- O quê disse? - o grandão perguntou, e agora que vi que falei alto demais.
- Você se chama, Adônis Pachis? - perguntei com receio, o cara era grande, intimidador.
- Sim! Mas, alguns me chamam de escorpião, outros de chefe, ou até Don. Adônis não é permitido para qualquer um! Quem te mandou me procurar? - parou na minha frente, e no seu movimento percebi que sacaria uma arma.
- O meu pai! Ou melhor... Galanis, mais conhecido como cobra.
Ele pareceu pensar em algo, tirou a mão da cintura e então se ajeitou encostando na beira da sua mesa. Parecia me analisar por alguns segundos.
- E, você é a metida que quase morreu esses dias por se intrometer nos meus negócios - falou dando uma volta ao meu redor de forma lenta e horrorosa, me senti sufocada, com ele me comprimindo. Fiquei sem ar.
- Eu não fiz nada. Foram vocês que invadiram o meu local de trabalho, e por sua culpa perdi o emprego! - Reclamei fechando a cara.
- Deveria me agradecer, você me parece muito petulante! Aquela merda de bar não é um emprego pra quem tem ambição. Tem sorte que te deixei viver. Quem vê demais sempre fecha os olhos mais cedo - rosnou e eu enfiei a mão na cintura igual ele fez anteriormente, me aproximei e coloquei a mão em cima da sua arma, mas ele foi mais rápido e a puxou antes que eu, sorriu disfarçadamente, parecia se conter muito, pois virou de costas pra mim.
- Boa tentativa, mas não me faça perder a porra da paciência e enfiar essa merda na sua garganta... agora diga logo o que quer, senhorita...
- Isadora Galanis - cortei - Agora me ouça, que se o meu pai falou que eu poderia confiar em você, então espero poder mesmo. - A princípio, tive receio. Quando o conheci ele estava nos fundos do bar em que eu trabalhava, torturando um oficial para tirar informações, o cara é nervoso.
- Diga, logo, porra - falou ele, mas agora não tenho medo. Se o meu pai falou, tá falado, já percebi que o cara é muito bem de vida e muito influente por aqui, então eu só precisava expor as minhas ideias.
- Quero ver sobre o acordo de casamento. Preciso de proteção para mim e para a minha irmã, Rose, que inclusive está desaparecida, você precisa me ajudar a encontrá-la. E, em troca, eu me caso com você como o combinado com meu pai - falei de uma vez, e ele riu.
- E, porque quer me castigar desse jeito? Eu não fiz nada para precisar me casar com você! Mas, não caso, mesmo! Se o cobra não está aqui não vou fazer uma merda dessas - fiquei apavorada. Sem o apoio dele, como eu faria as coisas?
- O quê? Você ainda nem me ouviu - lembrei da caixa e do que eu imaginava ter dentro. - Aposto que vai querer. Eu te ofereço a metade do tesouro de Gura. Tenho o mapa, e também já tenho noção de onde fica. Você casa comigo... por um contrato de três anos, me ajuda a encontrar o dinheiro, e protege nós duas das mãos do Apolo - ele pareceu pensar.
- Olha só... eu não quero ser indelicado, mas eu não vou casar porra nenhuma! Eu te ofereço abrigo, e proteção para as duas, até ajudo a encontrar a sua irmã, acabo com a raça desse idiota que nunca engoli, mas é só... eu não me casarei com ninguém, sou um homem solteiro e pretendo continuar comendo minhas gatas por aí.
O grandão estava dificultando as coisas, e vi que eu precisaria partir para o plano "B", senão eu não conseguiria o que pretendia, se ele fosse casado comigo, as minhas garantias seriam muito maiores.
- Já que tá se fazendo, vou jogar a real com você! Você tem uma dívida com o meu pai, ele me contou, agora me lembro bem. Nem adianta fazer essa cara aí... eu quero que se case comigo, assim como foi acordado com ele, a máfia é clara quanto a isso... faremos um documento de três anos, e você líquida a sua dívida. Sem contar que tem o dinheiro todo, que está envolvido! - falei, tirando a mochila e rezando para ter esse mapa lá, que por sorte, estava na caixa e estava seco, com o plástico que coloquei protegendo.
Meu coração ficou acelerado. A Rose dependia disso e o tempo estava passando.
.
Adônis Pachis
.
Essa mulher só pode estar de palhaçada comigo. Está me coagindo a me casar com ela, e eu não quero. Eu sei muito bem da dívida que tenho com o pai dela, pois quando eu estava à beira da morte ele me salvou e me tirou de lá.
Até entendo isso, mas o fato dela querer me forçar a se casar com ela por esse motivo, me enoja, não gosto desse tipo de mulher que precisa fazer chantagem para conseguir o que quer.
No começo até tinha achado ela gostosa, mas agora vou ser forçado a fazer algo que não quero por culpa dela, então não começamos nada bem. O que salva é esse mapa de Gura, isso sim eu tenho certeza que será uma proposta muito lucrativa.
- Está bem! Mas já vou avisando que não vou parar de ter a minhas amantes!
- Sobre isso, eu gostaria que o contrato tivesse uma cláusula, que proibisse a intimidade forçada. Você jamais encostará em mim sem que eu permita, isso é uma lei e não um pedido! - falou, como se eu fosse um abusador, e já tenho as minhas amantes e putas à vontade, pra quê faria isso... eu hein... mulher esquisita.
- Sem problemas! Desde que não se meta nas minhas fodas, tudo bem! - disse, mas já me arrependendo da loucura que eu me meteria.
Isadora é uma moça linda, tem um corpo saliente, não é magra, nem gorda, tem umas coxas grossas, uma cintura fina, e uma bunda... "caralho, que bunda gostosa!" Penso.
- Ei! Quer parar de olhar para a minha bunda! Eu vi, hein! Aquieta esse negócio aí no meio das pernas, que não tenho intenção nenhuma em usar! - falou irritadiça, e preferi nem responder...
Peguei o meu celular, e liguei para o meu advogado.
- Preciso que venha agora mesmo para o meu escritório! Preciso que redija um contrato de casamento.
- Agora, chefe?
- Agora, vamos!
- Tá! Já chego aí! - respondeu.
Fiquei com ela no meu escritório, e ela ficou falando de todas as coisas que aconteceu enquanto estava na sua casa, e eu decidi que preciso dar um jeito logo nesse Apolo , pois ele me trará muitos problemas, ele já sabe do mapa e virá atrás delas, então preciso cortar o mal pela raiz.
Quando o advogado chegou, fomos colocando para ele todos os quesitos que queríamos no documento.
Solicitei ao advogado que providenciasse documentos novos, para ambas, e liguei para um dos meus:
- Thomas! Tem ordens expressas para matar o Apolo! Vão agora mesmo para Atenas, e se certifique de que esteja morto! - pedi ao meu braço direito.
- Claro, chefe! Faz tempo que quero ver a boca daquele maldito, entupida de formigas.
- Não me desaponte! - olhei para a minha "noiva", que ironia...
.
- Isadora! Vou pedir a governanta que te acompanhe, e poderá tomar um banho, e descansar. Também levará algo para comer, e já vou colocar uma equipe a procura da sua irmã, só explique a governanta como ela é, que iremos encontrá-la.
- E, quanto ao contrato? - perguntou.
- Ficará pronto apenas amanhã, descanse por hoje - mostrei a saída e chamei a governanta, preciso de espaço! Acabei de fazer a merda do século, e preciso me recompor o quanto antes.