Capítulo 3 O Homem Sombras

Clara percorreu as ruas da vila, observando atentamente tudo ao seu redor. Algo parecia fora de lugar. As pessoas caminhavam com olhares vazios, como se estivessem presas em uma rotina que não fazia sentido. O grande relógio da praça marcava 13:13, mas, ao invés de avançar, os ponteiros se moviam para trás, em um ciclo interminável.

Ela sentiu o bracelete no pulso pulsar, como se estivesse vivo. Assim que tocou nele, uma visão a atingiu: um fragmento do passado. Ela viu um homem encapuzado, diferente do Guardião, caminhando pela vila e tocando objetos. Onde quer que ele passasse, o tempo parecia deformar, criando anomalias.

A visão terminou, e uma voz ecoou em sua mente:

- Ele se chama Kael, o Homem das Sombras. Um ex-Guardião que se rebelou. Ele acredita que o tempo deve ser moldado ao desejo humano, não protegido. Kael é a fonte da ruptura aqui.

Clara fechou os punhos. Sabia que precisava detê-lo, mas como? Ela ainda não entendia completamente o poder do bracelete.

Enquanto andava pela praça, percebeu que o ar ficou mais frio, e a luz do dia começou a desvanecer. Um sussurro percorreu as ruas, e de repente, ele apareceu. Um homem alto, envolto em um manto negro, com olhos como buracos negros que pareciam sugar toda a luz ao redor.

- Então, a nova Guardiã finalmente chegou - Kael disse, com um sorriso sombrio. - É sempre fascinante ver como o Guardião escolhe crianças para seu jogo de poder.

- O que você fez com esta vila? - Clara perguntou, tentando soar confiante.

- Apenas libertei o tempo de suas correntes. Veja, Clara, a linha do tempo não é algo sagrado. É uma ferramenta. E aqueles que sabem usá-la, como nós, deveriam governar, não proteger.

Kael estendeu a mão, e o relógio da praça começou a girar descontroladamente. Clara sentiu o bracelete vibrar intensamente, como se alertasse sobre o perigo.

- Você não entende o que está fazendo! - ela gritou.

- Pelo contrário. É você que não entende o verdadeiro poder que carrega.

De repente, Kael avançou em direção a Clara com uma velocidade impossível. Ela ergueu o braço instintivamente, e o bracelete brilhou, criando uma barreira de luz dourada que o repeliu.

- Hah, parece que você tem potencial, afinal - ele disse, recuando. - Vamos ver quanto tempo você consegue resistir.

Antes que Clara pudesse reagir, Kael desapareceu, deixando para trás uma vila ainda mais caótica. O relógio da praça agora marcava 00:00, e o ciclo do tempo parecia prestes a romper completamente.

A voz do Guardião ecoou novamente:

- Clara, Kael está tentando usar essa vila como um experimento para criar um ponto de ruptura permanente. Se ele conseguir, o fluxo do tempo será destruído aqui e em todos os lugares conectados a esta linha temporal. Você deve encontrar o foco da ruptura antes que seja tarde demais.

Clara respirou fundo. Sabia que estava lidando com algo muito maior do que ela imaginava. Mas também sabia que não podia falhar.

            
            

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