Capítulo 2 Desafios na Escola

O caminho até a escola era familiar e repleto de memórias. Ethan caminhava com o coração acelerado, não apenas pela expectativa do dia, mas também pela ansiedade que sempre o acompanhava ao se aproximar do colégio. Enquanto seus pés descalços tocavam a terra batida, ele pensava em como a vida na roça era simples e, ao mesmo tempo, cheia de desafios que muitas vezes pareciam pesados demais para um garoto de sua idade. Ao chegar à escola, o barulho das conversas e risadas dos colegas o envolveu. Ele viu seus amigos Lucas e Sofia, que sempre o acolhiam com um sorriso.

"E aí, Ethan! Pronto para mais um dia?" Lucas perguntou, batendo de leve em seu ombro. Sofia, com seu jeito gentil, trouxe um pouco de conforto ao seu coração. "Você trouxe o lanche hoje?" ela perguntou com um sorriso. Ethan assentiu, aliviado por ter amigos que o apoiavam. No entanto, nem todos os alunos eram tão amigáveis. Um grupo de meninos, liderados por Matheus, costumava fazer piadas sobre seu jeito simples de viver. "Olha quem chegou! O fazendeiro do capim!" Matheus gritou, provocando risadas entre os outros. Ethan sentiu a vergonha subir pelo rosto, mas respirou fundo e tentou ignorá-los. As aulas começaram, e Ethan se esforçou para se concentrar. Ele adorava aprender, especialmente sobre ciências e matemática, matérias que lhe davam esperança de um futuro melhor. O professor de ciências, o Sr. Almeida, sempre incentivava seus alunos a sonhar grande, e isso inspirava Ethan a acreditar que poderia um dia deixar a roça e explorar o mundo. Durante o intervalo, enquanto estava com Lucas e Sofia, Ethan compartilhou seus sonhos. "Eu quero ser veterinário," ele disse, os olhos brilhando de entusiasmo. "Quero cuidar dos animais e ajudá-los a ficar saudáveis." Lucas sorriu, admirado. "Isso é incrível, Ethan! Você vai conseguir!" Mas, enquanto conversava, Ethan percebeu que Matheus e seu grupo se aproximavam novamente. "Olha, o garoto da roça quer ser veterinário! Quem vai querer um veterinário que vive com porcos?" Matheus zombou, e as risadas ecoaram mais uma vez. Ethan sentiu a raiva crescer dentro dele, mas em vez de responder, ele se lembrou da força que sua família lhe ensinara. Ele apenas virou-se e se afastou, com o coração pesado, mas com a determinação de não deixar os outros o derrubarem. O dia continuou, e a aula de educação física trouxe um alívio temporário. Jogar futebol o fazia esquecer os problemas, mesmo que por um breve momento. Ele corria pelo campo, sentindo o vento no rosto e a adrenalina pulsando em suas veias. A bola parecia levá-lo para longe das zombarias e dos desafios, e ele se sentia livre. Quando finalmente o sinal tocou, Ethan caminhou para casa com a mente cheia de pensamentos. O dia fora difícil, mas ele sabia que precisava se manter firme. Ao chegar em casa, encontrou sua mãe na cozinha, preparando o jantar. O cheiro de arroz e feijão preenchia o ar, e isso o acolheu como um abraço. "Mãe, hoje foi um dia complicado na escola," ele começou, hesitando. "Matheus e os outros ainda estão me atormentando." Sua mãe olhou para ele com compaixão. "Meu filho, às vezes as pessoas não entendem o que é viver de forma diferente. Mas nunca se esqueça do que você é e do que deseja ser. A vida é cheia de desafios, mas nunca deixe que isso apague seus sonhos." As palavras dela ressoaram em sua mente, e Ethan se sentiu um pouco mais forte. Ele sabia que, apesar dos desafios, tinha o amor da família e o apoio dos amigos. Com isso em mente, ele se sentou à mesa, agradecendo por mais um dia e pela chance de lutar por seus sonhos.

            
            

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