Capítulo 3 INOCENCIA

Luiz passou a maioria das suas atividades para o escritório que tinha em casa, queria estar em casa com Sophia.

Depois do café, assinou alguns documentos e chamou Sophia para caminhar lá fora, não queria ela presa em casa e com medo, queria que ela se sentisse bem e segura ali.

Luiz:- Quero te mostrar um lugar que você pode nadar, tem uma queda d'água e não é distante da casa-Ela o seguiu.

A fazenda era grande e cheia de possibilidades, mas pouco aproveitada, Sophia olhava em volta, agora a luz do dia podia ter uma percepção melhor do local.

Sophia:- Esse lugar é enorme, poderia ter uma plantação ali-Apontou com o dedo o local- ali poderia ter um estábulo e mais à frente uma criação de vacas- Ela continuou falando, Luiz ouvia com atenção, depois de um tempo ela se deu conta do que estava fazendo, estavam parados há alguns minutos.

Sophia:- Me desculpe, deixei a imaginação voar.

Luiz:- Gostei de ouvir suas ideias, vou pensar em todas elas- Ele queria agradar Sophia, sabia que para fazer as coisas que ela disse, precisaria mudar a estrutura e fazer com que a propriedade se tornasse uma fazenda de fato, talvez não fosse uma ideia ruim.

Voltaram a caminhar e chegaram ao lugar, Sophia ficou encantada, era um lugar bonito, cheio de flores e havia um banco com uma cobertura.

Luiz;- Quando me mudei para cá coloquei esse banco, gostava de nadar aqui, e às vezes somente ficava sentado aqui olhando a água, isso me traz paz.

Sophia:- è um lugar lindo mesmo.

Luiz:-Quero te mostrar uma coisa, caminhando em direção à água, ele apontou uma fissura na pedra, Luiz retirou os sapatos e ela fez o mesmo, atravessaram pela parte mais rasa, era uma gruta, que quase não podia ser vista do outro lado da água.

Havia uma mochila e materiais de acampamento, ela achou estranho tudo aquilo, se abaixou e tocou a mochila.

Luiz:-Houve dias que eu dormia aqui, fazia uma fogueira mais, no fundo, e passava a noite, mas era outra época, só peço que não conte aos meus irmãos.

Sophia:- Eles não sabem da gruta?

Luiz:- Sabem, chamávamos de lugar mágico, por causa do silêncio e da paz, mas não sabem que passei algumas noites sozinho aqui.

Sophia:- Mas já ficaram aqui juntos?

Luiz:- Algumas vezes nadávamos e passávamos algumas horas aqui.

Sophia:- Então é um lugar especial-Luiz sorriu olhando as paredes do lugar.

Luiz:- Sim, é especial.

Sophia:- Obrigada por me mostrar- Ela caminhou, tocando as paredes, havia o nome dos irmãos talhados na pedra, ela sorriu, se sentiu especial pela confiança de Luiz.

Luiz:- Vamos ?

Sophia saiu odo seu breve transe e saiu com ele, ela quase caiu na entrada, mas ele a amparou, Sophia sentiu as mãos de Luiz em sua cintura, e se assustou um pouco, se apoiou no peito dele, sentiu o calor que emanava odo corpo de Luiz.

Luiz:- Você está bem?-Ele olhava em seus olhos e ela sentiu a intensidade, a deixando ainda mais assustada.

Sophia:-Estou, obrigada- Ela se equilibrou, Luiz ofereceu a mão para que ela se apoiasse, ela olhou para mão dele, mas a pegou com um pouco de receio, mas se apoiou até chegarem a outra margem.

Luiz:-Você tem autorização para ir a qualquer lugar da propriedade, isso inclui a gruta.

Ela sentiu uma sensação de pertencimento, como a muito tempo não sentia, só teve esse sentimento quando o pai estava vivo, mas fazia muito tempo isso, a mãe e o padrasto a trataram como mercadoria e a venderam, ela passou parte da vida em um convento, mas era constantemente lembrada de que nada ali fazia parte da sua vida, na ali era seu, mas ali na casa de Luiz, mesmo sabendo que era uma situação temporária, a sensação era outra.

Sophia:- Obrigada Luiz, você é um homem bom e com um coração enorme-Luiz sorriu pensando o que ela pensaria dele se soubesse quem realmente era.

Voltando para casa, Luiz recebeu uma ligação, as roupas de Sophia haviam chegado na casa dos pais e um carro levaria para lá, Luiz havia colocado algumas peças mais descontraídas, esperava que ela gostasse.

Quando o carro chegou, Luiz buscou as malas, as roupas estavam cuidadosamente lavadas e embaladas, sabia que era obra de sua mãe, depois ligaria para ela e agradeceria.

Sophia ficou animada, mas logo se preocupou vendo a quantidade de malas, não se lembrava de ter comprado tantas coisas.

Luiz e o motorista levaram as malas para o quarto dela, Sophia começo abri-lás, percebeu muitas peças que não havia escolhido.

Luiz parou na porta, queria ver a reação dela ás roupas.

Sophia:- O que é isso? Será que a loja mandou por engano?Tenho certeza que não escolhi essas peças.

Luiz:-Sophia?-Ela se assustou, não o havia visto- Essas roupas fui eu que escolhi, espero que goste.

Sophia:- Você escolheu?- Ela não conseguia ver Luiz olhando um site de roupas femininas e as escolhendo para ela.

Luiz:- Sim, algumas são um pouco diferentes das que escolheu, mas esperimente.-Ela o olhava como se Luiz tivesse duas cabeças-Falei algo errado?

Sophia:- Não, eu só não queria dar trabalho, obrigada.-Ela não sabia o que dizer, ou Luiz estava mentindo para ganhar sua simpatia, ou ele havia perdido algumas horas escolhendo roupas, não sabia qual opção acreditar, mas por que ele ficaria horas escolhendo roupas para ela?-

Luiz saiu do quarto um pouco intrigado com a reação dela, mas resolveu não pensar muito nisso.

Sophia pegou um vestido que estava no topo da pilha, notou as que as roupas estavam lavadas e passadas, cheirou o vestido e sorriu, agradeceria a mãe de Luiz por isso, se aproximou do espelho de corpo inteiro, com o vestido a sua frente, era bonito leve e com pequenas flores, assim como os que a família de Luiz havia dado a ela quando chegou, talvez não escolhesse aquela estampa, se acostumou a usar roupas com cores sobreas e sem desenhos, mas gostou dos vestidos, resolveu experimentar, se achou diferente, mas gostou, os vestidos mostravam um pouco mais de pele do que estava acostumada, mas não era nada exagerado.

Sophia passou boa parte do dia no quarto, experimentando roupas, Luiz resolveu trabalhar depois de andar de um lado para o outro na sala por trinta minutos.

Conversou com Bruno sobre a segurança, precisava arrumar soldados para ficar na propriedade, após cuidar disso, chamou Pedro para que fizesse as melhorias necessárias para que a propriedade se tornasse uma fazenda, como Sophia havia sugerido, achava que ela se sentiria melhor em um ambiente mais familiar.

Recebeu uma ligação, Luiz tinha uma rede de boates, era um negócio somente dele, os irmãos também tinham negócios próprios, fora os que tinham em conjunto, nas boates havia dançarinas, mas não era permitida a prostituiç@o no local, as mulheres que estavam ali, estavam por vontade própria, podendo sair quando quisessem, o que faziam do lado de fora, era diferente, mas Luiz já se viu obrigado a defender algumas delas de clientes insistentes, um comportamento que não tolerava, não era não.

Tobias:- Senhor, estamos com uma situação aqui, acredito que seja do seu interesse.

Luiz:- Do que se trata?

Tobias:- Tem uma menina aqui, ela está chorando, disse que quer trabalhar na boate, mas a mãe apareceu e disse que a filha está sendo obrigada pelo pai, só chamei o senhor porque o pai da menina é um dos seguranças de uma das nossas boates.

Luiz:- Que confusão é essa, Tobias? O homem sabe que elas estão aí?

Tobias:- Não senhor.

Luiz:- As coloque na minha sala privada, e as alimente, não poso ir de imediato, estarei aí em algumas horas, se o homem aparecer, não permita sua entrada, e mande que o coloquem no porão até que eu chegue.-Liz desligou irritado, não queria aí de casa, voltou a ligar para Bruno precisaria de alguns soldados agora, o irmão mandaria para ele.

Bateu na porta de Sophia, ela demorou um pouco a atender, abriu a porta usando um vestido, dos que ele havia escolhido, Luiz sorriu satisfeito.

Luiz:- Ficou perfeito em você

Sophia:- Eu gostei muito-Ficaram se olhando por alguns segundos, Luiz havia esquecido o motivo de ter ido procurar por ela-Você queria me dizer algo?

Luiz:- Me desculpe, eu preciso sair por algumas horas, alguns soldados vão estar na propriedade para sua proteção- Ele a percebeu tensa- Eles não tem autorização para entrar na casa, me ligue se tiver qualquer problema e eu volto na mesma hora.

Sophia sentiu medo, eram homens estranhos, mas precisava se conter, não podia tomar conta dos passos de Luiz, ele já havia feito muito por ela.

Sophia:- Não preciso abrir se baterem então?

Luiz:- Não precisa, mas se acontecer me ligue e eu verifico o que esta acontecendo, estará segura

Sophia:- Vou ficar bem- Ela o acompanhou até a sala, Luiz recebeu uma mensagem de que os homens estavam chegando, saiu para falar com eles, Sophia ficou na janela.

Luiz:- Volto em algumas horas, ninguém tem autorização de entrar na casa, se quiserem água vou deixar um galão para vocês, e tem uma torneira e banheiro no galpão, entenderam?-Todos responderam de imediato, Luiz voltou para dentro.

Sophia:- São esse que vão ficar aqui?

Luiz:- Não fique na janela, venha vou ligar a televisão para você- Ele a levou para sala de Tv e ensinou a mexer no controle, ela escolheu um desenho e ele sorriu com a escolha.

Sophia:- Pode ir, vou ficar bem- Ela forçou um sorriso que acabou assim que ele saiu, estava com medo, mas tentaria ficar bem, precisava, ou nunca mais teria uma vida normal, os homens não podiam entrar, então foi a sala e fechou as janelas e as cortinas, depois foi a cozinha e fez um balde de pipoca, pegou um suco e voltou a sala, gostava de ver desenhos, era algo simples, mas que não tinha acesso há muito tempo

            
            

COPYRIGHT(©) 2022