Capítulo 5 FOCO NA ACOMPANHANTE

(((((( SILMARA - NARRANDO)))))))

O plano tá todo esquematizado. Hoje é noite de caçada. Eu e a tropa vamos pra cima, tudo sob a coordenação do DJ, dono do morro do Guarujá e meu melhor amigo na vida. Aqui, somos um esquadrão. Quando estamos juntos, não tem tempo ruim. Eu, DJ, Pitico, Menor e Pequeno ,é só treta.

Pitico é meu namorado, ou quase isso. Estamos pensando em morar juntos, mas só se ele aprender umas coisinhas básicas: para manter o relacionamento saudável tipo: pendurar a toalha molhada depois do banho, jogar a roupa suja no cesto e não no chão, e, pelo amor de Deus, lembrar de puxar a descarga. Se ele conseguir essas façanhas, quem sabe a gente tem nosso "felizes para sempre", né?

Cada um de nós carrega uma cicatriz, marcas que a vida tatuou na pele sem perguntar se a gente queria. Eu ajudo o DJ na contabilidade da boca, faço umas cobranças e, quando necessário, mando alguns sentarem no colo do capeta antes da hora. A gente se entende, se acerta do nosso jeito.

- Sil... aqui tá a papelada. Faz ele assinar tudo! Não pode ter falha nenhuma. DJ me entrega o envelope, com a expressão séria.

Sorrio de canto, confiante.

- Falha? A gente nem sabe o que é isso.

- Ela já se acha vencedora... Pitico resmunga.

- O problema vai ser eu ter que assistir aquele desgraçado dando em cima dela na minha frente.

DJ solta uma risada.

- Negócios são negócios! Menor debocha.

- Bora meter o pé logo antes que o Pitico fique pistola. Pequeno zoa.

Entramos no carro e deixamos DJ para trás. No caminho até a boate, falamos besteira, rimos, o clima tá leve, mas todo mundo sabe que a missão de hoje é séria. Quando damos por nós, já estamos na porta do inferno.

E o próprio demônio chega junto com a gente. Lúcios.

- Olha só, ele tá acompanhado. Menor observa, firme.

- Quem será a vítima agora? Pitico resmunga, o veneno escorrendo na voz.

Descemos do carro e caminhamos pra dentro da boate. O envelope vai direto pra minha bolsa. Mas minha curiosidade da noite é outra. Quero descobrir tudo sobre a mulher que tá ao lado daquele lixo. Certeza que ela é mais uma presa na teia dele. Mais uma vítima.

E se for... talvez hoje seja o dia que ela sai viva dessa. Se aceitar ajuda a tempo.

Encaro a mina curiosa, sem desviar o olhar, atento a cada gesto. Percebo que ela tá travada, meio limitada nos sorrisos e na conversa. Certeza que tem dedo desse desgraçado no meio.

- Cê vai meter uma de detetive particular, né não? Pitico me solta, percebendo minha atenção no casal.

Eu dou um sorriso pesado.

- Isso é pros fraco, meu amor. Eu vou ser amiga daquela vítima.

Pitico arregala os olhos.

- Faz essa fita não, pô. Cê vai começar uma guerra por B.O. que nem é da nossa cota!

Aperto firme o braço dele quando passamos pela porta do evento. Meu olhar circula de um lado pro outro, pescando informação aqui e ali. Mas minha vontade de derrubar o maldito do LC só cresce quando encontro a mina, que atende pelo nome de Rosa, caída no chão, sozinha, com o tornozelo machucado.

Como assim a mina vem com um namorado e o cara nem dá falta dela? Que desgraçado. Cada lágrima que ela derrama me dá mais vontade de acabar com ele umas mil vezes.

Fico aqui, de companhia pra Rosa, até fazer ela falar o básico do que eu já desconfiava. Logo Lúcios chega e eu saio desapercebida,cortando a desconfiança do desgraçado.

Vou atrás de Pitico que tá falando no celular com o DJ ,ele me olha e sorri;

- Minha problemática chegou, nois já vamos meter pé Pitico avisa firme

Desligando o aparelho ,passo na frente de Pitico sem dar muita ideia ,vou saindo apresada pra fora ,ele me olha confuso ,mais não diz nada ,quando chegamos no carro ele me encara firme. Do jeito que só ele sabe

- O que tá pegando? Ele me pergunta curioso

- Pitico, ele tá metendo esculacho pra cima da mina. Respondo soltando o ar pesado

- Cê tá me zoando? Ele me pergunta

- tô não ,a mina tá na encolha. Aviso

Enquanto Pitico firma os punhos no volante e mantém os olhos na estrada, minha mente começa a sambar dentro da minha cabeça. Que que uma mina tão linda e educada faz com um miserável daquele? Jogada no chão como se fosse um animal... Como existem mulheres tão frágeis que nem sabem o próprio valor?

Meu peito ferve de raiva só de lembrar daquele desgraçado. Aperto os lábios, engolindo a indignação, mas minha mente continua firme na ideia de que isso não pode ficar assim.

Sou arrancada dos meus pensamentos pela voz do meu amor:

- O importante é que as assinatura nóis já conseguiu. ele solta, tirando onda.

- É...murmuro, sem empolgação.

Ele me encara de canto, já sacando tudo.

- Tá de treta na cabeça, né não? rebate, arqueando a sobrancelha.

Dou um sorriso fraco

- vamos entregar essas assinaturas de sócios pro DJ e depois vamo ,tentar fechar a outra associação da boate que é mais perto do nosso morro com os homens dele.Nao ouviu ele disse que vai fica rcom a boate do guaraguara lá na entrada do nosso morro? Pergunto firme

- sim ,eu ouvi ......vamo pra cima! Vamo fazer o DJ chegar junto e ser sócio de tudo ,claro sem que LC desconfie que o sócio dele é o DJ. Vai ser como tirar doce de moleque! Pitico diz debochando

- Por isso que eu te amo Pih.....cê só me completa ,até nos negócios a gente pensa igual. Respondo sorrindo

- também te amo sua maluca ,ele me reponde fazendo biquinho

Durante o trajeto até o morro ,minha cabeça fica martelando a cena da Rosa caída no chão,e eu não consigo ter explicação ou desculpa pra situação. Ele tá sim, fazendo ela sofrer. Ou eu tenho certeza que o cenário seria outro. Nem pra uma dança ele tirou ela ,sempre fazia questão de tá enfiado na barra da saia de outras mulheres ,champanhe só tomava com a companhia de outras , a moça foi ignorada o tempo todo a mãe dele mesmo ,só ficou na ária dos vips com outras velhas igual ela.

                         

COPYRIGHT(©) 2022