Capítulo 2 DJ DONO DO MORRO

((((((( DIEGO , DJ - NARRANDO)))))))

- E aí, DJ, já separou a tropa que vai representar com a gente lá na inauguração da boate? Sil pergunta, empolgada pra missão.

- Cê é do frevo mesmo, só anunciei a missão e cê já tá se lançando na pista. Eu respondo, enquanto dou mais um gole na minha gelada.

- É nóis, né não? Cê me diz "bora", eu borro, ué! Ela rebate, irônica, tragando o cigarro.

- Ae, piazada, o bagulho tem que tá tudo como foi esquematizado. Seis vão pra cima como sócio, fecha o rolê e depois o resto é comigo. Esse cara ae tá querendo se expandir demais no meu território, aviso firme.

Saio da rodinha e me afasto pra atender o meu celular que não para de vibrar no meu bolso, só podia ser, né...

- Chora, minha véia, atendo, dizendo carinhoso pra minha coroa.

LIGAÇÃO....

- DJ, eu preciso que você passe na farmácia e compre meu remédio da pressão, meu filho. Eu esqueci de passar lá mais cedo. Ela me pede.

- Já vou providenciar, pra senhora mãe, não esquenta. Logo alguém vai te entrega ae. Já vou passar na baía ver como a senhora tá. E a Martina já chegou na baia? Pergunto preocupado.

- Acabou de chegar, filho. Obrigado e se cuida por aí. Ela responde, desligando a ligação.

Quando me viro de costas, esbarro na Sil, que tá bem atrás de mim, feito uma estátua, parada, me encarando.

- Tá fazendo curso pra virar estátua, problemática? Pergunto firme.

Ela ri de mim.

- DJ, o evento é amanhã, quero saber se vai me liberar o canhão pra eu voltar a usar nesse caralho. Cê tá ligado que eu não ia mandar o Pitico pra cidade dos pés juntos, qual é? Cê sabe que eu amo ele, droga! Ela resmunga, emburrada.

- Cê é mó porra loka, Silmara, tem menor que nem quer ficar no plantão quando é teu dia, caralho. Tu mete mó banca pros moleque, eu não sei se é uma boa ideia te liberar o canhão não! Respondo firme.

Ela revira os olhos e cruza os braços. Entro na minha nave, pra pegar meu caderninho de cobrança e buzino pra irritar ela, mando um beijo e ela me manda o dedo do meio.

A Silmara é como uma irmã pra mim. Ela fecha de dez a dez. Nos conhecemos quando eu assumi o legado de dono do morro. Ela, o Pitico, o Pequeno e o Menor são meu squadrão. Com nóis, ninguém tira letra errada não. A Sil trampa com a gente na quebrada. É ela quem dá o salve nos cara e derruba uns noia que só querem meter a mão na nossa mercadoria e esquecem de rolar o acerto. Minha história no crime começa quando eu, com treze anos, passei meu próprio pai. Ele espancava demais a minha mãe, e ela tava de resguardo. Fazia cinco dias que a Martina tinha nascido, e ele bateu tanto nela que ela desmaiou, eu ainda me lembro quando eu achei ela no chão, cheia de sangue. Eu não aguentei mais ver aquilo e ter que aceitar. Depois que ele bateu na minha mãe, eu esperei ele dormir, roubei a arma do dono do morro, que na época era o Gralha, meti pipoco no covarde dormindo e assumi o B.O. Na época, não deu em nada porque eu era menor. Fiquei um ano no SIP e saí por bom comportamento. Desde então, comecei a ser respeitado no morro por defender minha coroa. Eu não aceito covardia na minha quebrada. Aqui, mulher é rainha. Exijo o máximo de respeito com elas.

Atualmente, eu não tenho ninguém. Tinha uma fiel ae, mas a mina só dava bola fora e eu larguei de mão. Não compensa perder tempo com mina que não sabe o que quer. Prefiro assim, sem ninguém pra me atrasar no meu corre. Quando bate a carência, eu sujo lençol com uma peguete e saio fora.

a Carol ainda corre atrás de mim ,eu tô ligado que ela se arrepende de não ter tido atitude de ter firmeza e focado mais no nosso lance ,mais é aquele velho ditado;

- As vezes nem foi perda e sim ,um livramento.

A mina é só mancada na caminhada dela fi. Hoje em dia já é mãe, rodou os moleque tudo ,nem o pai ela diz saber quem é. As vezes quem dá um apoio no leite do menorzinho sou eu.

Já meti um bagulho na minha mente ,mina pra ser fiel ,tem que provar que merece o título. Uma mina de postura troca idéia olhando nos olhos e não no tamanho da minha vara irmão. Essas maluca ae só quer patrocínio e foda,mais nada.

Saio dos meus pensamentos quando dou a visão pro moleque fazer o corre e desenrolar o remédio da minha coroa. Dois palito e o moleque sai vazado. Separo a grana do malote que o squardi vai levar na manha pra ficar de sócio no rolê da boate. Quero marcar cirrado em cima do LC. Ele acha que vai ficar de patrão na minha área, mas vai cair de cu trancado.

- Ae, DJ cê já pediu prós moleque reforçar a contenção por causa do baile amanhã? O Menor me pergunta se sentando na pedra

- Pode crê irmão! Confirmo

- Então já é.... amanhã nois parte pro abraço. Ele avisa

Concordo com a cabeça e desvio o olhar da janela grande de vidro que tem aqui no meu escritório na boca , reviso algumas parada na contabilidade da semana ,o bagulho tem que tá sempre as pampas,porque tenho que prestar contas do que entra ,do que sai afinal isso aqui não é a casa da mãe Joana e no bagulho tem regras , aqui nois é humilde ninguém é passado pra trás. Aqui é o certo pelo certo, a organização top. Enquanto minha mente tá a milhão,eu vou no embalo da minha adrenalina e gasto essa energia, colocando o trampo em dia. Meu celula desperta ,já são seis da tarde. Saio fora avisando os moleque que vou chegar lá na minha baia pra dar uma visão lá na minha coroa , e ordeno que reforcem a contenção e as outras entradas do morro,a gente nunca sabe quando vai ter uma invasão ou um ataque dos porco.

            
            

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