Sua vida se transformou em uma rotina de estudo e prática. Passava horas rodeada de antigos grimórios, aprendendo magia branca e aperfeiçoando seus conhecimentos sobre ervas curativas. Cada planta, cada palavra mágica a aproximava de um objetivo que ela nunca ousava pronunciar em voz alta. Mas nas noites de lua cheia, essa obsessão se tornava impossível de ignorar.
A lua. Sempre a lua.
Laura costumava se sentar à beira da floresta, sua silhueta recortada pelo brilho prateado. A luz lunar acariciava sua pele e ela sentia o puxão interior, uma conexão que não podia explicar. Lembrava das palavras de sua avó:
- A lua influencia tudo o que toca. Algum dia, você entenderá por que ela te chama tanto.
E Laura estava decidida a entender. A morte de Iris, os uivos dos lobos, a pulseira de prata em seu pulso... tudo estava conectado.
Crescimento e obsessão
Com o tempo, Laura se tornou uma figura enigmática para os aldeões. Respeitavam suas habilidades curativas, mas evitavam cruzar seu olhar intenso. Alguns diziam que ela falava com a floresta, que a lua sussurrava segredos para ela. Laura não desmentia os rumores; no fundo, sabia que havia algo de verdade neles.
Toda noite de lua cheia, sua obsessão crescia. Ela se aventurava sozinha na floresta, seguindo trilhas iluminadas pela luz pálida. Ouviu os ecos de uivos distantes e sentia a pulseira de prata arder suavemente em seu pulso. Sabia que algo aguardava para ser descoberto, algo que sua avó havia querido proteger.
- Por que a lua me chama? - sussurrava para o vazio. - O que se esconde na escuridão da floresta?
Desaparecimentos misteriosos
Mas a frágil paz da aldeia começou a se romper. Um por um, os jovens começaram a desaparecer. Primeiro foi Elian, o filho do ferreiro. Depois, Mara, que costumava cantar ao entardecer à beira do rio. Ninguém via ou ouvia nada. Só restava o silêncio e, às vezes, rastros estranhos que levavam para o fundo da floresta.
O Conselho de Anciãos se reuniu com urgência na praça central. O ambiente estava carregado de medo. Brel, o ancião de barba grisalha e olhar severo, tomou a palavra:
- É a matilha do norte - declarou, com sua voz grave ressoando. - São os lobisomens que estão levando nossos jovens. A lua cheia os chama para caçar.
Os aldeões murmuraram com medo. Laura, que escutava das sombras, franziu a testa. Algo nas palavras dele não fazia sentido. Ela havia lido sobre a matilha do norte. Ferozes, sim, mas distantes. Eles não atacavam aldeias sem motivo. Havia algo mais, algo que Brel não dizia.
- O que eles não estão contando? - murmurou para si mesma.
Naquela noite, a lua se ergueu novamente, grande e luminosa. Laura contemplou seu reflexo prateado enquanto seu coração batia forte. Ela não podia ficar de braços cruzados. O desaparecimento dos jovens, as suspeitas sobre a matilha do norte, a pulseira que ardia mais intensamente do que nunca...
Tudo estava conectado.
- Se a lua me chama, desta vez eu vou responder - sussurrou Laura, ajustando a pulseira em seu pulso. - A verdade está lá fora, e eu a descobrirei.
Com um passo decidido, ela entrou na floresta. A noite estava cheia de segredos. E Laura estava pronta para enfrentá-los.