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Capítulo Três
O som metálico dos passos de Hermes ecoava pelo meu quarto quando acordei. Seus olhos luminosos briljaram no escuro enquanto ele se aproximava.
- Minha ama, ele descobriu que o menino está vivo. Oregom enviou os quatro servos para matá-lo.
Meu coração parou por um instante. Quinze anos. Durante quinze anos mantive Atlas seguro no mundo do humano. Mas o tempo de paz havia acabado.
- O que?! - Minha voz saiu como um trovão enquanto me levantava.
Sem hesitar, abri uma fenda para o mundo humano. O ar quente e o cheiro dr fumaça atingiram mei rosto assim que atravessei o portal.
O horror se revelou diante de mim.
A casa de Fred é Kesia estava em chamas.
O fogo consumia as parede, lambendo o céu escuro. Os gritos dr agonia deles ainda ecoavam no ar, mesmo que eu soubesse que já era tarde demais. Eu falhei.
Mas Atlas... onde estava Atlas?
Foi então que o vi. Chegando de bicicleta, com uma mochila pendurada nos ombros, o rosto ilimitado apenas pelas chamas que engoliram sua casa.
Seus olhos se arregalaram de desespero ao ver o fogo. Ele largou a bicicleta no chão e correu em direção à casa.
Eu o segurei antes que ele entrasse.
- Não vá, Atlas.
- Meus pais... - Sua voz estava trêmula, carregada de choque e terror.
- Eles estão mortos. Se você entrar, morrera também.
Ele se debateu contra mim, tentando se soltar, mas eu era mais forte.
- Quem é você?!
Olhei diretamente em seus olhos. Ele não fazia ideia de quem eu era. Nem do que ele realmente era.
- Alguém que vai te ajudar. Agora venha comigo.
- Não vou a lugar nenhum com você!
A paciência me abandonou.
- Vai sim. - Meu tom se tornou frio. - Os demônios que.mataram seus pais adotivos são servos do assassino de sua mãe biológica.
Atlas piscina, atordoado.
- O quê...? Como você sabe que eu sou adotado?
Segurei firme o seu braço, sentindo o teremos em seu corpo. Ele estava assustado e confuso. Mas não havia tempo para explicações suaves.
- Por que fui eu quem te trouxe para Fred e Kesia.
O silêncio entre nós pesou como uma pedra.
- Agora cale a boca e venha comigo, Atlas.
E, sem esperar sua resposta, abri outra fenda e o puxei para o desconhecido.
Capítulo 4: O Despertar do Herdeiro
O portal nos envolveu em um turbilhão de luzes e sombras. Atlas tentou resistir, mas não havia como escapar. Minhas mãos estavam firmes, e eu o conduzi através do véu que separa os mundos.
Quando chegamos à Ilha Encantada, o impacto foi forte. O vento se fez presente, e o céu estrelado se destacava contra a densa vegetação que nos cercava. Atlas, confuso, tropeçou ao tocar o solo firme.
- O que... onde estamos?! - Ele questionou, o pânico visível em seus olhos.
Eu o soltei e cruzei os braços.
- Bem-vindo à Ilha Encantada.
Ele olhou ao redor, entre o medo e a curiosidade. O cheiro salgado do mar se misturava com o aroma peculiar da magia que permeava o ambiente.
- Me leve embora daqui. - Ele disse, com a voz tremendo de raiva e medo.
- Não posso. E, mesmo se pudesse, você não tem mais para onde voltar.
A fúria transpareceu nos olhos dele. Eu sabia que ele estava prestes a tentar algo, mas eu não podia ceder.
- Por que eu confiar em você? Você apareceu do nada e me arrancou da minha vida!
- Sua vida mudou quando Oregon descobriu que você estava vivo.
O nome fez Atlas estremecer.
- Oregon? Quem é ele?
Observando sua confusão, percebi que ele ainda não compreendia completamente o que estava acontecendo. Mas logo saberia.
- Ele foi o responsável por destruir sua antiga vida. E se não tomarmos as medidas certas, ele destruirá o que resta.
Atlas ficou em silêncio por um momento, processando as palavras. Antes que ele pudesse fazer outra pergunta, ouvimos um som de passos se aproximando.
Nani apareceu, descendo calmamente da montanha, envolta em um manto escuro e com um olhar atento.
- Finalmente chegou o momento. - Ela disse, com uma expressão séria, mas também cheia de compaixão.
Atlas, imediatamente, deu um passo para trás.
- Quem é ela? Outra pessoa querendo me prender aqui?
Suspirei, tentando manter a calma. Este momento não seria fácil.
- Essa é Nani. Minha irmã. Ela ajudará no seu treinamento.
Atlas, desconfiado, olhou para mim e depois para ela.
- Treinamento? Para que isso? Para se tornarem como vocês?
Respondi, tentando ser o mais clara possível.
- Não, Atlas. Para aprender a sobreviver.
Houve um breve silêncio. O medo ainda pairava nos olhos dele, mas algo começou a mudar em seu olhar.
- Eu não preciso de treinamento. Só quero minha vida de volta!
Nani olhou para mim e depois para Atlas. Seu tom de voz foi firme.
- Você realmente acha que pode voltar ao mundo que conhecia? Seus pais adotivos foram mortos. Sua casa foi destruída. Oregon vai te encontrar e não vai ter piedade.
O silêncio se fez pesado. Atlas parecia desabar por dentro, a dor da perda ainda muito viva em seu coração.
- Então, o que vocês querem de mim? - A voz de Atlas estava mais baixa, mas ainda cheia de resistência.
- Queremos que você lute. - Eu disse com sinceridade. - Oregon destruiu tudo o que você conhecia. Agora você tem uma escolha: viver fugindo para sempre ou aprender a se defender.
Atlas, relutante, olhou para o chão, pensando nas palavras.
Após um momento, ele ergueu a cabeça, com os olhos mais firmes.
- Me ensinem.
Sorri levemente, mais aliviada.
- Muito bem. Seu treinamento começa agora.
{...}