Capítulo 5 O Jantar

Amélia

"Espera agora?" é a única coisa que consigo dizer antes de perceber que ele não está brincando. Victor Renaud, o bilionário com fama de frio e controlador, realmente espera que eu largue tudo e o acompanhe em um plano louco para dispensar uma mulher.

"Sim, agora. Algum problema?" Ele arqueia uma sobrancelha, como se desafiasse minha hesitação.

Claro que há um problema! Preciso de um minuto para processar que acabei de concordar em participar de um circo social ao lado do meu chefe, mas não tenho tempo nem para respirar direito. Ele já está andando em direção à porta.

"Tudo bem, mas e se alguém nos vir juntos? Isso não vai causar problemas?" Tento argumentar enquanto o sigo, mas ele mal me ouve.

"Não se preocupe com isso. Apenas finja que estamos tendo uma conversa profissional. Pense nisso como um investimento no seu problema financeiro."

Chegamos ao elevador e a situação se torna ainda mais surreal quando ele pressiona o botão do térreo como se não fosse nada. Enquanto descemos, fico olhando para ele de rabo de olho. Victor Renaud é impressionante em muitos sentidos: alto, com aqueles olhos penetrantes e o terno perfeitamente ajustado. Mas agora, tudo o que consigo pensar é em como ele é prático ao ponto de ser irritante.

"Preciso avisar minha avó," murmuro, tentando puxar o celular da bolsa.

"Avise no caminho. E faça isso de forma discreta, Amélia. Não quero que ninguém saiba que você é minha acompanhante."

"Mas você acabou de dizer que é só uma conversa profissional!" Respondo com um tom de desafio.

Ele não responde. Apenas me lança um olhar que diz "Você já concordou, agora aceite". Antes que eu possa argumentar mais, somos levados até um carro luxuoso que parece ter saído de um filme. O motorista abre a porta para nós, e eu entro, ainda tentando entender como fui parar ali.

No carro, enquanto envio uma mensagem apressada para minha avó, Victor começa a me instruir sobre o que devo fazer.

"Você não precisa dizer nada. Apenas fique ao meu lado, seja educada e, se ela perguntar alguma coisa, responda de forma genérica. O objetivo é que ela perceba que não tenho interesse."

"Entendi. Mas e se ela for insistente?" Pergunto, cruzando os braços.

Ele solta um suspiro longo, como se estivesse cansado de tudo – inclusive de mim.

"Acredite, Amélia. Com você ao meu lado, ela não vai insistir."

O elogio é inesperado e, por um segundo, sinto meu rosto esquentar.

"Isso é para ser um elogio ou você está apenas tentando me manipular?" Pergunto, arqueando a sobrancelha.

Ele dá um meio sorriso, mas não responde.

Quando chegamos ao restaurante – um lugar tão sofisticado que eu nem sabia que existia na cidade –, Victor segura minha mão para me guiar até a mesa. E é lógico que todos olhem.

"Você precisa me dizer quem é essa mulher, pelo menos," sussurro enquanto caminhamos.

"Senhorita Lorenzo. Uma 'parceira de negócios' que meu pai insiste em empurrar para mim."

"E por que exatamente você quer que ela fuja?"

"Porque não estou interessado." Sua resposta é curta e seca.

Ao nos aproximarmos da mesa, vejo uma mulher deslumbrante, claramente esperando Victor com um sorriso que poderia iluminar uma sala inteira. Assim que me vê, seu sorriso vacila por um segundo, mas logo volta – ainda que um pouco mais forçado.

"Victor, que surpresa," ela diz, levantando-se e estendendo a mão. "E esta é...?"

"Amélia, minha gerente jurídica. Nós estávamos discutindo um assunto urgente e achei melhor trazê-la comigo, já que o tempo é curto."

"Gerente jurídica?" Ela repete, claramente confusa, mas ainda tentando manter a elegância.

"Prazer," digo, tentando soar confiante.

Victor puxa uma cadeira para mim e outra para ele, ignorando completamente o olhar de descrédito da Senhorita Lorenzo. O jantar é uma mistura de tensão e comédia, com ela tentando de todas as formas monopolizar a atenção de Victor, enquanto ele mal se dá ao trabalho de responder. A cada tentativa frustrada dela, sinto vontade de rir – mas me contenho.

No final, quando finalmente saímos, não consigo mais me segurar. Solto uma gargalhada assim que entramos no carro.

"O que foi?" Ele pergunta, me olhando como se eu fosse louca.

"Nada, é que você realmente não facilitou para ela."

Ele sorri de lado, parecendo satisfeito consigo mesmo.

"Esse foi o ponto, Amélia."