Apaixonado pelo Meu Quase Irmão
img img Apaixonado pelo Meu Quase Irmão img Capítulo 5 Revelações e Café
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Capítulo 6 O Limite img
Capítulo 7 POV Logan - Sufocado img
Capítulo 8 Propostas img
Capítulo 9 O Lado Sombrio img
Capítulo 10 Calma, Barbie! img
Capítulo 11 POV Logan - Mimadinho img
Capítulo 12 O Estrago img
Capítulo 13 Gire a Garrafa img
Capítulo 14 Lágrimas no Escuro img
Capítulo 15 Derretendo o Gelo img
Capítulo 16 POV Logan - Sentidos img
Capítulo 17 Tudo Diferente... ou Não img
Capítulo 18 POV Logan - Sensível img
Capítulo 19 Talvez Ele Não Seja Tão Ruim img
Capítulo 20 Professor Gatinho img
Capítulo 21 Ciúmes e Algodão-doce img
Capítulo 22 POV Logan - Irmãozinho img
Capítulo 23 Juntos pela Mentira img
Capítulo 24 Beijos e Altura img
Capítulo 25 POV Logan - Quero Você img
Capítulo 26 Pensamentos Obsessivos img
Capítulo 27 Presos na Tempestade img
Capítulo 28 Silver Springs img
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Capítulo 5 Revelações e Café

Peter

Logan e eu passamos a semana inteira em silêncio quando estávamos no mesmo ambiente. Nenhum olhar, nenhuma provocação, nada.

Por um momento, até considerei pedir desculpas. Mas toda vez que pensava nisso, lembrava das inúmeras vezes em que ele foi rude comigo sem motivo, como se a simples presença dele já fosse favor suficiente.

Então, engoli o orgulho.

Ou o arrependimento. Ou seja lá o que fosse aquilo. Logan, por outro lado... bom, ele parecia tão fechado quanto sempre. Mas dava pra perceber que havia alguma coisa diferente nos olhos dele. Um tipo de peso.

Cansaço. Talvez culpa? Difícil saber. Ele era uma fortaleza de muros altos - e, provavelmente, com coisa demais mal resolvida com o próprio pai pra simplesmente chegar e dizer "desculpa".

Liam insistiu em nos vermos. Eu queria, mas, ao mesmo tempo, tinha medo de ele ver algo que nem eu ainda enxergava. Não queria que ele ficasse absorvendo meus problemas, mas sumir não era uma opção. Entrei na videochamada assim mesmo, sem pensar muito. Liam atendeu com cara de sono e o quarto todo bagunçado no fundo.

"Até que enfim, estrela de Hollywood", ele disse, ajeitando os fones. "Já tava achando que tinha me trocado por algum influencer californiano."

"E se eu tivesse?"

"Te bloqueava por traição." Ele riu. "Fala aí. O que tá pegando?"

Demorei para responder. A tela piscava com a conexão ruim. Ou talvez fosse só a minha cabeça tentando formular uma resposta que não entregasse tudo de uma vez.

"Logan", falei, por fim.

"O novo irmão postiço?"

"Ele é insuportável. Do tipo que respira e o ambiente muda. Sabe quando você sente que vai surtar só de ouvir a voz da pessoa? É tipo... ele me trata como se eu fosse uma obrigação. Mas aí do nada aparece na cozinha, pega um pano de prato e age como se fosse normal. E eu não sei se quero socar ele ou..."

"... ou?"

"Ou socar ele mais forte ainda."

Liam estreitou os olhos. "Tá bom. Isso aí está estranho. Mas a gente volta nisso depois. Fez algum amigo, pelo menos?"

"Uma pessoa. A Lina."

"Hm."

"Ela é legal. Uma doida. Se meteu numa briga no primeiro dia e agora é tipo minha melhor amiga."

"Uma doida que virou tua melhor amiga em sete dias? Uau. A Califórnia acelera tudo, né?"

"Não começa."

"Não estou começando. Só... Estou aqui sozinho agora né!? Você aí, com seus cafés chiques e amigas radicais. Eu com o mesmo lanche frio e seco da cantina."

"A gente ainda é amigo, Liam."

"É. Eu sei." Ele sorriu, mas o sorriso não chegou nos olhos. "Só estou sendo chato. Saudade, só isso."

"Também estou."

A chamada caiu segundos depois, como se o universo estivesse com vergonha da nossa conversa. Fiquei encarando a tela preta. Sentindo falta da vida de antes, mas sem vontade de voltar. Só queria entender por que Logan me afetava tanto. Talvez conversar com Lina fosse o único jeito de não explodir.

Então fui ao gastro bar. Assim que entrei no lugar, reparei num piano enfeitando o salão e me perguntei se haveria música ao vivo. Antes que pudesse perguntar, vi Lina chegando. Acenava de longe, com aquele sorriso torto de sempre.

"Nossa, parece que não te vejo há semanas", ela disse, me puxando para um abraço.

"Nem parece que a gente se conhece há só uma", respondi, rindo com ela. Era estranho como nosso laço parecia velho, como se a gente se conhecesse há anos. "Então... o que aconteceu?"

"Basicamente, meus pais encontraram minhas conversas com a Anne."

A expressão dela era séria, mas o nome fez meu cérebro travar por um segundo.

"Espera. Anne? A menina que você socou o rosto?"

"Exatamente, meu amigo. A própria", respondeu, batucando os dedos na mesa, claramente nervosa.

"E o que tinha nessas mensagens pra você sumir desse jeito? Você não ameaçou ela, né?"

Ao ouvir minha pergunta, ela caiu na risada. Daquelas que vêm do fundo, com a mão no estômago e tudo.

"Vou te mostrar. Caso contrário, você não vai acreditar."

Ela me entregou o celular. E conforme fui rolando a tela, minha cabeça parecia prestes a explodir. Corações, apelidos, declarações, fotos sensuais... tudo ali, sem filtro.

"Eu nunca adivinharia esse plot twist. Sério. Mas se vocês se gostavam, por que bateu nela?"

"Todo ano ela dá aquela festa que até o pessoal da diretoria sabe. A festa do ano. Nunca tínhamos trocado mais do que 'oi', mas nesse dia, ela me puxou pro banheiro e... me beijou. Estava bêbada, claro. Mas depois disso a gente começou a ficar. Em todo canto. Só que ela nunca quis que ninguém soubesse. Você entende o motivo, né? Menina popular, família tradicional, imagem perfeita..."

"Meu Deus. Que história." Tomei um gole do café e senti o celular vibrar no bolso. Ignorei.

"E não parou por aí", ela continuou. "Depois de meses ficando comigo, ela continuava me hostilizando na frente dos outros. E como eu era uma idiota apaixonada, aceitei. Mas um dia... ela passou dos limites." Ela respirou fundo. A voz estava firme, mas os olhos diziam outra coisa. "Eu estava passando perto do grupinho dela e começaram a fazer piada. As de sempre. Só que dessa vez, falaram do meu irmão. E eu não admito isso. Olhei pra ela... e ela estava rindo. Rindo como se nada tivesse acontecido entre nós, como se fosse engraçado. Eu não pensei. Só fui lá e... pá. Um soco bem no meio daquela cara sonsa."

Apesar do sorriso que ela esboçava ao contar, tinha tristeza ali. Não da situação em si, mas da decepção. Do sentimento que ainda doía.

"Eu sinto muito que isso tenha acontecido", falei, segurando a mão dela sobre a mesa. "Imagino que você não queria que chegasse a esse ponto."

"Obrigada. Está tudo bem." Ela forçou um sorriso, daqueles que a gente dá só pra não parecer que está desmoronando.

"Quer jantar lá em casa hoje?", perguntei, meio em desespero. "Eu não vou sobreviver a mais um jantar de família hiper constrangedor."

Ela riu e, por sorte, aceitou. E por mais que fosse só um jantar comum, naquele momento, parecia exatamente o que eu precisava para não me sentir tão sozinho nesse lugar novo - ou tão perdido dentro de mim.

...

Quando chegamos, Mark e minha mãe, Sarah, estavam na sala. E Logan estava na cozinha. Fiquei surpreso ao vê-lo cozinhando, mas não me importei o suficiente para perguntar qual seria a ocasião especial. Só torci para não ser uma tentativa de envenenar toda a família.

"Boa noite", eu disse. "Tem algum problema se a Lina jantar com a gente?"

Logan olhou em minha direção, porém, não me respondeu.

"Não, claro que não", Mark respondeu e viu minha mãe, que assentiu positivamente.

Durante o jantar, que estava surpreendentemente bom, eu torci para que não surgisse alguma pergunta inconveniente; mas, no fundo, eu sabia que as chances eram enormes.

Então, quando estávamos quase terminando o macarrão à carbonara, Mark e minha mãe, Sarah, começaram a demonstrar um interesse repentino na Lina.

"Fico feliz que você tenha feito amigos tão rápido, Lina. Como está sendo o início do ano letivo?", minha mãe perguntou, olhando atentamente para a menina de cabelos rosa.

"Ah, acho que a mesma coisa. O Peter tem melhorado os dias", ela respondeu de maneira inocente, sem perceber que levaram sua resposta para um outro lado.

"Já estão tão próximos assim? Você é rápido, Peter", disse Mark, me notando corar imediatamente.

"O macarrão está delicioso, Logan", o desespero foi tanto, que a única forma que pensei de sair da situação era elogiando o prato que ele tinha feito.

"Ah, valeu", o outro respondeu, surpreso.

"Acho que o senhor entendeu errado, Sr. Mark", Lina respondeu, notando a expressão engraçada no rosto do mais velho. "Eu sou lésbica, e o Peter, bem... não sei ao certo, não perguntei."

Ao ouvir a resposta de Lina, Mark se engasgou com sua própria bebida, e Logan não conseguiu conter sua risada um tanto exagerada. Minha mãe se levantou imediatamente para ajudá-lo, e eu permaneci sentado em meu lugar, completamente estático com o macarrão pendurado no canto da boca.

Lina era assustadoramente sincera. E, por um momento, me peguei sorrindo, apesar do constrangimento.

Aquele caos, de alguma forma, parecia uma lufada de ar fresco. O silêncio que se instalou, a risada do Logan... tudo se misturou em uma nova e estranha atmosfera.

Enquanto minha mãe dava tapinhas nas costas de Mark, tentando acalmá-lo, meu olhar cruzou com o de

Logan. Ele ainda ria, mas a risada era diferente de tudo que já tinha ouvido. Não era zombeteira, nem cruel.

Era genuína. Era o som de alguém que, pela primeira vez desde que cheguei, parecia ter baixado a guarda.

Ele me encarou, os olhos escuros brilhando com um divertimento que me atingiu em cheio. E, naquele segundo, o ódio que eu sentia por ele se desfez, como se nunca tivesse existido. No lugar, uma nova e perigosa emoção tomou conta de mim. Uma curiosidade avassaladora e um calor que não tinha nada a ver com o molho do macarrão. Eu não sabia o que era, mas sabia que era o começo de um novo problema.

A Lina tinha razão sobre tudo. Eu não sabia ao certo o que eu era. Mas, de repente, olhando para o Logan, eu tive a nítida sensação de que estava prestes a descobrir.

                         

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