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A porta se fechou atrás dela com um clique seco.
O apartamento de Guilherme era silencioso e sofisticado - minimalista e grandioso ao mesmo tempo. O tipo de lugar onde tudo tem cheiro de novo, gosto de exclusividade e distância de qualquer coisa parecida com normalidade. Mas ali, naquele silêncio luxuoso, Giovana era o único elemento que destoava. E por isso, ele a desejava ainda mais.
Ela caminhou devagar pelo hall, os saltos marcando o piso frio. Observava os quadros nas paredes, os móveis de linhas retas, a prateleira com garrafas raras e taças de cristal. Tudo dizia "homem poderoso". Mas o olhar que a seguia dizia outra coisa: fome.
- Quer um vinho? - ele perguntou, a voz mais grave do que de costume.
- Não. - Ela virou-se para ele. - Eu quero você lúcido.
Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso. E excitado.
Sem dizer nada, caminhou até ela. Os olhos dela estavam fixos nos dele, desafiadores. Não havia espaço para dúvida, nem hesitação.
E então, se beijaram outra vez.
Mas não como da primeira vez.
Dessa vez, foi mais lento. Mais profundo. A boca dele explorava cada centímetro da dela com precisão, alternando entre a firmeza e a suavidade, como se estivesse descobrindo os limites que ainda não conhecia. As mãos dele desceram pelas costas dela com segurança, deslizando até a curva da cintura, puxando-a para si.
Ela se entregou, o corpo colado ao dele. A tensão que haviam acumulado durante dias explodiu entre as mãos, os beijos, as respirações ofegantes. Ele a ergueu com facilidade, como se fosse leve demais para o peso que carregava no olhar, e a levou até o quarto.
O quarto era escuro, com cortinas espessas, uma cama baixa de linho cinza e uma vista impressionante da cidade. Mas nada daquilo importava.
Ele a deitou com cuidado, mas os olhos diziam pressa. Giovana se apoiou nos cotovelos, observando-o tirar a camisa. O corpo dele era forte, definido sem exagero. Era o tipo de físico moldado por disciplina, não por vaidade.
Ela se despiu com a mesma confiança com que enfrentava os pesos do centro de treinamento. Peça por peça, deixando cair a proteção junto com o tecido. O sutiã caiu no chão, e os olhos dele percorreram cada centímetro da pele dela como se quisesse memorizar.
- Você é inacreditável - ele disse, quase num sussurro.
Ela puxou-o para si.
E então, tudo que era tensão virou desejo. Tudo que era distância virou toque. Os beijos desceram pelo pescoço, pelos ombros, pela curva dos seios. As mãos dele exploravam cada detalhe do corpo dela com reverência e desejo. Giovana arfava, os olhos semicerrados, os dedos cravados nos ombros dele.
- Não para - ela sussurrou.
Ele não parou.
As pernas dela se entrelaçaram na cintura dele. O calor entre os corpos aumentava a cada segundo, até que não havia mais espaço para separação - só um ritmo que os dois criavam juntos, entre gemidos abafados, respiração entrecortada e o som dos corpos colidindo como mar e rocha.
A primeira vez foi intensa, quase selvagem.
A segunda, lenta. Carregada de olhares e sorrisos curtos entre um toque e outro. Ele a fez rir. Ela o fez tremer. E quando finalmente adormeceram, os corpos ainda nus entre os lençóis amarrotados, havia paz no ar. Uma paz rara. Frágil.
E perigosa.
Giovana acordou antes dele, ainda envolta pelo perfume dele nos lençóis. Olhou para o teto por um tempo, pensando se aquilo era real. Se ela realmente estava ali, no apartamento de Guilherme Vasconcellos, depois de uma noite que pareceu arrancar as bordas do mundo.
Vestiu a camisa dele, enorme em seu corpo pequeno, e caminhou até a cozinha.
Encontrou uma garrafa de água na geladeira e a encostou no rosto para se acalmar. Ainda sentia o corpo latejando. Mas o que mais doía... era o coração. Porque ela sabia que algo ali ainda não estava completo. Não era só sexo. Não era só desejo. Era a sensação de que tinham cruzado uma linha invisível - e que agora não podiam mais voltar.
- Está fugindo? - a voz dele surgiu atrás, rouca e sonolenta.
Ela se virou com um sorriso suave.
- Pensando.
- Em quê?
- Em como você vai se comportar agora.
Ele se aproximou. Ainda nu, os cabelos bagunçados, a barba por fazer. Parecia um deus grego saído de um livro de fantasia.
- De um a dez... quanto você acha que eu sou previsível?
- Uns nove. Mas... - ela deslizou um dedo pelo peitoral dele. - Você me surpreendeu.
- E posso continuar te surpreendendo.
- Espero.
Eles se beijaram ali, na cozinha, como se o mundo estivesse suspenso.
Mas ele não estava.
Do lado de fora, Carla já tramava.
E logo, o que parecia um conto ardente prestes a virar amor... se veria mergulhado em armadilhas.