Véu de Vingança
img img Véu de Vingança img Capítulo 4 A Ruptura
4
Capítulo 6 O Abismo img
Capítulo 7 Flashback - O Encontro img
Capítulo 8 A Noite da Mentira img
Capítulo 9 Lutando pela Confiança img
Capítulo 10 O Desmoronamento img
Capítulo 11 Flashback - A Primeira Discussão img
Capítulo 12 A Dor da Solidão img
Capítulo 13 O Dilema da Vingança img
Capítulo 14 Flashback - O Futuro Juntos img
Capítulo 15 A Viagem Interior img
Capítulo 16 A Visita Inesperada img
Capítulo 17 O Primeiro Passo para a Liberdade img
Capítulo 18 A Nova Ana img
Capítulo 19 Encontros Casuais img
Capítulo 20 O Retorno de Clara img
Capítulo 21 A Roda do Amor img
Capítulo 22 Flashback - Os Bons Momentos img
img
  /  1
img

Capítulo 4 A Ruptura

O choro de Ana não cessou desde que Clara saiu do quarto. As lágrimas caíam como torrentes, sem trégua ou consolo. Seu rosto estava avermelhado, seus olhos inchados, mas nada disso podia acalmar a dor que ela sentia no peito. Nada poderia. Clara não estava mais lá, mas a sombra da traição da amiga ainda estava presente, pairando em cada canto de sua mente. No entanto, havia algo ainda mais doloroso que a traição de Clara, algo que a despedaçava ainda mais: a traição de Javier.

Javier, o homem que fora seu companheiro, seu confidente, aquele que lhe prometera amor eterno. Era ele quem, agora, tentava dar explicações, uma após a outra, como se tudo tivesse uma solução simples, como se as palavras pudessem restaurar o que havia sido destruído. Mas Ana já não podia mais ouvir. Ouviu mentiras o suficiente em sua vida para reconhecê-las quando as via. E agora, as palavras de Javier não passavam de um eco vazio, algo distante que não conseguia penetrar em seu coração partido.

- Como você pôde? - Ana repetiu, quase como um mantra, enquanto suas mãos se apertavam em punhos. Sua garganta estava fechada, sufocada pela dor, mas a pergunta continuava saindo, como se fosse a única que pudesse articular. Como ele pôde? Como deixou que tudo chegasse a esse ponto?

Javier, de pé diante dela, parecia uma sombra de si mesmo. Estava pálido, os olhos brilhando com uma mistura de arrependimento e desespero. Mas o que Ana via nele já não era a pessoa que ela conhecia, aquela que a fizera se sentir segura, que a fizera sonhar com um futuro juntos. Naquele momento, o que ela via diante de si era um estranho. Um homem que a traíra da forma mais cruel possível. E isso era o que mais a doía: a incapacidade de reconhecer a pessoa que ela um dia amara.

- Ana, por favor... - Javier estendeu os braços como se esperasse que ela caísse em seus braços, buscando consolo, buscando uma forma de corrigir o que não tinha solução. Mas Ana, com a raiva ainda pulsando em suas veias, se afastou imediatamente. Não queria seu consolo, não queria suas palavras vazias, não queria que tocasse um único canto de sua vida.

- Não me toque. - A voz de Ana soou fria, dura, como o gelo. Era uma ordem, um limite que Javier já não podia cruzar. Ela não queria mais nada do que ele tinha a oferecer, não queria suas explicações, suas promessas vazias, nem seu arrependimento. Já não.

Javier olhou para o quarto, procurando as palavras certas, mas Ana já não o ouvia. Já não se importava com o que ele dissesse. Não importava se tentasse se explicar, se buscasse justificativas, nada disso poderia devolver o que ela perdera. As promessas, os beijos, as risadas compartilhadas, tudo isso havia desaparecido com a mesma rapidez com que ele traíra sua confiança.

- Ana, eu... - Javier tentou novamente, sua voz se quebrando, buscando penetrar o muro de silêncio que se erguera entre eles.

Mas ela o interrompeu com um olhar gelado, quase cortante.

- Não quero saber de nada. - A voz de Ana soou distante, vazia, como se estivesse falando com outra pessoa, alguém alheio a ela, alguém que não merecia nem uma migalha de sua atenção.

O ar no quarto ficou denso, como se o espaço entre eles estivesse carregado de eletricidade estática. Javier deu um passo mais em direção a ela, mas Ana retrocedeu, como se a proximidade dele a queimasse. Não podia suportar sua presença, sua proximidade. O relacionamento que compartilhavam já não existia, não havia mais nada entre eles. Restava apenas o eco do que um dia foi.

- Por favor, me deixe te explicar. - Javier implorou, seu rosto marcado pelo arrependimento, mas também pela frustração. Não queria perdê-la, não queria que tudo acabasse. Mas Ana já tomara uma decisão, uma decisão que não podia mudar, não importava o quanto ele tentasse.

- Não quero que me explique nada, Javier! - Ana gritou, desta vez com toda a fúria e a dor comprimidas em seu peito. Estava cansada de ouvir mentiras. Estava cansada de ver como ele tentava manipular a situação, como tentava fazê-la acreditar que tudo poderia ser resolvido com palavras. Não podia ser tão fácil.

Olhou em seus olhos, procurando algo que já não estava mais ali, algo que um dia a fizera se sentir segura, amada. Mas o único que viu foi um homem que mentiu, que quebrou sua confiança. O único que viu foi a cruel e devastadora realidade do que realmente acontecera. E, ao vê-lo assim, percebeu que já não restava nada da pessoa que um dia amou.

- Isso acabou. - As palavras saíram de seus lábios com uma clareza implacável. Não havia dúvida em sua voz, nem hesitação. Estava tomada por uma força interna que nem ela mesma entendia, mas que a empurrava para frente, para a decisão mais difícil de sua vida.

Javier, ao ouvir essas palavras, parecia desmoronar. Seu corpo se tencionou, seus olhos se encheram de angústia e desespero. Quis se aproximar, quis detê-la, mas Ana já não o olhava da mesma forma. Já não via o homem que amara. Só via o traidor que destruíra tudo o que compartilhavam. E isso era o que mais a doía. Mas, apesar de todo o amor que tinha dado, tudo o que entregara, tudo o que compartilhavam, a traição de Javier era profunda demais para ser reparada.

Naquele momento, Ana soube que não poderia continuar com ele. Apesar de todo o amor que compartilhou, toda a dor que sentia, ela tinha que dizer adeus. O amor não era suficiente quando a confiança se quebrava de forma irreparável. Não podia continuar vivendo uma mentira, não podia seguir ignorando a realidade. O relacionamento que haviam construído já não existia. E ela sabia disso. Seu coração batia forte, como se de alguma forma estivesse se esvaziando, se despojando de tudo o que foi, de tudo o que acreditava que seria seu futuro.

- Me deixe ir, Javier. - Ana sussurrou, mais para si mesma do que para ele. A decisão já estava tomada. Não havia mais nada a dizer, nada a fazer. Ela precisava seguir em frente, embora a dor da ruptura a esmagasse por dentro. Precisava fazer isso por si mesma, pela sua própria cura, mesmo que isso significasse deixar ir alguém que ela amara profundamente.

Javier ficou em silêncio, observando-a, sem saber o que dizer, sem saber como impedir o que já era irreversível. O quarto se encheu de um pesado vazio, e Ana soube que, embora ele tentasse, não poderia voltar ao que um dia foi. Não havia mais volta.

Com um último olhar para o homem que fora seu companheiro, Ana se virou e saiu do quarto. Cada passo que dava era como um pequeno ato de libertação, mas ao mesmo tempo, a dor a atravessava como uma agulha afiada. A ruptura já estava feita. E, embora o caminho para a cura fosse longo e doloroso, Ana sabia que, no final, seria mais forte por ter enfrentado isso.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022