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Era um dia comum em Fălticeni, e Loana aproveitava seu único dia livre da semana. Decidiu ir ao mercado local, um lugar cheio de vida e atividade. Embora a vila não fosse grande, seu mercado sempre era vibrante, com uma mistura de cores e aromas que a faziam sentir-se conectada à tradição de seu povo. Em cada canto, havia algo para lembrar: as barracas de frutas e vegetais frescos, o som das conversas entre os comerciantes e a algazarra das crianças correndo entre os adultos.
Loana sentiu-se aliviada por estar longe da mansão por um tempo. Não apenas o ar fresco lhe proporcionava um respiro, mas também a oportunidade de caminhar sem ser vista como uma criada. Aqui, no mercado, ela era simplesmente Loana: uma jovem do vilarejo, sem a pressão das expectativas da mansão nem o peso do olhar da aristocracia.
Passou por barracas de queijo e pão, cumprimentou conhecidos e parou para conversar com a velha Maria, que vendia os famosos queijos curados de que tanto gostava. Depois de comprar alguns, Loana seguiu seu caminho, sentindo-se tranquila enquanto o burburinho ao seu redor a envolvia numa sensação de familiaridade e conforto.
No entanto, a calma que sentia foi quebrada quando seus olhos se cruzaram com os de uma figura que caminhava decididamente em sua direção. Mihai. Ele estava montado em uma elegante carruagem puxada por cavalos, que parou bem no meio do mercado, chamando a atenção dos transeuntes. Com um olhar indiferente, observou a cena ao redor, mas quando viu Loana, um leve sorriso surgiu em seu rosto.
Loana parou abruptamente. Não esperava vê-lo ali, e muito menos tão perto. Mihai, o filho do dono da mansão, rodeado de luxo, estava no mesmo lugar que ela, um espaço que não parecia combinar com sua vida de privilégios. Imediatamente, uma sensação desconfortável tomou conta de Loana, como se o abismo entre seus mundos se tornasse ainda mais evidente.
Mihai, com seu olhar tranquilo, mas cheio de curiosidade, desceu da carruagem com uma facilidade que parecia natural. As pessoas do mercado, que já o observavam com admiração, começaram a sussurrar, mas ele parecia não notar. Caminhou até Loana com passos firmes, com a postura de quem está acostumado a ser o centro das atenções.
- Loana - disse ele, com uma voz suave, mas carregada de certa superioridade -. Que surpresa encontrá-la em um lugar como este.
Loana, um tanto desconcertada, tentou manter a calma. Era difícil saber como agir quando o filho do dono da mansão, alguém tão diferente dela, estava tão próximo. Ainda assim, obrigou-se a sorrir, tentando manter as aparências.
- Não é tão surpreendente. O mercado está aberto para todos - respondeu, num tom casual, embora sentisse um desconforto crescente com a situação.
Mihai a observou atentamente, seus olhos azuis brilhando com uma mistura de curiosidade e diversão.
- Você tem razão, claro. Mas não parece o tipo de lugar onde eu esperaria encontrar alguém como você - disse, num tom que sugeria mais do que realmente dizia.
Loana sentiu o peso de suas palavras, mas manteve-se firme. Era impossível ignorar a distância entre eles, uma distância que ia além do espaço físico. Era a barreira social, a diferença que parecia presente em cada gesto e palavra de Mihai.
- Estou aqui para comprar algumas coisas - respondeu ela, mantendo a calma, embora por dentro sentisse uma pressão crescente.
Um breve silêncio se instalou entre eles, enquanto o burburinho do mercado continuava. Loana, que havia sido educada na discrição, preferia seguir seu caminho e evitar mais interações. No entanto, Mihai parecia não querer encerrar a conversa ali.
- Gostaria de dar um passeio? - sugeriu de repente, com um sorriso de canto. Seu tom, embora amigável, carregava um certo desafio, como se esperasse que ela aceitasse.
Loana, surpresa com o convite, hesitou por um momento. O que aquilo significava? Um passeio com Mihai não era apenas inesperado, mas também uma complicação. Sabia que as aparências importavam, especialmente quando se tratava de alguém como ele. Estava claro que ele não entendia as dificuldades do mundo dela.
- Não acho que seja uma boa ideia - respondeu rapidamente, sem querer dar muitas explicações. Tinha pressa em voltar para sua mãe e, além disso, a ideia de caminhar ao lado de Mihai pelo campo lhe parecia estranha.
Mihai sorriu, sem demonstrar-se ofendido pela recusa. Pelo contrário, sua expressão suavizou-se ligeiramente.
- É apenas um passeio, Loana. Nada mais. Não vai te fazer mal. Não estamos na mansão, afinal - disse, com um tom que tentava tranquilizá-la, mas que também deixava evidente seu interesse em insistir.
Loana sentiu a pressão da situação. As pessoas continuavam observando. Aquele convite não era simples; era uma proposta carregada de significados ocultos. O que pensariam se a vissem com ele? O que sua mãe diria se soubesse que ela aceitou passear com o filho do dono da mansão? As consequências poderiam ser muito maiores do que queria imaginar.
Finalmente, um suspiro escapou de seus lábios e, antes que pudesse se arrepender, disse:
- Está bem, um passeio curto.
Mihai sorriu amplamente, como se tivesse conquistado algo além de um simples passeio. Com um gesto, conduziu-a pelo caminho que saía do mercado, afastando-se da multidão, em direção ao campo aberto, onde poderiam conversar sem serem observados.
Embora Loana não soubesse o que esperar daquele passeio, algo dentro dela a impulsionava a segui-lo, a deixar-se levar pela curiosidade. No entanto, não conseguia evitar a sensação de que aquele pequeno passo poderia marcar o começo de algo muito mais complicado.