Capítulo 4 Está satisfeito

O beijo foi completamente inesperado.

Pega de surpresa, Khloe não teve tempo para reagir.

Os homens de Henrik ficaram paralisados, seus olhos arregalados de descrença.

Depois de trabalharem para ele há anos, eles jamais o viram tão próximo de uma mulher.

Henrik sempre mantinha distância das mulheres. Antigamente, as mulheres que se aproximavam dele, ou eram transformadas em comida para peixes ou enviadas para trabalhar nas minas, tudo por ordens dele.

Que tipo de magia essa mulher exercia?

Como ela conseguiu fazer com que Henrik deixasse todas as suas regras de lado na primeira vez que se encontravam?

Enquanto todos permaneciam atordoados, os pensamentos de Khloe giravam em espiral, a impossibilitando de pensar direito.

O beijo de Henrik foi devastador, como uma tempestade que a envolvia, lhe tirando o fôlego e a deixando tonta.

Ela se encontrou presa nos seus braços, segurada tão firmemente que se sentia como uma flor em meio a uma tempestade violenta. No entanto, frágil era algo que ela não era.

Assim que o choque passou, a raiva surgiu dentro dela.

Por anos, ela enfrentou humilhações, e sua queda em desgraça a lançou nas profundezas mais obscuras. Mas desistir nunca era uma opção para ela, que sempre planejava sua vingança.

Era perfeitamente normal que ela se recusasse a ceder.

Sem hesitação, ela passou os braços ao redor do pescoço dele e retribuiu o beijo com igual intensidade.

Afinal, que mal um beijo poderia fazer?

Além disso, o homem era incrivelmente atraente e poderoso.

Não era como se ela fosse sair perdendo.

Ela manobrou habilmente com a língua, se recusando a permitir que ele a dominasse completamente.

Ao invés de retroceder, ela enfrentou diretamente a intensidade dele e assumiu o controle.

O que começou como um beijo imposto logo se tornou uma disputa intensa, cada um tentando tomar o controle, alternando avanços e recuos numa batalha feroz pelo domínio.

O beijo crescia em intensidade a cada instante, tornando-se cada vez mais ardente, até que os dois se viram ofegantes, sem ar.

Ao se afastarem, seus lábios latejavam, inchados e tingidos de sangue, um testemunho vívido da ferocidade desse momento.

Henrik soltou Khloe, levando a mão aos lábios e passando o dedo onde os dentes dela deixaram uma marca.

O olhar dele era profundo e penetrante, fixo nela como se pudesse enxergar além da sua alma.

Khloe sustentou o olhar dele, sem titubear ou exibir qualquer sinal de desconforto.

Sua postura corajosa e despreocupada lhe conferiu o respeito de quem observava.

Os homens de Henrik finalmente entenderam o que atraiu o chefe.

Ela era ousada, exibindo uma coragem que não poderia ser ignorada.

Acima de tudo, ela ainda tivera a audácia de morder o lábio de Henrik, sem qualquer medo das consequências.

Henrik continuou olhando fixamente para Khloe enquanto a satisfação se intensificava dentro dele.

O calor pulsante nos seus lábios era uma lembrança intensa e inegável do que acabara de acontecer.

Apesar do rosto etéreo e angelical, a mulher à sua frente não tinha nada de delicada. Ela era uma rosa com espinhos, e qualquer um ingênuo o bastante para subestimá-la certamente enfrentaria as consequências.

O que a tornava verdadeiramente hipnotizante era justamente isso: a combinação entre sua beleza e o perigo que se escondia por trás dela.

"Senhor Watson, está satisfeito?", perguntou Khloe, quebrando o silêncio.

"Sim, já podemos ir", respondeu Henrik, sorrindo. "Agora, vamos cuidar do seu probleminha."

Cerca de trinta minutos depois, ele entrou com Khloe na suíte de hotel mais luxuosa da cidade.

"Chefe."

Assim que os dois entraram, homens de terno se alinharam em perfeita sincronia, cumprimentando Henrik com uma reverência carregada de respeito e uma sutil ameaça.

Todos eram assassinos treinados e altamente qualificados. Ainda assim, eles demonstravam a Henrik o mais absoluto respeito.

Henrik ofereceu um aceno de cabeça em resposta e se sentou antes de sinalizar para Khloe se sentar ao seu lado no sofá.

Diante dos olhares curiosos, inquisitivos e indiferentes, Khloe se acomodou ao lado dele com compostura.

Já que ela estava numa situação tão delicada, não havia sentido em hesitar.

A serenidade dela intrigou Henrik, e um lampejo de diversão brilhou nos seus olhos.

"Rhett, traga-o para dentro", instruiu ele.

O tom seguro da sua voz, combinado à sua aura majestosa, fazia com que qualquer outro ali parecesse insignificante.

Logo depois, um homem de óculos e postura afável fez um sinal discreto, e um grande saco foi arrastado para dentro.

Assim que o saco foi aberto, um homem desgrenhado e amarrado com cordas apareceu.

Os cabelos grisalhos dele estavam desalinhados e suas roupas exibiam manchas de terra e marcas de pegadas - sinais inegáveis de uma surra violenta.

Em choque, os olhos de Khloe se arregalaram.

O homem que estava ali era Karl, o notório chefão do submundo da cidade.

Por 30 anos, a família Russell estava no comando da cidade, controlando bares e casas noturnas além de administrar o comércio internacional de armas. Como resultado, até mesmo a poderosa família Evans precisava ter cuidado ao lidar com eles.

Khloe antecipara que Henrik iria negociar com Karl e, considerando a enorme influência de Henrik, Karl seria obrigado a respeitá-lo.

Jamais passara pela sua cabeça que Henrik iria sequestrá-lo.

Isso evidenciava uma coisa: a família Russell não era nada para Henrik.

No instante em que Karl foi jogado no chão, ele não perdeu tempo em lançar uma torrente de maldições. "Quem você acha que é para me trazer aqui desse jeito? É melhor me deixarem ir imediatamente, caso contrário, meus homens irão acabar com vocês!"

Assim que ele parou de falar, Henrik ordenou: "Aleija-o."

Ao ouvir essa ordem, o homem de óculos sacou uma arma com silenciador e atirou nos membros de Karl.

Quatro disparos silenciosos ecoaram, atingindo com precisão cirúrgica os tendões dos membros de Karl.

Num instante, ele foi reduzido a um homem indefeso, incapaz de se mover.