, com um corte elegante e justo no busto, abrindo-se suavemente na saia. Franciele coloca as mãos na boca, encantada.
- Meu Deus, Ana! Quem é essa mulher segura e fatal à minha frente? Estou apaixonado!
- Achas mesmo que está bem? Não parece muito provocante?
- Está perfeito. Olha para você! Este vestido diz "eu pertenço aqui" antes mesmo de abrir a boca. E o que é mais importante: realça quem você é – linda, elegante e confiante.
Ana se olha no espelho ainda sem acreditar no que vê.
- Não sei se consigo... Mas admito que gosto de como me sinto nele.
Franciele se aproxima da amiga e a abraça.
- É disso que estou a falar! Agora só precisamos de uns saltos incríveis e uns brincos discretos, mas elegantes. Nada muito chamativo – só o suficiente para dizer "sou uma mulher de negócios séria, mas sei impressionar".
Ana começou a rir sem parar.
- Você deve ser minha estilista oficial. Ou minha treinadora de confiança.
Fran pisca para ela de canto.
- Posso fazer os dois papéis, agora vamos que essa noite promete ser inesquecível!
Após pintar-se com esmero Ana volta a se olhar no espelho antes de ter certeza se deve ou não sair do quarto, ela ouve Fran bater na porta.
- Vamos Ana, apronte-se logo! Vais acabar se atrasando!
- Não sei amiga, acho que não vai dar certo, acho que deveríamos desistir!
Nessa hora Fran abre ao porta do quarto em um rompante.
- O que estás a dizer? – Pergunta incrédula, mas suas palavras morrem assim que vê a amiga deslumbrante no vestido cor de vinho, a fenda lateral dá uma bela visão das pernas longas e firmes, o leve tom bronzeado de sua pele se destaca, a maquiagem de tons leves abre ainda mais o tom mel da cor dos olhos, enquanto o decote do vestido desenha o contorno dos seios redondos. – Minha nossa, não é você, espera, é você sim!
- Não, Fran não sou eu, essa aqui não é a Ana e nunca será, não se esqueça que é teatro, para todos os efeitos hoje sou Marina Barbosa, arquiteta renomada e reconhecida mundialmente.
Fran bate palmas animada.
- Isso aí! Assim que se fala, agora pare de ver problema e vamos em frente, a Juli já está te esperando lá em baixo.
Ana dá um último abraço em Franciele.
- Muito obrigada por isso amiga, não sei o que eu faria sem você, eu jamais iria tão longe assim.
- Não seja boba, estou achando isso fantástico, vou esperar acordada para saber de tudo!
Elas se despediram animadas e Ana seguiu para o carro onde Juli já a esperava.
O salão principal do hotel de luxo é uma obra-prima da arquitetura moderna, com lustres de cristal imponentes pendentes do teto alto, refletindo a luz em um brilho dourado que banha o ambiente. As paredes são decoradas com painéis de mármore e detalhes dourados, enquanto as mesas redondas estão cobertas com toalhas de seda branca e arranjos florais sofisticados. Os convidados, vestidos impecavelmente em trajes de gala, conversam em grupos, segurando flautas de champanhe.
Ana entra pela grande porta de madeira ornamentada. Seu vestido vinho brilha sob as luzes do salão, e sua postura reflete a confiança que Franciele insistiu que ela adotasse. Embora seu coração esteja acelerado, ela mantém o queixo erguido e um leve sorriso no rosto.
Ana começa a divagar em pensamentos... "Certo, Ana é agora. Confiança. Eles não sabem quem tu és, mas também não sabem quem não és".
Ela desliza pelo salão, fingindo naturalidade. O som de risadas refinadas e conversas abafadas ecoa ao seu redor. O aroma de pratos requintados e do champanhe preenche o ar. Ela sente os olhares de alguns convidados sobre si, mas escolhe ignorar.
No canto oposto do salão, Ana finalmente avista Fabrício. Ele está cercado por um pequeno grupo de pessoas, rindo com uma taça de vinho na mão. Alto e carismático, veste um esmoquin impecável que parece feito sob medida, e seu sorriso exala confiança e poder.
Novamente Ana se perde em pensamentos. "Aí está você, o homem que destruiu meus sonhos, mas hoje querido, hoje a conversa será outra".
Ela caminha em direção ao grupo, tentando parecer como se pertencesse àquele ambiente. Antes de chegar perto o suficiente para ser notada, ela dá uma última olhada ao redor para ajustar sua estratégia. Ao lado de Fabrício, ela percebe uma mulher elegantemente vestida, provavelmente uma executiva, e um homem mais velho, claramente um investidor ou parceiro de negócios.
Ana se aproxima tomando um ar de confiança na voz, lembrando-se exatamente de como Franciele tinha lhe ensinado.
- Boa noite. Espero não estar a interromper. Fabrício, certo?
Fabrício desvia o olhar da conversa, surpreso com a interrupção. Ele a analisa por um momento antes de sorrir educadamente.
- Sim, sou eu. E a senhorita é...?
- Marina Barbosa. Sou uma grande admiradora do seu trabalho e queria aproveitar esta oportunidade para trocar algumas ideias consigo. Afinal, nem sempre temos a chance de conversar com alguém tão influente.
Fabrício sorri claramente lisonjeado, enquanto os outros no grupo olham curiosos para Ana. Ela sente a tensão nos ombros diminuir levemente – o primeiro passo foi dado.
- Bom, Marina, parece ter conseguido prender minha atenção, então sobre o que gostaria de falar?
Ana ergue o queixo e sorri com elegância, pronta para impressioná-lo e virar o jogo a seu favor.