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PRÓLOGO.....
- Para, Lúcio! Você está me machucando, está apertando meu braço outra vez... minha voz sai embargada, quase um sussurro sufocado pelo choro que ameaça transbordar. A pele arde sob os dedos firmes dele, que cravam no meu braço sem um pingo de hesitação.
- Eu já te falei que não quero esses teus parentes enfiados na minha casa toda hora, querendo saber da merda da minha vida! Qual foi a parte que você não entendeu? Ele rosna, com a voz carregada de raiva.
Antes que eu consiga reagir, sou jogada contra a parede. Minhas costas batem com força, arrancando o ar dos meus pulmões. Ofegante, esfrego o braço dolorido enquanto o gosto amargo das lágrimas escorre até minha boca. Encaro meu reflexo no espelho ao lado, vendo a sombra de uma mulher que já não se reconhece mais.
- Viu o que me obriga a fazer? Você ainda vai me deixar louco! Ele rosna mais uma vez antes de socar a parede com força, os olhos faiscando ódio.
E então, sem olhar para trás, sai batendo a porta com violência, deixando o silêncio pesado tomar conta do quarto.
Sozinha mais uma vez, afogada na tristeza, abro a gaveta do criado-mudo com mãos trêmulas. O vidro do calmante reluz sob a luz fraca do abajur. Pego um comprimido, engulo seco com um gole d'água e me deito, encarando o teto, esperando o sono me resgatar , porque fugir dele, eu não posso.
Talvez amanhã ele volte mais calmo. Talvez nem volte hoje, como sempre faz quando precisa encontrar outra para descarregar sua fúria. E eu fico aqui, largada, esperando. O sono demora a chegar, o calmante parece cada vez mais fraco. Será que é porque estou tomando demais? Ou meu corpo já se acostumou?
Me pego pensando... Será que um dia eu vou ter coragem de fugir desse monstro? Será que um dia eu vou estar longe daqui? meu Deus será que um dia o senhor vai colocar alguém no meu caminho para me resgatar desse inferno?
Tomada por um sentimento de desespero, fixo meu olhar no teto. Enquanto o sono não chega, sinto minhas lágrimas brotarem como vertentes. Após algum tempo, o sono começa a me dominar, e adormeço sem perceber.
Acordo no dia seguinte, assustada, ouvindo a voz de Lúcios ecoando furioso pelo corredor:
- Quem ele pensa que é para querer limitar meus negócios na cidade? Quero o DJ morto, entendeu? ele grita.
- Ele não sabe com quem mexeu! Lúcios grita terminando a discussão
Ao perceber a maçaneta da porta se abrir, deito de lado e fecho os olhos rapidamente, fingindo estar em sono profundo. A porta se abre, e seus passos firmes ecoam pelo quarto. Ouço ele dizer, irônico:
- Sempre assim, sempre dopada e apagada. Nunca aceita o que imponho e acha que vou ceder a ela. Ah, Rosa, você ainda tem muito que aprender. Se ao menos fosse obediente como Safira!
Ele entra no banheiro após despejar essas palavras sobre mim.
- Safira? O quê? Ele está dormindo com ela, que se diz minha amiga? uma tristeza invade meu peito, apertando fortemente.
Aproveito que Lúcios está demorando no banho e me levanto rapidamente. Pego uma muda de roupas para me trocar e, em seguida, vou até o espelho arrumar meus cabelos. Percebo sua presença refletida atrás de mim. Ele passa os dedos brutos pelos meus cabelos e comenta:
- Seus cabelos estão horríveis. Parece até que não tenho dinheiro para pagar seu salão, Rosa. Por que ainda não marcou com a cabeleireira?
Engulo em seco e respondo devagar:
- Mas, Lúcios, fui semana passada e tenho ido ao salão toda semana. Meus cabelos estão lisos, sedosos e lavados.
- Não me engane, Rosa. Trate de marcar a cabeleireira logo, pois temos um evento de negócios em uma boate! ele me avisa firmemente.
- Outra boate? De novo? Você já tem tantas! pergunto, desanimada.
- Apenas faça o que estou mandando e não se meta nos meus assuntos! ele responde, apertando meu braço novamente.
Franzo a testa, e ele se afasta.
- Agora vá... saia daqui e me deixe descansar, pois minha noite foi produtiva. Minha mãe também irá ao evento e quer falar com você para marcarem um horário para comprar vestidos novos! ele diz, me expulsando do quarto.
Saio fechando a porta atrás de mim e deixando ele sozinho no quarto. A passos lentos e sem um pingo de presa ou vontade ,ando pelo corredor já pensando em ter que engolir a mãe de Lúcios ,Odira mais uma vez,mais um dia inteiro. Meu desespero é grande dentro de mim,mais não tenho pra onde correr ou alguém que consiga me arrancar das garras dele.
Morava com meus pais antes de conhecer Lúcios ,nos também temos dinheiro. Só que não temos mais que ele, e na época que eu conheci Lúcios ,a empresa do meu pai ia de mal a pior e então,Lúcios começou a oferecer dinheiro emprestado para pagar a longo prazo. A empresa do meu pai se reergueu e ele conseguiu quitar a dívida que tinha , mais cada vez que eu queria romper o namoro Lúcios se fazia de vítima dissendo que se não fosse ele,minha família agora estaria arruinada e ele chorava e eu sempre permanecia por gratidão , ele começou a ficar cada vez mais possessivo por mim,e quando me deu por conta ele já tinha me trazido pra casa dele e comprado um guarda roupas novos pra mim.
seis meses que ele acha que somos marido e mulher , simplesmente me proibe de sair de casa ,de vê meus amigos ou parentes. Minha mãe e minha tia , já tentaram alegar de tudo até já ameaçaram de registrar um boletim contra ele ,mais ele debochou todas as vezes dissendo que a maioria dos policiais recebem propina dele ,e isso é verdade. Esse misseravel é grande e eu tenho medo que ele faça algo pra meus pais e tia.
Saio dos meus devaneios quando dona Odira diz;
- Até que em fim acordou ,já são nove horas da manhã e eu tô te esperando pra gente marcar horário no ateliê da Safira ou da Milani. Ela diz irônica
- Mais a senhora não precisava me esperar ,pode decidir a senhora mesmo em qual quer ir. Eu não me importo,não sou exigente com essas coisas. Respondo puxando a cadeira pra me sentar na mesa do café da manhã
- Eu sei que você não se importa e que não é exigente. Mais o Lúcios é,e você sabe disso e ele deixou claro que preferia que você escolhesse o ateliê. Ela diz tomando um gole do suco
- Está bem senhora. Então vamos na Millane. Respondo sem vontade , enquanto pego uma torrada