Capítulo 4 O passado não está morto

Depois da descoberta do diário de Edward Hargrove, eu não conseguia parar de pensar no Guardião. Quem era ele? O que ele queria? Ana estava cada vez mais assustada, e eu sabia que precisávamos fazer algo. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim estava fascinada. Era como se a casa estivesse me chamando, me puxando para dentro de seus segredos.

Uma noite, enquanto Ana dormia, resolvi investigar mais. Peguei a lanterna e desci ao porão, onde tudo havia começado. O ar estava pesado, e eu podia sentir uma presença ali, como se alguém estivesse me observando.

No fundo do porão, encontrei uma porta que nunca havia notado antes. Ela estava trancada, mas a chave estava no chão, como se alguém a tivesse deixado ali de propósito. Quando abri a porta, vi uma sala pequena, com paredes cobertas de símbolos estranhos e uma mesa no centro. Sobre a mesa, havia um espelho antigo, coberto por um pano preto.

'É aqui,' eu pensei, sentindo um frio na espinha. 'É aqui que ele está.'

Quando retirei o pano, vi meu reflexo no espelho. Mas algo estava errado. Meus olhos estavam vazios, e minha boca se moveu sozinha, sussurrando algo que eu não conseguia entender.

'Você não deveria estar aqui,' uma voz disse, vinda de trás de mim.

Virei-me rapidamente, mas não havia ninguém. Só o vazio da sala escura.

Foi então que ouvi os sussurros. Eles vinham de dentro do espelho, baixos e distorcidos, como vozes de outro mundo. 'Você é o escolhido,' uma voz disse. 'Ele está esperando por você.'

'Quem está esperando?' eu perguntei, minha voz tremendo.

A resposta veio em forma de risada, ecoando pelo cômodo. A luz da lanterna começou a piscar, e eu senti uma mão gelada tocar meu ombro. Gritei e deixei a lanterna cair, apagando a luz. No escuro, os sussurros se tornaram gritos, e eu corri de volta para o corredor, tropeçando nos móveis.

Quando cheguei ao quarto, Ana estava acordada, sentada na cama com os olhos cheios de lágrimas. 'O que foi?' ela perguntou.

'Eu... eu não sei,' eu menti, tentando controlar a respiração. 'Acho que ouvi barulhos de novo.'

Ela não pareceu convencida, mas não fez mais perguntas.