- Você acha mesmo que ele estava falando sério? - perguntei. Ele não seria capaz de fazer o que eu estava pensando, seria? Foi então que tive uma ideia: - Raquel, vamos até o banheiro - aproveitei que todos estavam distraídos com o novo show.
- O que vamos fazer lá? - ela perguntou. - OK, sem comentários bestas - Raquel completou, ao observar a expressão no meu rosto.
Fomos direto para o banheiro. Fechei a porta e me certifiquei de que não havia mais ninguém. Fui até a pia do banheiro e tirei da bolsa tudo que tinha dentro dela, tocando em tudo como se fosse algo diferente.
- Achei - gritei.
- O que é isso, Nella? - Raquel perguntou, curiosa.
- O filho da mãe do meu irmão colocou um rastreador na minha bolsa. Agora sim eu vou fazer picadinho dele.
- Ele está doido agora?
- Se ele não está, ele vai ficar, porque eu vou infernizar a vida dele, e vai ser agora. Você vem comigo?
- É claro que sim, como você vai para a delegacia?
- Ah, verdade. Vamos. Eu vou caçar agora, Senhor Davi - respondi, e partimos, com um último olhar em direção ao palco.
Raquel entregou a chave para o manobrista, e, enquanto ficamos aguardando o carro chegar, peguei um espelhinho, me arrumei, retoquei a maquiagem, e de lá seguimos direto para a delegacia.
- Vai entrar? - perguntei, já sabendo a resposta.
- Melhor não - eu já imaginava.
- Já venho - falei, saindo do carro.
Fui em direção ao prédio e passei por todos que estavam ali. Eu já os conhecia e eles sabiam que, quando eu estava ali, se tratava do Davi, por isso me cumprimentaram rindo.
- Antonella, querida, o que veio fazer aqui nesta madrugada? - perguntou um dos rapazes. Leandro, um amigo em comum.
- Esganar o Davi, por acaso ele está aqui? - perguntei, em um tom doce.
- Sim, está na sala dele. Quer que eu veja se ele pode te atender?
- Não mesmo, se você avisar, eu esgano os dois, e você sabe disso, não? - eu praticamente gritei com ele.
- Calma, Antonella - respondeu, em um tom de riso.
Saí de lá bufando e comecei a gritar chamando o Davi de filho da puta para baixo. Pedi até perdão a Deus nessa hora, por estar xingando a nossa mãe, que era uma santa por nos aguentar. Mas Davi ia pagar caro, ah, se ia!
Cheguei à sala dele gritando, abri a porta com tudo e reparei que ele tomou um belo de um susto, o que o fez se sentar rápido.
- Antonella, o que você está fazendo aqui? - perguntou. É sério mesmo que ele está me perguntando isso?
- Davi, eu quero saber que porcaria é esta que você colocou na minha bolsa! - eu já estava começando a me estressar.
- Do que você está falando?
- Não se faça de besta comigo, não - respondi, alterada.
- Mas não estou me fazendo, e outra coisa, minha irmã, você está dentro de uma delegacia - disse ele, agora com a voz alterada.
- Para de colocar rastreador em mim, senão eu vou me casar, vou fugir, sei lá! Me deixa em paz!
- É para sua segurança - ele respondeu, calmo.
- Segurança minha? Pelo amor de Deus, Davi, isso é demais.
- Antonella, você não sabe como são os homens lá fora.
- Davi, meu filho, você acha que eu não sei o que é homem, não?
- Não quero ouvir.
- Puta que pariu, Davi, para de querer me controlar - falei, notando que ele estava todo calmo.
- Não vem, não, Antonella, você sabe muito bem que eu tenho que cuidar de você.
- Davi, eu sou de maior e vacinada, e não quero ninguém no meu pé querendo me controlar - agora sim estava a ponto de explodir.
- Antonella, não vem, que eu não vou deixar você ir naquele lugar!
- Vou falar pela última vez: eu sou maior de idade - disse pela última vez antes que eu voasse no pescoço dele.
- O que você foi fazer naquele lugar?
- Eu estava me divertindo, como qualquer mulher normal estaria fazendo, caso certo ogro filho da puta... Não, eu não posso xingar a nossa mãe -respondi.
- Atrapalho? - ouvi uma voz rouca. Puta que pariu, essa voz me deixou toda excitada.
- Me desculpa, Diogo - respondeu Davi, meio sem graça.
E eu estava curiosa querendo saber de quem era aquela voz maravilhosa. Virei-me e pensei: Vou falar palavrão de novo, puta que pariu, esse homem é um tesão mesmo.
- Não tem problema, está tudo OK aqui? - perguntou o dono da voz sexy.
- Me desculpe por estar gritando aqui na delegacia, senhor - eu me desculpei, já excitada só de ouvir a voz dele.
- Prazer, Diogo Venturini Nogueira - ele se apresentou, estendendo a mão para me cumprimentar.
- Prazer, Antonella Hauffenn. Sou irmã do idiota ali do lado - respondi, brincando, para disfarçar a excitação, e ouvi o gemido de Davi.
- Antonella, o Diogo é o delegado - respondeu Davi, olhando para nós dois.
- Me desculpe, doutor, posso te chamar assim, ou de outra forma? - perguntei. Nossa, que delegado é esse, meu Pai? Pela roupa que estava usando, ele era bem musculoso e sexy pra caralho. Observei que o delegado gostosão estava distraído e o chamei de novo. - Doutor Diogo - hum, me ocorreu um pensamento pecaminoso, nós dois na cama, ulalá, esse homem deve ser bom de cama.
- Me desculpe, pode me chamar de Diogo mesmo - ele respondeu.
- Pode me chamar de Antonella. Bom, me desculpe por ter que sair, mas eu tenho que voltar para o local em que estava - fiz de propósito, para provocar meu irmão, mesmo não voltando para a casa de striptease. Isso deixaria o Davi com a pulga atrás da orelha.
- Me desculpe, que lugar seria esse? - ele me perguntou, curioso, e, como eu gosto de provocar o Davi, abri um sorriso sexy e respondi, olhando para aquele belo espécime:
- Ah, eu estava num clube de striptease - disse, e fui embora, deixando os dois, é claro, surpresos. Voltei para o carro.
- Como foi? - Raquel me perguntou. Eu estava com as ideias meio derretidas por causa daquele homem.
- Davi é besta. Vamos ver se agora ele me deixa em paz - respondi, e contei para ela do tal delegado.
- Nella, você gostou dele?
- Que mulher não iria gostar desse homem?!
- Hum, Nella está amando - Raquel fez um gesto com os dedos, desenhando um coração.
- Besta - respondi, rindo.
- Minha casa ou a sua?
- Sua. Vamos pedir pizza?
- Vamos, mas e a sua dieta?
- Neste momento, esquecida - respondi, rindo.
Eu quero emagrecer por motivo de saúde, e não de estética, se bem que eu estava muito bem do jeito que estava. Me amo assim desse jeito.
- Então para minha casa. E me conta mais, como é esse tal delegado?
- Simplesmente a coisa mais gostosa que já vi - respondi, ainda me lembrando do meu delegado.